21. A Dívida da Guardiã

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A noite engolfava a aldeia, pelas sombras negras de casas carbonizadas e pelos clarões intermitentes das que ainda ardiam

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A noite engolfava a aldeia, pelas sombras negras de casas carbonizadas e pelos clarões intermitentes das que ainda ardiam. Enquanto a batalha se desenrolava, o fumo grosso das estruturas ainda em chamas entrelaçava-se com a névoa da noite, criando um véu etéreo que flutuava acima do cenário de destruição. Os Perpétunos, trajados em mantos que lhes permitiam mesclar-se à obscuridade, enfrentavam com tenacidade os guerreiros indígenas. Estes, embora sofrendo baixas e lutando entre os escombros de sua vida anterior, mantinham-se firmes e bravios na defesa.

No epicentro deste caos, onde o fogo ainda banhava algumas estruturas e onde outras já jaziam em cinzas, os combatentes discerniram a chegada de Mendes, Isadora e Kaimbe. Com um senso de urgência e proteção, eles teceram um corredor defensivo em meio à batalha.

Portando suas armas, o trio foi circundado por este bastião humano, que os escoltou com segurança até uma formação mais densa de guerreiros. No ponto crítico, homens e mulheres, conscientes do papel crucial que o filho da líder e seus acompanhantes desempenhavam, desaceleraram o combate. Era breve, mas suficiente para eles passarem.

Em movimento, Mendes observava Kaimbe. A muralha viva, com um olhar amedrontado, perscrutava o caos ao seu redor. Ele buscava alguém específico, e seu rosto só se suavizou quando encontrou sua mãe, Wai'ana.

— Kaimbe! — ela exclamou aliviada. — Pela misericórdia de Amana.

Ela deu um aceno preocupada enquanto Kaimbe, ainda ofegante, assentiu e respondeu:

— Preciso de você, mãe.

— Mal podemos nos ajudar. Estamos resistindo, mas eles são muitos e as armas deles, poderosas.

— Esqueça a luta por um momento, mãe! É Turi.

— O que tem ele? Turi está seguro, não está?

Com um alto som, semelhante ao de um gongo, o interrompeu. Todos os olhos se voltaram para a origem do barulho e viram que os Perpétunos tinham parado o ataque e se reagrupado. Entre eles, Eldric se colocava a frente. Firmemente, ele puxava seu cavalo negro enquanto seus olhos analisavam a multidão de indígenas à sua frente.

Ele levantou a mão, pedindo silêncio, e o campo de batalha ficou estranhamente calmo. Com a fumaça e os olhares tensos de ambos os lados, criou-se um terreno de expectativa e então ele começou:

— Índios da Floresta. É evidente que nossos métodos até agora não foram suficientes para convencê-los da gravidade da situação. Não queremos mais derramamento de sangue. Peço apenas alguns momentos de sua atenção.

Mendes mantinha o rifle apontado para o chão. Kaimbe apertou a lança, desconfiado, enquanto Isadora, com o arco e flecha à postos, permanecia alerta.

— Fale... Eldric — Wai'ana tomou a iniciativa, avançando sutilmente com seus protetores mantendo-se próximos. — E escolha suas palavras com cuidado.

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