Capítulo 8

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Grace

Quando descemos do avião que era extremamente chique, nos separaram dizendo que iríamos cada uma em um carro e quando questionei, o homem me calou dizendo que estou fazendo hora extra na terra e deveria me calar, então depois de abraçar minha amiga fomos cada uma para um carro, quando entrei xingando vi o General sentado no carro e temi, na verdade ele me causa muito medo.

- Senhor eu... - falo, mas ele levanta o dedo e faz uma expressão de impaciência me calando.

Seguimos em completo silêncio e o frio desse lugar está me matando, afinal estou com um vestidinho que na verdade é só um pedaço pequeno de pano. Como eu queria poder colocar uma roupa decente.

Encosto minha cabeça no vidro do carro sonhando acordada com uma cama quente, um moletom, meias fofinhas, uma xícara de chocolate quente e um livro e só de imaginar posso sentir a sensação maravilhosa.

Quando o carro para e desço, fico deslumbrada com o tamanho do local, nunca em toda a minha vida vi uma estrutura tão grande e amedrontadora ao mesmo tempo e fico me perguntando o quanto de dinheiro esse povo tem para construir bordéis tão grandes e luxuosos assim.

O frio me tira do meu momento de fascínio com o local, me fazendo correr atrás dele que na verdade já está longe, indo em direção à porta e enquanto dou uma corridinha, olho para os lados e não vejo aqueles brutamontes que nos cercavam em Las Vegas.

Quando entro na casa, estou batendo os dentes e ele já entrou faz tempo e quando passo pela enorme porta, fico de queixo caído com a beleza do local.

- Uau, que lugar lindo! - penso alto demais dando um giro nos calcanhares vendo toda a beleza da enorme sala.

- Você está aqui para fazer companhia à minha filha. Vai depender de você se vive ou morre, ou melhor, vai depender dela. - Ele diz do alto da escada e fico surpresa com suas palavras.

- Então aqui não é um bordel? Eu não vou ser usada por ninguém? - pergunto e ele dá uma leve tombada com a cabeça.

- Não Grace, aqui não é um bordel. - diz e a pronúncia do meu nome saindo de sua boca ainda me causa calafrios.

- E a Charlotte? Onde ela está? - pergunto percebendo que ele está ficando impaciente com minhas perguntas.

- Ela está esperando minha filha se cansar de você e precisar de outro brinquedo. Quando você não puder mais servir a ela, trarei sua amiga. - diz e quase dei risada, afinal, como uma garotinha não gostaria de mim.

- Pois darei conta! - falo, tentando não demonstrar minha felicidade, diante de tanta sorte.

- Tahr, vem garota! - ele diz olhando para a sua direita e quando vejo um enorme animal indo até ele, ficando de pé apoiado nas patas traseiras, colocando as dianteiras no ombro do homem enorme que ele é, me sento no sofá atrás de mim quando tentei dar um passo para trás.

- Olha lá garota, o papai trouxe um brinquedinho novo! - ele diz e o animal vira o pescoço para mim desce do abraço dele e começa a descer vindo na minha direção, descendo as escadas lentamente e meu coração até erra as batidas.

Nem mesmo naquele lugar senti tanto medo como agora!

- Ela se chama Tânia, mas responde melhor por Tahr, não sinta tanto medo, assim perde a graça. Ela ama o medo que causa nas pessoas e não resiste em comê-las - ele diz descendo as escadas quando o bicho já está parado na minha frente me analisando enquanto me preparo para a morte.

- Gostou do brinquedo novo, Tahr? O papai disse que traria outra - ele diz e ela lambe a mão dele.

- Ou... Outra? - pergunto baixinho gaguejando.

- Ela tem ciúmes de mim, não deixa que mulheres fiquem muito tempo aqui em casa - diz me analisando e tenho medo de perguntar o que ela faz quando não quer mais a pessoa aqui, na casa deles.

- Senhor... - uma mulher aparece na sala chamando nossa atenção, menos a minha que não tirei meus olhos do animal.

