Invisible String

Me sinto segura com você

Clara acordou sobressaltada e olhando para Helena adormecida ao seu lado na cama, entrou em desespero. Elas estavam dormindo há muito tempo e Theo poderia chegar a qualquer momento. Então, resolveu acordá-la.

"Helena, Helena" chamava suave, tocando seu rosto.

A personal abriu os olhos e pareceu confusa.

"Que horas são?"

Clara olhou para o relógio na cômoda.

"São quase oito da noite."

Helena percebeu que estavam nuas e então, a lembrança do que aconteceu passou em sua mente como um filme. Então, não havia sido um sonho, ela dormiu mesmo com sua aluna.

"Eu preciso que você vá, antes que o Theo chegue."

Helena se vestiu as pressas, com um sentimento de vazio e se despediu de Clara com um beijo na cabeça.

Nos próximos dias, a profissional de educação física passou a sentir na pele o que era não ver nem a sombra de Clara. Não foram três dias, daquela vez, Clara sumiu por quinze dias. Helena pensou que iria enlouquecer. Não obteve retorno em suas mensagens e ligações e, na tentativa de se valorizar, ela não pensou em ir atrás de Clara no apartamento. Se ela queria estar longe, que assim fosse.

Helena ligou para o delivery de Marmitex vegetariano e esperou que sua amiga trouxesse seu almoço. Era a oportunidade perfeita para conversar e desabafar.

Quando Solange chegou com sua comida, Helena saltou nos braços dela para um abraço de urso, derrubando algumas lágrimas.

"Sol, eu não acredito que você veio. Fiquei com medo do pé do Hugo ter melhorado e ele vir no seu lugar." Hugo era o único motoboy que tinham e na ausência dele Sol, além de cozinhar, entregava as marmitas. Hugo, para a sorte de Helena, fraturou uma perna ao cair de moto e ainda não melhorou.

"Calma, Lena. Me conta o que tá acontecendo." suspirou preocupada.

Helena se sentou com ela, tentando manter a calma e contou tudo nos mínimo detalhes.

Sol sorriu e deixou Helena sem entender.

"Você só pode estar muito apaixonada pra ligar tanto pra isso." Sol tentou bater na tecla da intensidade, alertar Helena para pisar no freio. Mas de nada adiantaria, pois a conhecia muito bem. "Eu sempre te digo pra ir devagar, mas você nunca me ouve. Foi assim com todas. Olha, a Clara só deve estar com medo do que aconteceu, já que ela é casada com um homem violento. Talvez ela tenha medo dele descobrir e por isso se afastou." Sol pensou por um instante, olhando dentro dos olhos da amiga, profundamente. E começou a rir.

"O que foi? Meu sofrimento tem graça?" Perguntou indguinada.

"Não é isso, amiga. É que eu estou rindo do chifre, tudo de ruim pro Theo é pouco. Ele tem mesmo é que ser corno. Muito obrigada por isso!" Sol continuava rindo, até ver Helena conseguir rir também. "Eu fiquei tão feliz por isso, que vou te encher de beijos!" Sol distribuiu beijinhos por todo o rosto de Helena, que não parava de rir.

"Já chega amiga!" e Sol começou a lhe fazer cócegas.

De repente, tudo ficou em silêncio e Helena estremeceu ao ouvir uma voz familiar.