Capítulo 10

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Depois que Wanda se acalmou, coloquei a mala dela no quarto e ela foi fazer chá.

Eu teria muita coisa pra pensar essa noite e muita coisa pra resolver na terapia, em como não me afundar na culpa sobre ela, mas... Daria certo. Não está tudo bem agora, mas vai ficar.

— Você sabe aonde tem que ir, não é? — ela disse pra mim enquanto colocava chá na xícara.

— No psicólogo?

— Também. Não tá lembrando? Da nossa tradição? — ela arqueou a sobrancelha e eu entendi.

— Ah. — ri, coçando a nuca — Tinha esquecido.

— Pois agora que lembrou, vá comprar chocolate. Você errou, você faz o pedido de desculpas completo. — Wanda sorriu e eu revirei os olhos — Vai.

— Já tô indo, pirralha. — peguei as chaves do carro, porque milagrosamente essa eu tinha colocado no lugar certo, e abri a porta.

— Pirralha é o seu...

— Olha a língua. — a cortei e ela me mostrou o dedo do meio — Vou contar pro seu pai!

— Idiota!

Fechei a porta e ri. No entanto, meu sorriso logo morreu, vendo a porta da frente fechada. Como será que ela estava? Ela não tinha me mandado nenhuma mensagem. Nada.

Dei um passo determinado a ir até lá, pelo menos pra ver como Natasha estava ou se queria distrair indo no supermercado comigo.

Mas me contive no meio do caminho.

Ela também precisava de espaço. E, pouco a pouco, eu ia aprendendo que às vezes as pessoas precisavam ficar sozinhas, ainda que estivessem sofrendo; ainda que eu quisesse dar consolo à ela.

Primeiro, eu tinha que ser o porto seguro da minha irmã.

Fui de escada, pra não correr o risco da falta de movimento que o elevador proporciona me fizesse clicar no botão pra subir e eu parasse na casa dela.

Abri a porta do carro e bati minha cabeça no volante. Não surta agora, Steve, não surta!

Levantei a cabeça e liguei o carro. O supermercado não ficava longe, mas estava cheio. Mandei uma mensagem pra Wanda dizendo que tinha chance de demorar, mas ela não recebeu. Deve estar tirando um tempo pra pensar.

Só não sabia que tempo era esse que ela precisou até sair de casa.

Quando voltei, quase uma hora depois — acabei comprando outras coisas também, como um vinho —, minha irmã não estava em casa. Não recebia mensagem. E não atendia o celular.

Wanda não conhecia a cidade. Ela já veio algumas vezes, sabia de algumas coisas, mas não era tudo. Aonde ela tinha se metido?

Droga!

Estava começando a ficar desesperado. A sensação foi tão grande que procurei a única pessoa que estava perto de mim, sabia lidar com meu desespero, mas infelizmente, minha expectativa dela me ajudar a saber onde está minha irmã é nula.

— Ei, Nat. Me desculpa vir aqui do nada e essas coisas, mas minha irmã sumiu e eu não tenho ideia de onde ela está, eu saí pra comprar chocolate e... Wanda? — falei rápido e parei no meio da fala. O que minha irmã estava fazendo ali?

— Nós estávamos conversando. — Natasha responde dando de ombros e Wanda ergue a sobrancelha. Uma hora atrás elas estavam quase declarando guerra e agora estavam juntas no mesmo ambiente sem se matarem?Quanto tempo eu fiquei fora? — E agora ela está me ajudando a arrumar minhas estantes.

You're Losing MeOnde histórias criam vida. Descubra agora