29 de setembro de 2023.
Sexta
Eu não aguento mais.
Sei que nunca me importei realmente, e que tudo feito por eles era inventado mas...Isso é real.
Duas pessoas morreram.
Como eles podem fazer piada de algo assim?!
Vidas. Ninguém conhece o significado dessa palavra?! É uma dádiva que foi dada aos seres humanos, e simplesmente não ligam para isso! Sabe, eu amo viver. Por mais que ela não vá com a minha cara as vezes, é uma coisa maravilhosa. Mas ninguém repara nisso por ser totalmente normal.
É só mais uma vida mesmo, porque não abrir a porra da boca e falar merda, certo?!
Eles não se importam porque não é a deles e nem a de uma pessoa próxima. Se não, sentiriam a mesma dor que sinto toda vez que aqueles vermes nojentos falam sobre isso na minha cara.
Mano, eu preciso muito bater em alguém.
Venho tentando descontar na dança, porém meu tornozelo não deixa.
Ele não dói enquanto em ando, somente arde um pouquinho quando faço muito esforço, o que é o caso da dança.
Eu tô quase entrando pro box.
Quase.
Minha vida ultimamente não tem sido muito boa. Esperava estar animada com o baile de primavera e a apresentação chegando, entretanto estou aqui.
Chorando enquanto tomo banho.
Se passaram 3 dias desde o "anúncio sentecialista" - como a escola inteira decidiu "marcar" esse dia "histórico" -, e em todos eles foi a mesma coisa: piadas, brincadeiras totalmente sem graça, pichações em meus objetos pessoais, tudo tendo ligação com a morte dos meus pais biológicos.
Não tenho uma lembrança muito clara deles, mas sei que me amavam muito. Eu sinto isso.
Me recordo perfeitamente do dia em que...
Foi em uma madrugada, sei que já passava das 2 horas da manhã porque tinha olhado o relógio antes de sair.
Estava todo mundo de pijama.
Meu pai tinha cabelos enrolados mas sua pele era clarinha, já mamãe possuía uma linda pele escura e cabelos crespos cheirosos. E uma bela barriga também.
A bolsa havia estourado.
Eu ria muito nos últimos bancos. Em vez do meu pai estar acalmando minha mãe, era totalmente o contrário. Papai parecia estar tendo um ataque e mamãe teve que o ajudar a respirar.
- Inspira...Isso...Expira no 2... 1,2, perfeito! Está indo bem amor, continua dirigindo.
Fizeram esse exercício por alguns minutos até papai conseguir falar novamente.
- Seu irmãozinho está vindo, querida. Ansiosa? Porque eu tô! Muito mesmo! - o sorriso quase rasgava sua cara.
- Posso escolher o nome? - perguntei, tendo a atenção dos dois voltada para mim.
Ele iria me responder, e eu sei que da sua boca sairia: "Mas vocês já não escolheram?" Ou "Claro querida, tudo menos Enzo" ou algo do tipo.
Não deu tempo.
Um caminhão entrou na estrada aonde a gente estava, e sairia todo mundo bem se ela não fosse a porra de uma mão única.
O hospital era na próxima rua.
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O Incrível Diário De Uma Quase Nerd
Ficção GeralGostam de um clichê? Bom, eu sim! Mas esse aqui foge das normas e das suas expectativas. Conforme as regras dos clichês, a nerd protagonista tem que ser inocente, fofinha, ingênua, sensível, carinhosa e empática, praticamente perfeita. Aquela pessoa...