Capítulo 09 | Mamãe

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Me levantei da cama e andei até a porta, assim que girei a chave da fechadura destrancando a porta, a porta foi aberta bruscamente batendo em mim que nem se quer tive tempo de sair de trás dela.

Ele olhava para mim com desprezo, se manteve parado na porta enquanto parecia me julgar mentalmente.

Pai- Quanta irresponsabilidade...

- Pai, eu só saí para uma simples... -é interrompida.

Pai- Cala a boca quando eu estiver falando.

- ...

Pai- