Obrigada por hoje

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Narrador, ainda. Coffe n'Bar.

A atenção de Freen é desviada do toque prolongado da mão quente da senhorita Armstrong após ela encontrar olhos em vigilância do outro lado da rua.

Era alguém em um Jeep e estava estacionado ali há um bom tempo. Freen juntou as peças em sua cabeça e se levantou abruptamente:

-Senhorita Armstrong, Irin. Precisamos ir embora - Ela fitou novamente o carro - agora.

Uma Becky atordoada se levantou e foi até o caixa juntamente das duas garotas. Ela não desgrudava seus olhos de Freen e, de quem as observava.

A guarda costas não parecia nervosa ou temerosa de algo. Estava com um olhar duro, como se independente de quem fosse, ela esmagaria com os pés e mãos e Becky infelizmente adorou isso.

A ex colega de classe de Freen aparentemente já havia trocado de turno. Cada uma pagou seu pedido e antes das três passarem pela porta de saída, Becky recolheu seu cappuccino do balcão.

-Não se desesperem, preciso que vocês façam exatamente o que fariam se não soubessem que tem pessoas nos observando e seguindo - Freen explicou e as duas assentiram, atravessando assim que o último carro passou e um espaço na rua se abriu.

Elas entraram no carro de forma ligeira e silenciosa. Sem nem pensar, Freen acelerou o carro, olhando vez ou outra para o retrovisor.

-O que está acontecendo? - Irin questionou no banco de trás.

-Vai ficar tudo bem - Becky afirmou para Irin e logo seus olhos voltaram para a motorista - Certo?

Freen filtrou o que podia e o que não podia ser dito em um momento como aquele, com duas garotas novas no carro e sem experiências alguma com fugas.

-Sim, a avenida está movimentada - Ela engoliu em seco ao encontrar os olhos castanhos de Becky, que a fitava atentamente, mostrando sua confiança - Ligue para seu pai, por favor. Coloque no viva-voz.

Um vislumbre do Jeep ainda se pintava no retrovisor ao longo das ruas. Freen virou a direita, ainda na avenida.

-Oi, filha?

-Senhor Armstrong, uma situação de emergência. O carro está sendo seguido, mas consigo o despistar, sigo para sua casa ou desvio o caminho?

Robert sussurrou um "merda", ficou em silêncio por longos cinco segundos e Becky olhou para Irin. Ele não estava surpreso?

-Senhor Armstrong? - Freen esperou até virar uma outra rua e mudou a marcha, arrancando o carro em uma velocidade surpreendente. Se seu patrão não tinha uma resposta exata, ela arrumaria rapidamente.

-Vocês estão aonde, Freen? - Ele perguntou em um tom mais alarmado.

-Nos encontre na delegacia em frente ao Parque Nacional, conversamos com calma por lá - Freen disse simples e desligou o celular de Becky.

Sua mente se mantia focada no caminho e no carro que as acompanhava pelo retrovisor, mas suas mãos apertavam o volante em raiva.

Irin olhava para o carro pelo vidro de trás enquanto Becky discava o número da polícia.

-Eles estão diminuindo a velocidade - Disse Irin.

-Filhos da puta - A guarda-costas grunhiu ao ver que eles viraram uma outra rua. Estavam nitidamente tentando cercar o carro.

Becky passou as informações da rua, situação e modelo do carro para o atendente da delegacia e avisou estar indo para lá. Freen assentiu ao finalmente chegou até a rua da delegacia.

A guarda-costas sorriu ao ver o carro entrar na mesma rua pelo lado oposto e observou os policiais saírem da delegacia.

-Agora já era - Freen comemorou dando um soco no volante.

Rebecca riu e Irin negou com a cabeça sorrindo.

Dois policiais foram até o Jeep a frente, enquanto três outros foram até o carro de Freen as questionando o ocorrido novamente.

Após uma série de perguntas, Becky, Irin e Freen já haviam saído do carro e estavam conversando ocasionalmente no estacionamento com os policais, que pareciam ser uns cinco anos mais velhos.

-E você raciocionou assim? Sem mais nem menos de vir pra delegacia - Um dos policiais exclamou exaltado para Freen.

Ela sorriu e assentiu, mas seus olhos estavam nos dois indivíduos que as estavam perseguindo, atravessando a rua na frente dos outros policiais que os acompanhavam.

Freen gravou mentalmente um loiro, com tatuagem de cruz do lado do olho e uma feição acabada, de roupa preta. Gravou também os olhos verdes, carregando um olhar revoltado, cabelo baixo de quem foi alistado no exército há pouco tempo.

-Filha? - Robert se aproximou do grupo que já estava se redirecionando para dentro da delegacia, onde era mais seguro.

-Oi, pai - Becky disse.

O pai da garota a abraçou fortemente e sorriu de olhos fechados, em alívio.

-Está tudo bem? Onde vocês estavam? - Ele revezou o olhar entre Irin e Becky. Freen forçou a garganta, chamando a atenção dele.

-Estavamos saindo do Coffe N'Bar, próximo ao colégio e eles estavam estacionados na frente da cafeteria. Eles nos seguiram até aqui - Ela explicou.

-Você fez bem em vir até a delegacia, Freen. Obrigada por as proteger - Ele sorriu - Conversamos sobre melhor no meu escritório amanhã de manhã. Eu vou resolver essa situação com esses desgraçados na delegacia. Vou pedir para que meu guarda-costas acompanhe você e as meninas até lá em casa.

Becky revirou os olhos ao ouvir seu pai mencionar Jonathan enquanto Freen apenas assentiu silenciosa.

O caminho foi quieto, com exceção da conversa de Irin e Becky sobre o que aconteceu e dúvidas que ambas tiveram. Após alguns minutos em casa, o pai de Irin chegou na casa dos Armstrong e ela despediu de ambas, agradecendo especialmente Freen.

Casa de Becky.

Tia Olga as recepcionou em casa super preocupada e fez um chá para, como a mesma disse, acalmar os ânimos das duas e elas permaneceram na cozinha em sua companhia.

-Ficou bom? Espero que eu não tenha errado na medida de açúcar - Disse Olga.

-Está ótimo, Tia olga - Freen sorriu.

Becky estava pensativa desde a delegacia, pensava nos homens, no fato de seu pai não parecer supreso ao telefone e no fato de que Freen percebeu isso também. Seus olhos pararam na guarda-costas.

Ela estava com uma feição amena, seus cabelos escuros, agora presos em um coque mal feito. Estava na mesma posição profissional/casual, com uma perna um pouco dobrada, apoiando o peso todo na que estava mais firme no chão.

A coragem de enfrentar o problema de cara, sem se preocupar tanto e se afobar com o que pudesse acontecer era algo admirável, algo que Becky gostaria de ter.

-Tem algo no meu rosto? - Freen questionou baixo.

-Oi? - A garota saiu de seus pensamentos - Ah, não, não tem nada. Eu estava distraída.

A guarda-costas sorriu assentindo e terminou sua xícara de chá.

-Bom, eu vou indo - Freen avisou ao ouvir o carro do pai de Becky estacionando.

-Ah, claro. Até amanhã - Rebecca disse baixo, se recusava a dizer aquela bendita palavra.

Freen se direcionou até a porta e achou que não ouviria, mas Becky disse bem baixinho um...

-Obrigada por hoje.


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-capítulos seguidos, resultados de surtos criativos ;)))

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