Assim que Mendes e Kaimbe terminaram de arrumar as varas de pesca, ambos lançaram as linhas ao mar.
— Você já sabe o que vai fazer depois que isso acabar?
— Não... ainda não. Continuo tentando convencer Isadora de voltarmos juntos, mas ela continua insegura.
— Eu a entendo. Mas ela ainda pode mudar de ideia.
— A conhecendo bem, talvez não. Mas e você? O que vai fazer?
— Honestamente não faço ideia. Não sei se vou aguentar o luto. E esse passado podre da minha família me decepciona cada vez mais.
— Esses erros não são seus.
— Mas me sinto perturbado.
Diziam o que sentiam e acreditavam e, imersos no diálogo, quase não notaram as ondas que balançavam levemente o barco.
— Acabei de perceber que precisava disso... de um tempo, mesmo sabendo que é algo que nunca dura.
— Se conseguimos pegar algo bom hoje, fico satisfeito com a duração...
Uma onda mais forte perturbou o transporte, e sentindo um leve desconforto, Mendes olhou para o horizonte, vendo que as nuvens continuavam iguais.
— Sabem que estamos aqui?
— O casal? Não, não sabem. Mas esse é o mínimo que merecemos por aturá-los.
Após o dizer, a linha de Mendes recebeu um puxão.
— Olha só... peguei algo.
— Já?... Traz ele para nós.
— Parece ser grande.
A água estava subindo, e o barco movia-se mais notável. Mendes teve que se concentrar para manter o equilíbrio.
— O mar está ficando mais agitado — Kaimbe comentou.
— Sim, talvez uma tempestade pode estar se formando. — A água bateu contra o barco, jogando respingos em suas pernas, porém, ele continuou a puxar a linha. — Esse peixe está brigando muito.
Kaimbe não falou, fixando o oceano em um sério semblante. Outra onda os desequilibrou, jogando mais água salgada sobre eles. Mendes quase perdeu a vara, mas conseguiu segurá-la a tempo.
— Isso está ficando perigoso. — disse Kaimbe.
— Talvez devêssemos parar.
Não devendo mais ao tempo, a concordância os levou a libertarem o peixe e guardarem os equipamentos, evitando ceder as ondas que atacavam e o céu que ameaçava soprá-los dali para a aproximação de uma tempestade.
— Vamos nos abrigar antes que o tempo piore. — Mendes aconselhou.
Então os dois rumaram para a segurança da cabine. Do lado de dentro, sentindo o barco vivo.
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O relógio de areia
Novela Juvenil"O Relógio de Areia" é uma obra de fantasia dramática que conta, de forma linear, a história de Arthur Menezes, um protagonista que cresceu aprendendo a viver da pesca e da carpintaria naval em uma cidade pequena e culturalmente rica. Embora Arthur...