Capítulo 7

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Eu estava confuso, confesso.

Quando acordei um dia depois, não conseguia acreditar que tudo aquilo tinha acontecido. Eu só podia estar delirando, certo?

Quando fui pra terapia, duas horas depois, contei a Steve, meu psicólogo.

Disse que eu precisava manter meus pés no chão, mas devia encarar a situação de braços abertos. Como uma nova oportunidade, uma nova chance.

— Você é impulsivo, Steve — ele disse, calmo como sempre — e, um pouco inconsequente. — fiz uma careta — Você precisa manter a razão e a emoção equilibrados. Tanto pro bem do que vocês estão tentando quanto pro individual. Vocês ja conversaram sobre o tempo que ela ficou longe?

— Não. Só eu expus o meu passado, Natasha é... Ela é um pouco fechada. Talvez ainda precise de tempo, não sei. — dei de ombros.

— Você também é fechado, Steve. Muito fechado. — ele me decifrava com tanta naturalidade que eu me perguntava como não conseguia ter percebido antes — Você acha que é aberto porque tem facilidade de se abrir com quem tem intimidade. Mas continua sendo uma pessoa fechada. Vocês vão se ver hoje, não é?

— Sim, daqui uma hora, pra sessão de fotos.

— Vai ser o modelo particular dela? — joguei uma almofada em seu rosto, que riu. Há muito ele tinha deixado de ser apensas meu psicólogo; era meu amigo também. — Vá dizer que não gosta.

— Nunca passei a experiência. — dei de ombros.

— Mentiroso. — eu ri, mas não comentei nada — Você já está completamente apaixonado por ela. De novo.

— Eu nunca deixei de estar. — comentei, passando as mãos pelos meus dedos, um pouco nervoso. Eu tinha medo. Não só dela fazer alguma coisa, mas dela perceber que não precisa de mim. Dela achar que a vida dela sem mim é bem melhor do que comigo.

— Eu sei. Já te acompanho a algum tempo. Você nunca deixou de estar, realmente, mas agora tem o brilho nos olhos. Aventure-se, Steve. Vocês já passaram por muita coisa. Agora estão mais maduros e se realmente quiserem ficar juntos, vai ser um relacionamento mais forte do que jamais foi. E, veja só você mesmo, desde que ela voltou e vocês conversaram, não se sente melhor? Mais leve? Mais feliz?

— Bem — encostei meu ombro no sofa e ele sorriu — eu juro que quando você sorri assim, todo convencido, me dá vontade de quebrar seus dentes perfeitos.

Ele gargalhou.

— Mas, sim. Eu me sinto melhor. Óbvio que ainda dói às vezes, por causa do tempo que ficamos separados ou pelo que pode acontecer, mas eu me sinto diferente, como se pudesse voar a qualquer momento.

— Bem vindo novamente ao mundo dos apaixonados correspondidos. O garanhão está de volta a pista!

— Cala a boca, Steve. — ri e me levantei. Tinha dado a hora. — Te mando mensagem quando acabar.

— Você não quer que acabe. — ele ergueu a sobrancelha e eu revirei os olhos — Estarei esperando!

Fechei a porta e me preparei mentalmente pra vê-la de novo. Eu sabia que estava me comportando igual a um adolescente, mas...

Eu não conseguia evitar.

Não quando ela prestava tanta atenção em mim enquanto me fotografava, pelos cantos da livraria.

Eu não precisava daquele momento de começar a me sentir a vontade perto dela; Natasha tornava tudo natural. Até as piadinhas que ela fazia, as gracinhas que soltava, que ela se sentia obrigada a tirar uma foto minha espontânea.

You're Losing MeOnde histórias criam vida. Descubra agora