As coisas que não podemos dizer

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E a festinha do pijama - sem pijama - continua...

BOAAAAA LEITURAAAAA

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Ver Lexa usando seus óculos era ainda melhor do que eu esperava. Enquanto ela estava em sua poltrona, fazendo a minha vontade, lendo seu livro, eu estava no chão próximo a seus pés com as pernas cruzadas. Peguei uma manta enquanto o fogo crepitava e abri um livro que tinha escolhido em sua estante: As Coisas Que Não Podemos Dizer. Embora ficção histórica não fosse a minha praia, eu queria passar esse tempo tranquilo com ela, juntando-me a ela em um de seus hobbies favoritos. Sempre fantasiei sobre esse momento.

Estava ficando tarde. Eu sabia que essa noite acabaria rapidinho, mas queria aproveitar cada segundo dela.

— Você pode me contar a sua história, Lexa?

Ela retirou os óculos.

— Minha história...

— Sim. Lembra que te contei a minha? Você pode me contar a sua em terceira pessoa?

Eu sabia que era um pedido difícil. Mas, se não fosse esta noite, quando eu teria a chance de ouvi-la? Meu peito apertou diante daquele pensamento.

Lexa fechou seu livro.

— Pensei que esta noite deveria ser divertida...

Balancei a cabeça.

— Você não precisa contar, se não quiser. Não quero te chatear nem estragar o seu humor. Mas eu adoraria saber mais sobre a Temperamental. Você só me contou alguns pedaços, e eu quero saber de tudo.

Para minha surpresa, ela deixou o livro de lado e se levantou da poltrona.

— Acho que vou precisar de vinho, então.

Minhas esperanças aumentaram. Lexa acabou de concordar?

— Francamente, estou surpresa por termos chegado até aqui sem vinho — provoquei.

A morena foi até a cozinha, retornando com uma garrafa de vinho tinto e duas taças.

— Você é a única pessoa capaz de me convencer a isso, sabia? — Ela suspirou. — Vai ter que me dar um desconto, porque não sei se consigo contar a minha história com a mesma desenvoltura que você contou a sua. Talvez eu faça muito mais pausas.

— Por mim, está perfeitamente bem. — Sorri. — Não há regras.

Alexandra acomodou-se na poltrona, e, mais uma vez, sentei-me aos seus pés.

— Ok... — Ela tomou um longo gole de vinho antes de começar. — Então... Alexandra Woods era a filha mais velha de três bebês, nascidos de Alexander e Mona Woods . Sua infância foi bem tranquila. Não houve nada particularmente ruim ou traumático, coisa pela qual ela é grata. Sua vida em Catskills (New Paltz, Nova York, para ser exato) foi bem privilegiada. Sua família era rica, e Lexa nunca precisou pedir por mais nada. Mas seu pai não era amoroso e trabalhava constantemente. E mesmo que sua mãe tenha feito o melhor que pôde para manter a família unida, ela parecia viver com medo de seu marido. Mona sempre fazia tudo que Alexander queria, mesmo algo que fosse contra seu bom senso. Ela não parecia ter uma mente própria ou força de vontade. Lexa era próximo de seus irmãos, Mitch e Stephen. Os três sempre se apoiavam, ou, pelo menos, era o que Lexa pensava na época.

Ela pausou por um momento, parecendo ponderar o que dizer em seguida. Esperei até finalmente continuar.

— Lexa teve uma namorada durante o ensino médio, mas ela partiu seu coração ao terminar o relacionamento pouco tempo antes das duas irem para faculdades diferentes. Lexa queria um novo começo em Syracuse e não queria que nenhuma das duas se sentisse presa. Foi provavelmente a decisão mais madura que ela já havia tomado na vida, embora Kayla nunca a tenha perdoado por isso. Kayla entrou em depressão e, eventualmente, começou a tomar remédios. Ela ligava para Lexa de sua faculdade na Pensilvânia em um transe induzido por drogas, xingando bastante e culpando-a por sua depressão. Graças a Deus, ela acabou se recuperando após a faculdade. Mas Lexa sempre se culparia pelos anos em que ela ficou viciada em drogas. Se algo tivesse acontecido com ela, Alexandra nunca teria se perdoado.

L. WoodsOnde histórias criam vida. Descubra agora