- Calma Tahr... - ele diz chamando a atenção do animal que rosnou para a mulher, fazendo não só eu como ela também, dar um pulo de medo e se ela que parece trabalhar aqui tem medo, eu então estou morta.

Nunca pensei que eu morreria assim, de todas as mortes possíveis que já passaram pela minha cabeça, essa sem dúvidas é nova, nunca pensei que serviria de comida para um tigre.

- Anna, leve-a para o quarto de hóspedes - ele diz e a mulher arregala os olhos surpresa.

- De hóspedes senhor? Não seria o da Tânia? - ela pergunta com receio, mas parece tão surpresa que não conseguiu não perguntar.

- Sim, o quarto de hóspedes, mas siga o protocolo! - Ele diz se virando me dando as costas e o animal me analisa mais um pouco, se vira e vai com ele e só aí percebo que nem respirando eu estava.

- Vamos, não temos muito tempo - diz a mulher indo em direção às escadas e vou com ela, depois de respirar fundo.

Subo as escadas sentindo o cheiro da morte. É como se a qualquer momento aquele animal pudesse me matar e literalmente pode. Sinto minhas entranhas estremecerem de medo, pois sem dúvidas deve ser horrível morrer assim.

Passamos por um longo corredor escuro com várias portas escuras e no fim do corredor ela abre a maior porta e passando, ela tranca por dentro e só aí respiro aliviada.

- Esse quarto é...

- Sim, da Tânia. Agora vem logo antes que ela volte e queira entrar - ela diz impaciente, parece estar com medo, o que me causa ainda mais medo.

- Entre no chuveiro e se lave muito bem lavado! - diz ligando o chuveiro.

- Eu sei tomar banho, não precisa disso - falo esperando que ela saia, porém ela cruza os braços me encarando.

- Eu vou ficar aqui, são as regras. Tome banho anda, antes que ela venha e se irrite por estarmos aqui e não só você, como eu também vire o jantar dela!

O fato dela estar falando sério me faz tirar as roupas rapidamente, ela estende as mãos para eu entregar e assim eu faço, ficando nua na frente dela e vou para o chuveiro.
Ela joga minhas roupas e calcinha na banheira que mais parece uma piscina, de tão grande, joga um líquido que nem percebi que estava com ela e coloca fogo.

- Ei! Por que queimou?

- Suas roupas são sujas...

- Não são não e mesmo que fossem, era só você lavar!

- Você fala demais sabia? Menina...

- Grace, meu nome é Grace!

- Não importa, não quero saber seu nome...

- Se vou morar aqui você precisa saber meu nome!

- Você não vai morar aqui e não preciso perder meu tempo tentando gravar seu nome, logo nem me lembrarei mais de você. Enfim, o senhor Nureyev não gosta de sujeira, suas roupas são de precedência estrangeira por isso foram queimadas, nem sei porque ele te deu para a Tânia, ela não costuma comer qualquer coisa. Esteja sempre limpa. Sempre que ela sair do quarto tome banho - ela diz pegando a bucha e começa me esfregar e mesmo eu contestando, ela insiste rispidamente.

- Quando foi sua última menstruação?

- Semana passada...

- Ótimo!

- Pra quê tudo isso moça? O que me aguarda? Por favor me diz! - falo me sentindo exausta de tudo que está dentro de mim.

- Não perca seu tempo pensando nisso, logo tudo passará! - Ela diz terminando de me lavar, esfregando minha pele com força, lavando meus cabelos, depois me entrega a toalha e quando me seco ela verifica minhas unhas e até se tenho piolhos ela pergunta.

Apesar de ser menos agressivo do que era no bordel, me senti muito mal com tudo isso. Parece que não sou ninguém, não tenho valor nenhum e o medo deu lugar à tristeza.

- Pronto senhor! - ela diz no telefone do quarto.

- Vamos menina!


Vamos aonde? Fazer o quê?? 😕

O General da Máfia RussaOnde histórias criam vida. Descubra agora