Sigilos

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Verão de 2013. Casa de Rebecca.

-Papai, seu quarto tá trancado. Mamãe já saiu para a loja de pintar? - Uma Becky pequenina questionava diante do longo corredor de sua casa.

-Leãozinho, papai precisa conversar seriamente com você agora, tudo bem? - Robert disse, segurando a mão da garotinha e a levando até seu escritório, como sempre fazia quando o assunto era sério. Becky automaticamente se mostrava uma criança atenta e séria naquelas situações.

A menina apoiou suas mãozinhas no acolchoado da cadeira em frente a mesa de seu pai e com toda sua força, se debruçou, subindo e se sentando em frente ao mesmo.

-Se lembra de quando a mamãe passou muito mal e você cuidou dela? - Robert começou.

-Quando ela caiu da escada quando vocês estavam descendo e ela ficou chorando e te olhando, papai?

-Sim, isso mesmo - Ele sorriu ternamente - Acontece que a mamãe anda tendo dificuldades de entender o que é real e o que é coisa da cabeça dela. Você consegue saber o que é real ou não, certo leãozinho?

Becky assentiu, mas seu semblante permanecia em confusão.

-Ontem, ela me disse que não quer mais que eu durma com ela, e pediu para que eu te dissesse que ela não quer mais falar com você - Robert explicou e Becky arregalou seus olhos.

-Papai, eu não fiz nada - O tom choroso já se fazia presente na voz da menina.

Sua mãe estava feliz ontem, elas pularam corda no jardim e pintaram as unhas uma das outras.

Não deixou de passar pela cabeça de Becky que, talvez tenha borrado demais o esmalte na hora de o passar pelas unhas de sua mãe. Ou, ou, talvez ela tenha ocupado muito o dia dela e a atrapalhado.

-Leãozinho, entenda que ela não está lúcida. Ela não entende o que é real, isso inclui nós dois. Mas ela nos ama, e uma hora ela vai entender como as coisas funcionam novamente.

A garota encarava os olhos de seu pai. Estavam firmes, enquanto sua expressão era amena.

-Mas...E os meus beijinhos de boa noite? - A menina questionou se dando conta de tudo que perderia, caso não tivesse mais a atenção de sua mãe.

-Eu posso... - O homem começou.

-Não. Eu quero a minha mãe! Para de falar isso! Eu quero ela aqui, eu preciso dela! - Becky exclamou, saiu rapidamente da cadeira e correu para fora da sala.

Suas lágrimas se espalhavam pelo comprido corredor de sua casa até seu quarto, onde ela esperava talvez acordar de um pesadelo.

Narrador, ainda. Politics College. Dias atuais.

-Eu te falei? Me inscrevi para o sorteio de bolsa da faculdade para o exterior aqui da escola - Irin disse sorridente. Amava a ideia de conhecer e se adaptar a culturas novas.

Desde a perseguição, Rebecca andava aérea como agora. Pensava seriamente sobre quem eram aqueles indivíduos e o que eles queriam com elas. Possivelmente uma provocação contra Robert, e mesmo assim, podem ter sido contratados para isso.

É isso! Claro que o responsável não sujaria as próprias mãos, e, falando em termos claros porém dolorosos, Becky suspeitava que seu pai não havia remorso em outras situações também, não apenas a de sua mãe.

Sua mãe. Hoje era quarta, dia de pintura, onde sua mãe fica na varanda do quarto desenhando e pintando. Eram sempre as quartas-feiras onde Becky podia ver sua mãe com mais clareza, ela não esboçava expressões esclarecedoras, mas era um alívio a ver sem arranhões ou marcas mínimas de violência.

The Bodyguard.Onde histórias criam vida. Descubra agora