Oi... Prometo que não sumo de novo.
Boa leitura💚🐦
Eu estava nervosa
Muito nervosa pra ser sincera.
Tinha pesquisado algumas coisas na internet.
Mas ainda não me sentia pronta.
Pra que?
Ora, pra conhecer meus sogros!
Minha sogra era do Brasil, então eu pesquisei tudo sobre os costumes deles pra não me sentir deslocada na família.
Roseanne disse que no Brasil os mais jovens acabam se comunicando por memes e gírias e, se eu não soubesse, ia achar que algumas brincadeiras eram sérias.
Então eu passei a semana inteira pesquisando sobre memes brasileiros.
Acho que meu favorito era uma tal de Giovanna.
E uma Stefany que fazia paródia da musica thousand miles.
Não estava 100% pronta.
Eu nunca estou né?
— Amor, manda mensagem pra minha mãe dizendo que 'estamos saindo já já', por favor? — Roseanne disse a frase que queria em português, assim que saiu do closet.
Eu sabia português, era mais uma das vinte e duas línguas que eu falava, eu só não era fluente.
— Mas você está indo tomar banho agora...
— Ela vai entender — se aproximou, me beijando brevemente antes de ir pro banheiro.
— É pra escrever "já" duas vezes? — falei um pouco alto para ela ouvir.
— Sim! — sua voz abafada confirmou.
"Estamos saindo já já" Digitei.
Só realmente saímos quarenta minutos depois.
Eu fiquei nervosa num primeiro momento porque não gostava de me atrasar.
Mas Roseanne disse que sua mãe era a rainha do atraso, e por isso mandou aquela mensagem, desse jeito quando a gente chegasse a comida já estaria pronta.
O bairro da família Park era simples, eles moravam na cidade vizinha, Torrance.
Quando saímos do carro, Roseanne logo segurou minha mão e me guiou até a porta.
Ela talvez não soubesse, mas eu sempre me sentia mais segura quando estávamos de mãos dadas.
Gostava da sensação de sua mão quentinha na minha pele, as vezes não queria soltar.
Poucos segundos depois de ela bater na porta, sua mãe apareceu com um largo sorriso, tratando de abraça-la e me abraçar logo em seguia.
Eu me sentia meio desconfortável ao abraçar quem não tinha intimidade, ainda mais sendo pega de surpresa, mas me segurei ao máximo, me esforçando para dar ao menos dois tapinhas em suas costas para retribuir o forte abraço.
— Você deve ser a famosa Lalisa! — sorriu radiante, me arrancando um sorriso também.
— Sim, sou eu — respondi tímida.
— Você é uma fofa — a mulher de meia idade apertou minhas bochechas e foi para dentro. — Podem entrar, só não repara na bagunça Lisa.
Não tinha bagunça nenhuma.
A mais velha era do meu tamanho, tinha cabelos curtos e era muito parecida com Rosé. Não dava pra dizer que não era sua mãe. Só não notei nenhum traço latino nela, além da personalidade.
— Hank! — me surpreendi ao ver o cachorro ali, ele prontamente veio para o meu colo.
Com ele ali eu pensei que não receberia mais abraços. Mas errei feio.
Logo atrás vieram os primos de Roseanne e seu pai. E depois sua irmã apareceu para me cumprimentar.
Os brasileiros gostam de abraçar...
E falar, meu Deus, como falam.
Acho que em algum momento eles acharam que o Hank comeu minha língua.
Enquanto eles não paravam um minuto de falar, às vezes até passando por cima uns dos outros, eu me contentava em falar apenas quando me perguntavam algo.
Roseanne era igualzinha a eles, falava pelos cotovelos.
Eu nunca pensei que estaria em uma mesa onde cada um conversava sobre um assunto diferente, mas ao mesmo tempo um entrava na conversa do outro.
Como eles se entendiam?
— Lisa, você tem que aparecer lá na minha casa qualquer dia! — a prima de Roseanne se direcionou à mim.
Mas nessa frase eu já estava craque! Eu sabia que não era no sentido literal, Roseanne me avisou que todo compromisso que eu marcasse aqui nunca iria para frente.
Então eu ouviria algo como "Nossa, foi tão boa aquela viagem, temos que fazer de novo!" todo mundo concorda na hora, mas ninguém toca no assunto depois.
Ela disse também que mesmo se fizerem um grupo ali no calor do momento, ninguém vai interagir nele.
— Claro! — fiz exatamente o que Roseanne ensinou, sorri e acenei.
— E então Lisa como foi su- — minha sogra tentou, mas uma das primas de Roseanne estava falando muito alto, então ela parou sua fala para corrigi-la. — Clarisse você pode gritar mais baixo por favor?
Gritar mais baixo... Que palavra interessante... Roseanne havia me dito coisas do tipo também, uma vez estávamos no parque e ela inventou que só poderíamos falar em português, desse jeito eu treinaria para poder falar mais fluidamente com sua família. Num dado momento ela disse 'Você pode correr mais devagar por favor?" Eu fiquei encucada, se você corre você não anda devagar, mas ela disse ser normal falar assim no Brasil.
Os brasileiros são complicados.
— Ah Lisa, eu tenho um presente para você! — mudando completamente de assunto, minha sogra foi até seu quarto e voltou com uma sacola de plástico de supermercado. — Não é nada demais, só uma lembrancinha — sorriu singela.
— Obrigada, não precisava! — eu deveria ter comprado algo pra ela também?
Quando abri a sacola, me deparei com algo estranho, era um pano? Um pano branco com uma galinha desenhada. Ele era em formato cilíndrico, o que era isso?
Sorri para Roseanne pedindo ajuda, e ela logo entendeu vindo me socorrer.
— Lisa, isso é um vestido pro botijão de gás! — Sorri sem entender.
— Mas eu não te-
— Ela amou mãe! — me interrompeu. — Diz que amou se não ela vai começar a trazer mais coisa até te agradar — sussurrou pra mim.
— Uau, é realmente exótico! — Roseanne bateu em sua testa.
— Tem mais! — a mais velha disse, sorrindo e esperando eu pegar o resto.
— Uau um...
— Pano de prato — Roseanne completou.
— De galinha... — sorri amarelo, já tirando outra coisa — Um... Um...
— Nem eu sei o que é — Roseanne murmurou.
— É um pano pro fogão — a prima de Roseanne desvendou o mistério, e logo eu tirei o último item. Eu não tinha ideia do que poderia ser.
— Um puxa saco — Roseanne disse. — É pra botar sacola de supermercado.
— Ah... Deve ser útil pra Marrie — Roseanne bateu em sua testa novamente.
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Não mais te amo tanto 📚Chaelisa☕
FanfictionCafés e livros não me apeteciam tanto quanto ela. Procurá-la se tornou cansativo, tão como esperar que ela volte trazendo ambos. Mal sabia ela que não precisava de livros e café, apenas bastava sua companhia. Ainda me pergunto quando foi que demos e...