07|Brasil x República Dominicana

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O clima da preparação para o jogo contra a República Dominicana era de tensão. Precisamos vencer para garantir uma classificação mais tranquila para o mata a mata. Nos dois dias seguintes ao meu desentendimento com meu pai, mal tive contato com ele. Evitei Jennifer também. O tempo em que não estava assistindo aos treinos, estava com Giovani, Kevin ou Ana, namorada de Kevin. Andrey e eu também tivemos pouco contato, ele estava bem tenso com o jogo. Com medo de não ser um bom capitão.

— Qual a chance do seu pai me dar um chá de banco hoje? — Giovani sussurra no meu ouvido enquanto estamos entrando no estádio onde ocorrerá o jogo.

Os meninos lá da frente estão com uma caixinha de som tocando a música Os Cachorrão Chegou.

— Eu diria que é grande. Ainda mais se ele te viu tão perto de mim — respondo brincando com a barra do meu casaco tentando disfarçar o quão arrepiada fiquei.

— Você só me mete em problema garota! — acusa rindo.

— Eu não te meto em problema nenhum. Você que é metido e não me deixa em paz — cruzo os braços ofendida e paro na frente dele.

— Você não parece que quer que eu te deixe em paz! — fala tirando uma mecha de cabelo do me rosto.

Uso todo o meu alto controle para não cair no papinho dele. Isso tem grandes chances de dar merda caso eu decida ceder.

— Olha aqui garoto. Eu nunca mais vou beijar você, tá bom? A gente junto é sinônimo de problema! Então não importa o quanto os flashbacks daquela noite me atormentem. Eu não vou ceder. E eu juro que nunca mais vou correr atrás de um jogador de futebol de novo! Entendeu?! — pergunto olhando séria para ele.

— Não vai ser um problema para mim gatinha! — pisca e desvia de mim para voltar a andar — E pode deixar que eu corro atrás de você!

Fico parada estática digerindo o que ele acabou de dizer. Esse garoto vai ser minha ruína. Eu sinto que vai.

— Tá parada igual um dois de paus por quê? — ouço Ana Luiza perguntando.

— Tava esperando você coração! — respondo enganchando meu braço no dela e voltando a caminhar na direção da entrada do estádio.

Todos os membros da comissão técnica e jogadores já haviam entrado há aparentemente algum tempo. A fila para entrar não estava tão longa. Em menos de vinte minutos já estávamos dentro do estádio.

— Aí posso te perguntar uma coisa? — ela pede e eu me limito a balançar a cabeça afirmativamente — O que tá rolando entre você e o Giovani?

Olho para ela atônita. Não esperava que ela dentre todas as pessoas que me faria essa pergunta. Eu não sei responder. Sinto que algo mudou entre nós desde que resolvemos dar uma trégua. Mas não sei explicar o que mudou. É diferente da atração que eu sentia por Marlon. E os flashes da noite em que nos conhecemos tem me atormentado cada vez mais. Às vezes em sonhos, e às vezes quando estou acordada.

— Eu acho que estamos virando amigos — respondo com a voz trêmula.

— Não é só isso, Nanda. Eu vejo o jeito que vocês se olham. Até as brigas de vocês mudaram. Parece mais flerte do que briga! E segundo o Kevin vocês deram uma trégua. Mas foi depois do jogo contra a Itália que algo realmente mudou. Apesar dele já ter notado os olhares antes disso.

— Porra o Kevin é mesmo um baita boca de sacola né? Meu pai amado! — tento fugir do assunto, mas basta um olhar de Ana para eu ficar quieta — Eu não sei, tá bom? Eu ainda quero socar a cara dele, mas eu também sinto que algo mudou!

— E isso é bom? — pergunta.

— É péssimo Ana Luiza! Meu pai mata ele se descobre! E não precisa nem rolar nada pra isso. Meu pai é muito superprotetor. Eu tive que mentir pra ele domingo pro Giovani não levar a culpa do meu sumiço!

I Hate You - Giovani Henrique Onde histórias criam vida. Descubra agora