??? Avenida próxima a Microhydra.
Os táxis parados, todos vazios sob a luz do dia enquanto seus respectivos donos seguiam uma fila lucrativa no beco próximo a esquina da Avenida Oliva.
-Próximo!
Passos ambiciosos se direcionavam a um sujeito de roupa social, fina que interrogava cada um, disposto a negociar grana suja para os vigilantes daquela infame madrugada sangrenta na rua da maior empresa de petróleo da cidade.
-O dinheiro compra o silêncio, já o arrependimento de sigilo, gera consequências - Um jovem bem informado que auxiliava a distribuição do dinheiro repetia sem cansar, seu sorriso presunçoso era capaz de causar nojo até aos desconhecidos.
-Isso não tem como acabar, Luke, é quase como uma cadeia alimentar - Ford, um dos taxistas, sussurra na fila - E sempre vai ter alguém lá de cima pra derrubar discordâncias como um dominó.
-Além do mais, se eu não aceitar o dinheiro, vou estar ganhando o que? Meu senso de justiça? Crimes acontecem dia e noite, Ford - Puxou seu isqueiro até o cigarro em sua boca e o acendeu após algumas faíscas.
Sarocha, Freen. Casa da Becky.
Tia Olga, uma senhorinha cubana que trabalha na casa da família Armstrong, me ofereceu um café no quarto de Becky, pouco depois da garota sair do escritório do pai com uma expressão neutra e voltar para o mesmo.
Então, aqui estou eu, papeando em frente a ilha da cozinha com a Tia Olga sobre o clima lá fora e outras amenidades. Becky havia avisado pra ela que desceria em alguns minutos, então não me incomodei de ir na frente, já que estamos em um ambiente seguro.
-Te disse que você me lembra a minha irmã mais nova, menina?
-Sério? - Apoiei meu rosto em meu cotovelo - Por quê?
-Tia Olga! - Rebecca exclamou e voou até os braços da cozinheira, que riu surpresa.
-Por que está me abraçando como se não me visse há eras? - Tia Olga questionou em um tom brincalhão.
-É que...Sabe, eu li uma coisa no jornal hoje, quer saber o que foi?
-Me conte! - A cozinheira riu novamente.
-Eu li que você iria fazer uma torta de limão com limões de verdade raspados encima.
Parecia uma criança. Prendi o riso e dei um gole no meu café que eu já havia esquecido que já tinha sido colocado.
-Tudo isso só para me pedir uma sobremesa pro lanche da tarde?
-Você vai fazer?
-Freen, você gosta de torta de limão? - Me surpreendi com a pergunta da senhora e assenti rapidamente.
-Que horas meu pai disse que você é liberada? - Becky perguntou. Seus olhos procurando ingredientes para adicionar em seu café. Quem é que toma café com mel?
-Pouco antes do jantar - A encarei ainda indignada - Você toma café com mel?
-Qual é o problema? - Franziu o cenho e pude ouvir uma risadinha vinda de Olga.
Muito esquisita.
-Nenhum, só achei exótico.
Esquisita. Tia Olga entrou em uma porta ainda na cozinha, a qual eu ainda não sei onde dá.
-O que você esperava da velha rabugenta que você anda tendo aulas de etiqueta?
-Estava bisbilhotando as conversas no fim da aula? Sinto lhe informar, mas eu não vou compactuar com essas suas trakinagens diárias não - Ironizei e Becky abriu um sorriso malicioso.
Meu sorriso foi diminuindo assim que ela chegou no meu ouvido e sussurrou:
-Acho que eu é que preciso te avisar isso, Sarocha. Considerando que alguém andou bisbilhotando até demais meu uniforme de vôlei durante o jogo.
Senti meu sangue ferver em nervosismo e ri um pouco. Meu sistema de alarme funciona assim.
Seus olhos castanhos se fixaram nos meus por breves segundos, passeando em direção aos meus lábios e eu dei um passo sutil para trás.
-Mas relaxa, eu sei que você só curte pessoas mais velhas - Deu uma piscadinha.
Becky toma mais um gole de seu café enquanto se afasta e eu engulo em seco.
Hope Residences, Casa da Freen.
