IV - O Canto Dos Troféus

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Foi num período em que malfeitores incomuns não apareceram, nem mesmo Eivor ou Goldschmidt deram as caras para uma revanche, e o suspense não é um bom sinal.

A rotina de herói se tornou comum desde então, patrulhas tranquilas nas ruas, ocorrências fáceis de resolver. A cada dia sentia que havia perdido a oportunidade de demonstrar meu verdadeiro potencial, pois o CEO ainda estava irritado com a nossa equipe.

Por outro lado, as ocorrências que enfrentei não eram mal vistas pela população. O caso do Eivor foi considerado nos jornais um sucesso por eu ter impedido um alagamento, apesar dele ter fugido, aquele vídeo de ameaça também foi postado na internet sem que a S.H.A.R.K. tivesse conhecimento, e logo em seguida a mídia caiu em cima da Segurança Nacional também. Já o do Goldschmidt, por ter tido vítimas com ferimentos graves, é o qual eu fui mais criticado.

Ao público e comentaristas sou um produto de última geração, é isso que frustra o CEO. O que faço ou deixo de fazer recai sobre a S.H.A.R.K., trás dúvidas a investidores, mexe com a credibilidade da empresa.

Nada disso me impede de ser encontrado por aí e as pessoas demonstrarem sua gratidão e entusiasmo. Me comprimentam, tiram fotos... Isso não deveria fazer parte do meu trabalho mas não me atrapalha em nada, porque eu não costumo andar pelo centro movimentado de dia... As áreas mais afastadas são as mais perigosas e as que necessitam de mais da minha atenção.

No fim da tarde, um cara com o braço engessado me abordou, levava consigo uma pasta de documentos em mãos. De porte atlético e roupas despojadas de férias, me chamou como quem me conhecia.

- Opa! Herói Kalium! Tudo bom?

- Precisando de ajuda?

- Não tá lembrado de mim? A gente lutou junto contra aquele cara lá da represa!

Me lembrei então daqueles dois soldados, com tanto equipamento tático que eu não via seus rostos, de sobrenomes Anderson e Sovielli, porém sei que Anderson saiu ileso naquele dia, e levando em conta a tipóia do homem que me abordou saquei quem era.

- Ah! Sovielli, é você! Faz um tempo, né? Como vão as coisas?

- É, me chama de Jean! - Ergueu o braço ferido para enfatizar - Aquele desgraçado me deixou afastado até agora... Esses dias de recuperação são um saco. Mas tá tranquilo, só mais algumas semanas e eu volto a ativa.

- Que bom que você parece bem apesar de tudo, Jean.

- Claro, tirando o que tá ruim, tá bom! - Deu risada - E você? Andou lutando bastante contra super vilões?

- Ah, um pouco... Sim... Ainda bem que por enquanto não tem nada fora do normal.

- Ah sim, eu vi o seu caso do banco na TV... O cara que fugiu com o dinheiro...

- Nossa, aquilo foi total falha minha - Ri de nervoso esfregando a nuca do capacete - O cara fugiu na minha frente.

- Não acho que foi tão ruim assim... Eu tenho mesmo é que te agradecer, já você salvou minha família.

A ficha caiu, aquela pequena garotinha tinha as feições da mãe e a bravura do pai que é agente de segurança. Fiquei impressionado.

- Nossa, então...! - Surpreso apontei pra ele.

- É, hehe! - Acenou com a cabeça - Aquela parte a mídia não fala, né? Achei injusto da parte deles... A TV gosta de mostrar só a desgraça alheia - Agora balançou a cabeça em negação.

- Nem ligo pra isso, na real... Mas a Nicole e a tua esposa tão bem?

- Elas estão ótimas graças a você! Mas a minha Nick, nossa, ela te ama, cara! Só fala de você! Por isso te procurei.

Projeto EGR KaliumOnde histórias criam vida. Descubra agora