7. A Sombra da Tempestade

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O mundo ainda estava em transição, mas o frio arrepiava sua pele

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O mundo ainda estava em transição, mas o frio arrepiava sua pele. Num piscar de olhos, Arthur estava em outra realidade. As pálpebras pesadas se ergueram, e ele se encontrou em meio a uma tempestade de ruínas. Sua visão tão nebulosa e surpresa, ampliando o horror, como se a orla da cidade tivesse sido atacada por uma fúria desenfreada da natureza.

As residências, efervescentes, tornaram-se grotescas com seus esqueletos emergindo do solo como lápides desordenadas, submersas por um mar violento e vingativo que arremessou seus restos para longe com um desprezo brutal. As nuvens cinzentas e pesadas se retorciam e se contorciam, formando padrões espiralados que pareciam sugados por uma força invisível no horizonte.

O rugido do mar, se tornava ameaçador, permeando os restos da cidade, com ondas que lambiam vorazmente a areia e os escombros. A cadência violenta das águas parecia bater em sincronia com o coração aterrorizado de Arthur.

Enquanto a cena penetrava em sua consciência, um frio gélido que sentia, deslizou por sua espinha. Era um medo intensamente real, uma presença que enrolava seu estômago com dedos fantasmagóricos. A cidade que ele conhecia e amava havia sido apagada do mapa, substituída por esta terra de destruição e desespero.

No meio dessa ruína, Arthur se encontrava em pé, mas apenas fisicamente. Sua mente girava pelo cenário de desesperança. Cada onda que arrebentava contra os destroços o empurrava mais para dentro da realidade amarga que havia se manifestado diante dele.

De repente, um som ensurdecedor e brutal rasgou a quietude sufocante, um barulho estrondoso que parecia vir das profundezas do oceano. O olhar de Arthur foi atraído para o mar, se alargando ao vislumbrar a monstruosidade que surgia do fundo. Uma onda, imensa e implacável, erguia-se diante dele como um titã despertado, seu cume alcançando alturas inimagináveis, escurecendo o céu com sua sombra opressiva.

Ele sentiu os músculos de seu corpo congelarem. Aquela era uma criatura primordial, um monstro carregando a fúria dos mares e a selvageria do tempo, pronta para dar o golpe final na cidade já desolada.

A onda gigante avançou, sua sombra engolindo tudo à sua frente. Com um estrondo apocalíptico, ela despencou, atingindo a terra com a fúria de mil tempestades. Tudo ao redor de Arthur foi varrido, consumido pela força do mar enfurecido. A última coisa que ele viu foi a parede de água, avançando em sua direção como a mandíbula de uma fera colossal.

E então, em um piscar de olhos, a escuridão o envolveu.

A consciência voltou a ele em uma enxurrada. Seus olhos se abrindo abruptamente para um novo amanhecer. O sol matinal o cumprimentou através da janela, a luz dourada enchendo seu quarto com uma calma desconcertante. Ele estava em sua cama, seco e seguro, o caos e a destruição apenas uma lembrança fugaz de um sonho horrível.

Por um instante, ele permaneceu imóvel, o coração batendo forte, enquanto inconscientemente, seus dedos apertavam firmemente a ampulheta, sua mente tentava entender o que tinha acontecido. O sonho, tão vívido e assustador, parecia ter se desvanecido, deixando apenas vestígios de medo em seu rastro. Mas, ao invés do alívio, uma sensação de inquietação persistiu. Orla dos Ventos, sua cidade amada, ainda parecia gritar por ele.

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