14|Beco do Batman

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O resto da festa foi incrível. Eu me senti realmente livre pela primeira vez na minha vida. Como se não fosse necessário apenas a distância do meu pai. Eu precisava entender que estou livre para fazer o que tenho vontade. Sei que ainda tenho muitas questões para resolver. Mas, por essa noite, quero apenas aproveitar o momento. Amanhã eu penso no caos que gosto de chamar de vida.

Quando estava perto das dez horas da noite, Mariana me chamou para ir embora, amanhã cedo marcamos tomar café da manhã com a cunhada e os sobrinhos dela. Mas Giovani disse que me levaria mais tarde. Que antes queria me levar em um lugar. Ela aceitou, mesmo relutante, e ainda deu carona para Vidal. O que fez Kaiky fechar a cara. Mas bastou um sorriso de Mariana para ele perder a postura. Me sinto em uma novela vendo os dois juntos. Na verdade minha vida parece que se tornou uma novela.

— Tá me levando para um matagal onde vai me matar e desovar o corpo? — pergunto fazendo Giovani rir.

— Acho que de nós dois você é a mais provável a matar alguém.

Olho indignada para ele.

— Que calúnia! Eu sou a pessoa mais calma da face da Terra Giovani Henrique! — minha afirmação faz ele rir ainda mais.

— Vou te levar para um dos lugares que fizeram eu me apaixonar por São Paulo — ele olha de relance para mim — Já conheceu o Beco do Batman?

O Beco do Batman é uma galeria de arte a céu aberto com seus muros repletos de grafites. Apesar da minha enorme curiosidade em conhecer, nunca fui até lá.

— Ainda não.

— Então se prepare para uma belíssima demonstração de arte gatinha — pisca para mim.

Se ele soubesse o quanto meu coração acelera cada vez que ele pisca para mim ou me chama de gatinha. Evitaria fazer isso para não causar um problema sério no meu coração. É humanamente impossível ser saudável, um coração acelerar tanto em questão de segundos.

Quando chegamos na Vila Madalena os relógios já marcavam que passavam das dez horas. Assim que descemos do carro, Giovani entrelaçou nossos dedos me guiando até o famoso Beco do Batman.

Apesar da hora, ainda tinha uma quantidade considerável de pessoas admirando os muros repletos de obras incríveis. Não me lembro da última vez em que uma obra de arte me deixou tão entusiasmada quanto esses grafites. É incrível o talento estampado nessas obras. Sinto orgulho em saber que foram artistas brasileiros que os fizeram. E lisonjeada por poder ver tais maravilhas.

— Gostou, gatinha? — Giovani pergunta apoiando a cabeça em meu ombro enquanto me abraça por trás.

— É tudo tão perfeito! — exclamo colocando minha mão sobre a dele em minha barriga.

O calor exalado do corpo dele me faz relembrar o frio que estou sentindo pelo clima outonal de São Paulo.

— Sua mão tá gelada — ele comenta segurando a mão que antes estava sobre a dele — Você toda está gelada na verdade. Está com frio?

— Estou bem. Minha mão tá sempre gelada — minto me virando para ele.

— Você é uma péssima mentirosa — fala tirando sua jaqueta — Nem pense em negar! Mariana me mata de descobrir que te deixei passar frio.

— Tá me oferecendo sua jaqueta por medo da Mari? — pergunto vestindo a jaqueta.

— Estaria enganando a mim mesmo caso dissesse que é por isso. Eu me mataria se você ficasse doente porque te deixei passar frio — sorri segurando meu rosto com as duas mãos.

— Tá perdendo a pose de bandido gatinho? — pergunto abraçando ele pela cintura.

— Acho que perdi ela no dia em que te conheci! — responde antes de me beijar.

I Hate You - Giovani Henrique Onde histórias criam vida. Descubra agora