Era tarde, o vinho estava quase no fim sobre a mesa de cabeceira e, consigo escutar o barulho do chuveiro o qual Nam havia entrado logo após nosso sexo-casual-de-sempre, nome que ela deu após alguns meses.
Nam e eu somos colegas desde o terceirão do ano retrasado, - sim, eu repeti duas vezes o terceiro ano - ela se formou e faz faculdade de moda e, costuma me pertubar quando a convém.
Minha caneta deslizava pelo meu tablet em formatos sem fundamento enquanto eu tentava visualizar alguma luz no meu bloqueio criativo. Juro que se eu tivesse nesse processo de desenhar-aleatoriamente-até-fazer-sentido em folhas de papel, já teriam centenas amassadas e arremessadas pelo quarto.
Quarto? E se eu desenhasse um quarto?
-Ainda tenta ganhar dinheiro fazendo desenhos, Freen? - Uma Nam já vestida e com uma expressão julgadora indaga.
-Alguém já te disse que você deveria dar palestras motivacionais? Você é muito boa nisso.
Ouvi uma risadinha e senti um beijo em minha bochecha assim que comecei o esboço do quarto.
-Você não precisa ouvir minha palestra sobre o que eu acho de seus métodos de conseguir dinheiro mais de uma vez - Nam se sentou na minha cama e a encarei - Mas me conta, e o seu novo patrão? Ele é cheio da nota? Deve ser né, é velho?
-Sabe que nem todas as pessoas que contratam guarda-costas são velhas, né?
-Mas ele é?
-...Sim.
-E aí? Conte me tudo e não esconda detalhes - Ela se acomodou na cama com as pernas cruzadas e eu suspirei em um riso fraco.
Lá se vai meu rascunho. Girei e a cadeira em direção a ela e me ajeitei de forma confortável, encarando o teto branco do meu quarto.
-Eu acompanho a filha dele, o nome dela é Rebecca e ela é da minha escola.
-Você pode revelar essas coisas? - Ela questionou curiosa.
-Mas você que pediu pra te contar, mulher! - Eu ri alto e ela acabou rindo também - Não tem problema se eu disser o nome dela, acredito eu.
Acabei também contando que até agora não vi a mãe de Rebecca, que seu pai é misterioso e...
-Eu esqueci de mencionar, mas ela tem facilidade em controlar emoções. Fiquei surpresa com algumas situações que eu vi ela engolir a raiva como se não fosse nada.
-Ok, então pelo o que eu entendi você arrumou uma adolescente dissimulada e misteriosa pra cuidar. Vai dar tudo certo, só um instante.
Ela ligou o celular. Se eu fosse chutar, acertaria que ela tá pedindo o uber porque está doida para se afundar no trabalho novamente. Nam deixava suas mechas lisas e escuras caindo pelo rosto com seu rosto abaixado, voltado a seu celular na coxa. Ela é e sempre foi bem deslumbrante, isso definitivamente não mudou com o tempo.
-Estou sentindo você me encarando, dois rounds não foram o suficiente, Sarocha?
-Até parece que minha resposta vai fazer alguma diferença, considerando que eu sei bem que seu destino final do uber é no seu ateliê novamente - Dei um sorrisinho e Nam não discordou.
Chequei a hora e decidi não atrasar o aviso super importante que fiquei de mandar para Rebecca.
FREEN: sem bicicleta amanhã.
Se eu levar um vácuo vai ser mais previsível do que a resposta em si.
BECKY: e desde quando senhoras rabugentas andam de bicicleta?? não esqueça de arrumar a sua de volta.
FREEN: duvido.
Eu ri e Nam franziu o cenho, tratei logo de olhar ao redor em disfarce.
BECKY: vamos ver. amanhã na minha porta às 9. odeio atrasos.
-Eu fiquei brincando sobre seus chefes, mas é sério - Nam disse - Toma cuidado com a confusão familiar que você está entrando.
-
eita eita, joguei a bomba. não esqueçam de votar <3
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The Bodyguard.
Misteri / ThrillerBecky, uma estudante de ensino médio com pendencias familiares a resolver, é colocada em uma saia justa ao se ver sendo vigiada por uma segurança. Freen Sarocha, uma repetente contínua de ensino médio, foi designada para cuidar da segurança de uma a...