Lembrando-me da cena eu apenas desabei no chão, meu choro era sem lagrimas, mesmo em tamanho sofrimento eu olhei para minha mãe que parecia ainda estar dormindo, mas o feitiço de Cedric já havia sido desfeito, afinal ele tinha morrido.
Com meu corpo e mãos tremulas eu tentei usar meus poderes, que por sua vez não queriam funcionar. Naquele momento era como se um buraco tivesse sido feito no solo e me arrastado para o fundo dele. Eu não tinha mais esperanças, nem forças para nada. O que me restava eram as lembranças e meu profundo agradecimento ao Laca, por ter sido meu grande amor e meu salvador.
Levei minha mãe para a cama e acabei dormindo junto dela. Talvez pelo cansaço, demorei a pegar no sono, mas depois de uma hora remoendo a mesma cena em minha mente, eu logo adormeci.
Acordei no dia seguinte com medo dos anjos virem me procurar, mas ninguém apareceu, acho que eles não machucavam humanos. Minha mãe estava saudável e bem e não conseguia se lembrar de nada, o que me deixava um pouco menos depressiva, mas eu não podia falar disso com ela.
— Minha querida... Você está com olheiras... Tem dormido direito? — Murmurou me abraçando e fazendo carinho em minhas costas.
Meu olhar era quase sem vida, olhei para ela e apenas respondi de forma rápida e seca.
— Estou— Disse enquanto subia as escadas para meu quarto.
— Se precisar de mim... Estou por aqui. — Falou rapidamente indo em direção a cozinha.
Minha mãe sempre teve isso de bom, mesmo nos meus momentos mais sombrios, ela nunca se metia ou fazia perguntas, apenas me dava apoio moral, isso já me ajudava muito.
Eu passei todas as horas, dias, meses, pensando em como teria sido minha vida junto de Laca, num delírio idiota, mas foi uma das maneiras de poder aguentar a perda.
Nesse meio tempo, consegui me dar bem nos estudos da faculdade, e até mesmo fazer novos amigos. Mesmo que minha vida estivesse melhorando a cada dia, ainda assim sempre tinha um buraco do meu peito, e eu sabia bem a quem aquele lugar pertencia.
Um ano depois eu estava voltando do supermercado enquanto falava com minha mãe no telefone, quando que vi um homem familiar parado em frente a minha nova casa, era estranho, pois eu morava sozinha lá. Então, com certo receio desliguei a chamada de telefone e fui até ele com passos largos.
— Posso ajudá-lo? — Me curvei com as sacolas de compras indo para frente, quando o homem se virou meus olhos se arregalaram, eu apenas pronunciei palavras das quais eu não falava a muito tempo.
—L-Laca? — Murmurei deixando as sacolas caírem no chão, as frutas rolavam pelo chão, mas eu não me importava, eu só queria entender o que estava acontecendo, ele parecia o Laca, mas algumas coisas eram diferentes como a cor do cabelo que era castanho escuro e dos olhos que por sua vez eram esverdeados.
— Vejo que ainda lembra de mim... Humana. — Disse sorrindo e me encarando profundamente nos olhos.
— É... mesmo você? —Minha voz estava tremula.
Sem eu mesma perceber eu corri até ele o abraçando tão forte quanto podia, em meio ao abraço cai em lagrimas sobre os ombros de Laca.
— Ou...calma, esse corpo e sensível— Disse com uma voz divertida.
— Esse...corpo? — Falei me afastando dele confusa.
E então ele explicou que o sangue que eu tinha dado a ele foi o que o ajudou a fugir dos anjos, e ele não tinha como vir me encontrar, pois estava em forma de espírito, energia, eu não entendi bem, porém como estava nessa forma, ele precisava de tempo para achar um receptáculo decente para ele e que o aguentasse, e também soube que ele podia possuir corpos de pessoas que estavam mortas ou semi mortas, era uma coisa muito esquisita, ainda mais para mim que já tinha me acostumado com o normal novamente.
—Vejo que virou humana novamente... Imaginei que isso iria ocorrer. — balbuciou sorrindo.
— Espero que ainda me ame... — Disse fazendo um beicinho.
Aquela última fala dele só me fez querer socá-lo, mas me contive, por fim depois de tantos anos eu o beijei, pude sentir novamente os lábios que sempre foram tão bons e sedutores, mesmo que fosse outro corpo, as caricias, gestos, toques, tudo era igual, e mesmo que fosse uma pessoa morta ou em coma, sei lá mais o que, eu não me importava, afinal estava com ele, e isso era o que eu mais desejava.
Passamos meses felizes, e eu realmente espero que continue assim, afinal ele nunca foi de causar problemas mesmo, acabamos por morar juntos na mesma casa, o que era super divertido e ao mesmo tempo irritante.
E finalmente após anos eu me sentia completa novamente, por mais que tudo isso tenha acontecido por conta de uma descoberta desesperada, que no fim se provou ser justamente fatal.
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A Descoberta Fatal
FantasyDescrição/sinopse: Leandra e uma jovem mulher de vinte e cinco anos que está passando pelo seu pior momento na vida, descobriram que está com uma doença rara que compromete suas funções motoras e isso a deixa totalmente depressiva, pois o sonho dela...