Um coração irado e impulsivo

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Helena precisava de uma estratégia, um plano bem elaborado para que, ao menos, Theo fosse morto. Ela não se importava tanto caso fosse pega e presa, mas precisava livrar o mundo de Theo Bastos. A imagem de Clara machucada, fragilizada e chorando copiosamente, tiravam o pior de Helena. Queria matar Theo o mais rápido possível, estava cega pelo ódio.

Lembrou-se então, de uma fala da série Coisa mais linda; "O amor pode ser muitas coisas, mas se tem uma coisa que o amor não é, é violento". De fato, o amor não era violento. No entanto, outro fato incontestável era que o amor por alguém poderia ser forte o suficiente para move-lá em um ato violento, por proteção, por justiça. Helena amava tanto à Clara, que estava disposta a esquecer todos os conselhos já ouvidos na vida, todo seu papel de mediadora não-violenta, e partir em busca de justiça com as próprias mãos. Pois ela sabia em seu íntimo, que Theo não seria punido devidamente pela lei.

Fechando os olhos, memórias invadiram sua mente com nitidez. Um fato que lhe chamou a atenção, fora Theo ter demonstrado interesse nela desde sempre. A primeira vez em que o viu, ele já foi logo largando uma cantada barata. Talvez isso pudesse ser usado contra ele, da maneira mais sórdida possível.

Helena conseguiu o número de Theo e decidiu enviar uma mensagem de voz. "Oi Theo, aqui é a Helena, eu estava pensando em uma coisa e acho que você seria o cara certo pra me ajudar. Podemos nos encontrar pessoalmente? Preciso que você venha até a academia à tarde. Pode ser?"

Não demorou e logo obteve resposta "que que é, Helena? Resolveu me dar moral por que tá difícil aturar a Clara?"

A personal revirou os olhos e mandou "Só esteja lá. Garanto que não vai se arrepender."

As horas se arrastaram, Helena pensou ser por conta de sua ansiedade. Ela estava prestes a cometer uma loucura para que pudesse cometer outra, ainda pior.

Quando Theo apareceu, sua espinha gelou e ela sentiu como se não fosse ter forças para seguir em frente com o plano.

"Bom dia, Helena." cumprimentou ironicamente. "O que você quer? Fala logo, porque tempo é dinheiro."

"Então, eu vou ser bem direta." disse, tocando a lapela do terno dele, que arqueou uma sobrancelha intrigado. "A Clara não é uma mulher simples, ela gosta de luxo. E você ter cortado todo dinheiro dela, está ferrando nossa relação."

"O que eu tenho a ver com isso? Eu sou obrigado a bancar meu próprio chifre, sua safada?"

Helena soltou uma risada frouxa e tentou não embrulhar o estômago com o que diria a seguir. "Vamos fazer assim, você volta a pagar o pro labore da Clara certinho, com um acréscimo em agradecimento, e nós duas vamos te dar uma noite de diversão, que tal?" piscou.

"Você não disse que não ficaria comigo nem com uma arma apontada na sua cabeça, Helena?" questionou desconfiado.

"Eu disse. Por isso, eu gostaria de pedir que você não me beije na boca. Corro o risco de cuspir em você." disse uma verdade em meio à suas mentiras. "Eu só estou propondo isso, Theo, porque a Clara merece estar segura financeiramente. Eu a amo e quero vê-la bem."

"Tá bom. E onde isso seria?"

"Seu apartamento, hoje às 21h, tá?"

"Tá certo." estendeu sua mão para o queixo de Helena, que o parou no meio do caminho.

"Você só vai me tocar hoje à noite."

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