V - Super Sustentável (Parte 1)

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Essa podia ter sido a gota d'água, mas por incrível que pareça, não foi. A vez em que quase morri por causa de marketing desnecessário da S.H.A.R.K.

Não foi o suficiente para acabar com minha dignidade e nem com minha vida, afinal eu sou o único poço de paciência que sobrou do doutor Kaio. Mas como eu jurei que eles pagariam por isso um dia...

Sem me precipitar então, vou começar do início. De quando Kaio foi chamado para uma reunião sem mim ou a Denise.

- Ai, o que será que é dessa vez? - Ela resmungava girando na cadeira do Kaio ansiosa.

- Eu não faço ideia, normalmente eu não fico de fora - Respondi de braços cruzados e apoiado na parede, não estava de armadura ainda, estava com as roupas de "ficar em casa".

- Bem-vindo ao clube dos excluídos...

- Ah, você não é excluída... É só que o CEO faz questão de me chamar geralmente... Não que minha opinião seja tão relevante para eles...

- Carecas como ele só dão atenção à orgânicos. Você sabe, de carbono pra carbono - Ela zombou.

- Rsrs Sei... Só se for da celulose - Esfreguei os dedos, num gesto sobre o dinheiro, pois caras como ele não dão ouvidos nem pra própria família se não tiverem algum tipo de lucro.

- Ah é... Se não fez ele trocar o carro do ano, ele nem te enxerga... Enfim, excluídos.

- Vai por mim, não vai querer uma conversa longa com aquele cara, uma hora a luz vai refletir naquela cabeça e vai te cegar.

- Aaaah hahahaha! Você não existe! Hahahaha! - Ela riu bastante disso, de se inclinar na cadeira enquanto batia na própria perna, e eu gostei de vê-la feliz assim, radiante com uma besteira que eu disse. Porém a cadeira do Kaio não estava muito segura e ela começou a tombar - Ai!!

Consegui, num passo, ajudá-la a não se machucar, segurei seu braço, mas não salvei a cadeira que fez um barulhão ao cair no piso.

- Eita, cuidado...

- É o karma por a gente ter rido da calvície.

- Achei que o karma viria com entradas.

- Hahaha você é pior que o Kaio... - Ela se abaixou pra erguer a cadeira, mas algo na bagunça lhe chamou a atenção.

Denise ficou encarando algo por uns segundos, eu não soube adivinhar se aquilo era bom ou ruim. Ela pegou o que a intrigava, e cabia bem em sua mão.

- O que foi?

Me aproximei curioso, e quem diria, Kaio vão havia recolhido todos seus amuletos daquela noite, sobrou um pequeno terço que a engenheira experimentava entre os dedos, admirando com um ar nostálgico tão forte que aquela nossa piada foi esquecida. Não era de assunto meu aquele terço, eu só a encarei alí, até ela dizer.

- Eu quase me esqueci... Desse lado do doutor Kaio...

- Uhum...

- Aliás, já faz tempo que ele não...

Parece até que o Kaio se teleporta para perto de quem fala dele, pois é incrível como em momentos assim são os que ele geralmente aparece, e dessa vez não foi diferente.

Entrou abruptamente e isso até nos assustou. Mas ele também ficou surpreso, com seu cigarro aceso entre os dentes, ao ver a cena: sua cadeira caída e nós dois de joelhos. E acabou perguntando.

- Quê que tá acontecendo?

- Ah-ah sua cadeira me derrubou no chão! Ela é muito ruim, pede pro CEO arranjar outra! - Denise disse vermelha.

Projeto EGR KaliumOnde histórias criam vida. Descubra agora