VI - Interlúdio: Oblívio

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Este é um capítulo de interlúdio, ou seja, a narrativa de Kalium é quebrada para apresentarmos uma história importante acontecendo em paralelo.

A confusão, a explosão que chegou a danificar alguns prédios ao redor, deixou a cidade apavorada, apesar de não ter deixado mais feridos do que aquelas vítimas do Marlon, e a pior parte é que misteriosamente nenhuma mídia foi capaz de cobrir essa notícia.

Alguns pensaram que foi um atentado terrorista, outros que foi um experimento bélico secreto do governo, e tem uns que culpam a S.H.A.R.K. afinal toda essa confusão ocorreu na mesma rua da sede principal, e não se pode negar que o escândalo ambiental continua em processo de investigação.

O Código Oblívio não consiste em apenas danificar as filmagens no ato, também tem todo um sistema de compra de silêncios das testemunhas, mas essa é a parte que o próprio CEO cuida.

Tem uma certa pessoa cujo seu silêncio jamais será comprado, como a jornalista que tentou pegar respostas com o herói, bem antes do incidente com o exoesqueleto de Marlon.

Lana estava alavancando sua carreira nos noticiários, tem sede de sucesso e corre atrás de seus objetivos como uma predadora nata. Precavida como nenhum outro repórter naquela aglomeração jamais foi, ela carregava consigo uma raridade dos tempos atuais: uma máquina fotográfica analógica.

O misturador de sinais da engenheira Denise não deteve as fotos que furtivamente foram tiradas do Kalium preso ao grande robô de planta. Pois então ela correu para revelá-las em seu quarto escuro improvisado no apartamento onde mora, para enfim mandar a sua chefe.

- Toma! Olha o que eu consegui! - Lana lançou as fotos na mesa da diretora do jornal, tão forte e enérgica como se tivesse jogando truco - Pode despedir os outros idiotas que não te trouxeram nenhum material daquele ataque! Eu tenho aqui, não só imagens exclusivas do novo vilão de planta, como também tenho a identidade revelada do suposto herói sustentável da S.H.A.R.K!

A diretora observa bem as fotos, porém com desdém e má fé. Foram tiradas umas 12, a maioria parecia repetida, a diferença entre eles eram os borrões. Sim, estavam todas de alguma forma borradas, Lana possui essa máquina fotográfica como um plano B, mas não significa que seja tão boa com ela. Enfim a chefe lhe responde com tédio na voz.

- Uhum... Sei... Elas não servem...

- Como assim "não servem"? Olha direito!! Me autoriza uma equipe de edição de imagens pra gente remasterizar essas- - Interrompida.

- Não trabalhamos com manipulação de informações aqui na agência! Se suas fotos não são claras, seu furo não é confiável, tá me ouvindo? E olha pra isso! Tem uma mancha no rosto dele, sua lente está danificada!

- Não é uma mancha! Ele estava com um ferimento no rosto, mas ainda sim, dá pra ver quem é!

- Então piorou! Quer expor uma imagem violenta dessas num jornal que deveria ser para a família toda ver? Quer traumatizar nossa audiência?

- Eu não acredito que você está negando esse banquete que te entrego! Vamos aproveitar que nem as redes sociais e nem as outras emissoras estão cobrindo esse caso! Seremos os primeiros!

- Ou que tal se, aproveitarmos que ninguém está falando disso, e não falarmos merda nenhuma...?

Lana sente o cheiro da chantagem de longe, sua diretora jamais iria se conter diante de uma oportunidade dessas, ela era para ser uma investigadora sem escrúpulos, mas algo parece errado.

- Você tá na folha de pagamento da S.H.A.R.K., não é? - Lana questiona, a diretora não muda seu olhar de indiferença e soberania, mas também se mantém calada - Eu sabia...

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