XIII

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Eu não gostava que comessem no meu carro.

Era anti higiênico.

Imagina o tanto de migalhas que ele deve acumular.

Bom, era uma regra que ninguém poderia comer nos meus bancos de couro amarelo.

Exceto uma pessoa.

A única que não conseguia arranhacar um não de minhas cordas vocais.

Você já deve imaginar quem é.

Roseanne.

— Por que amarelo? — ela indagou, comendo mais um pedaço do seu frango frito.

— Porque é minha cor favorita.

— E por que só o interior é amarelo? Por que não colocou a lataria também?

Ela estava extremamente confortável, o carro estava parado e ela tinha seus pés em cima do porta luvas, seu banco também estava inclinado e ela vez ou outra olhava para o teto, mas na maioria das vezes seu olhar de prendia a mim.

— Meu pai disse que eu iria transformar o carro mais luxuoso do mundo em um táxi — cruzei os braços emburrada, fazendo Roseanne gagarlhar com vontade.

Meu bico se transformou em um sorriso apenas por vê-la sorrir.

Era lindo espia-la viver.

— Acho que concordo um pouco com seu pai nessa — disse cautelosa, com medo de que eu ficasse chateada provavelmente, mas não fiquei.

— Eu gosto deste contraste, preto por fora e amarelo por dentro. É bancana.

— Tudo bem senhorita bacana. Você vai comer ou não? — decidiu mudar de assunto.

— Não quero sujar minha mão, vou sujar o volante.

Ela me olhou com o cenho franzido.

Por um segundo pensei que fosse me julgar.

E toda aquela ansiedade voltou.

Eu ficava tão confortável com ela que nem me importava se minhas paranóias soariam estranhas.

Mas, diferente do que eu pensava, ela apenas estendeu um frango na direção da minha boca.

— É pra eu comer? — perguntei incerta, o que a fez rir.

— É, já que você não quer sujar suas mãos, vou ter que levar até sua boca.

Mais um sorriso.

Um desconcertante sorriso.

Se ela pedisse pra eu comer areia eu comeria.

Por ela.

Levei minha boca até o pedaço de frango que eu havia pagado, arrancando uma parte generosa dele.

— Nossa! Está muito bom — tapei a boca para falar de boca cheia.

— Eu te falei, tá me devendo quinze pratas — deu de ombros comendo seu próprio frango, este que segurava na mão direita.

— Mas eu não apostei nada.

— Ah...

[...]

— Vocês ainda não se beijaram?! — Palisa quase gritou no restaurante. — Vocês literalmente estão na casa uma da outra há dois meses! Como nunca rolou nada? Ela nunca tentou? Ou você é tão devagar que não percebeu suas inciativas? Meu deus Lisa ela é tão gostosa... — choramingou. — Como você ainda não a enlaçou.

— Primeiro, não gostaria que você continuasse chamando ela dessa forma — Pontuei.

— Não posso chama-la de gostosa? — a olhei repreendedoramente a fazendo revirar os olhos. — Olha o ciúme hein.

Não mais te amo tanto                          📚Chaelisa☕Onde histórias criam vida. Descubra agora