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18 de novembro de 2029.

Domingo

Uau.

Nossa, eu realmente não sei como começar isso.

Faz tanto tempo...

É engraçado, ainda lembro da sensação de felicidade e entusiasmo toda vez que eu segurava uma caneta e abria esse caderno.

Por incrível que pareça, ele está intacto, acho que é a coisa mais preservada de todo o andar.

Oh, vocês não devem estar entedendo nada, certo? Então deixe-me resumir. Neste mesmo dia, a 6 anos, a minha casa pegou fogo.

Segundo os policiais e bombeiros, o incêndio originou-se de um curto circuito.

Mas esta com certeza não é a pior parte. A pior parte foi que a minha mãe estava no andar de baixo quando tudo isso começou, e acabou por inalar fumaça demais, falecendo logo em seguida.

Meu pai não estava em casa naquela noite: havia ficado no escritório para atender um cliente de última hora. Já a situação de minha mãe foi completamente diferente; terminara o ultimo caso da semana, e por isso resolveu tirar o resto do dia de folga.

Bem naquela noite.

Sendo bem sincera, eu quis morrer.

Mas eu sabia que se eu morresse, ele também morreria.

Nos falaram para arrumar outro lugar para viver e seguir em frente, já que "aquele lugar e ela ja era". E isso que eu acabei de escrever foi muito gentil comparado ao que nos disseram.

"Sinto muito, mas essas coisas acontecem, não é? Ela já morreu, não tem mais o que fazer. O jeito é comprar outra casa, conhecer uma coroa bonitinha e adota-la como sua nova mãe e esposa, certo?"

Tipo?

Isso lá é coisa para se dizer a duas pessoas que acabaram de perder alguém importante para elas? Por que, sim, ele apareceu dunada, agachou ao nosso lado e soltou essas "palavras confortantes" com um sorriso no rosto.

Deus, por favor, não me faz perder o resto da minha fé na humanidade.

De qualquer forma, compramos (na verdade eu comprei) um apartamento em um bairro próximo, aonde um terço dos psicólogos da região trabalham. Quem sabe assim eu convenceria meu pai de passar em um.

O que me leva a outro fator.

Olha, eu realmente não queria comparar as duas situações, mas acho que naquela altura do campeonato, meu cérebro nem me obedecia mais.

Foi pior do que a última vez.

Claro, o acidente de carro dos meus pais biológicos e futuro irmãozinho deixou uma cicatriz enorme no meu peito, uma que eu nunca consigui fechar totalmente. Mas, não sei, dessa vez as coisas pareceram piores.

Meu pai entrou em uma depressão profunda, ao ponto de não falar, comer ou andar direito.

Parecia morto.

E eu só... Só queira viver em paz, pelo menos uma vez.

Quando ele teve a primeira crise, eu entrei em desespero.

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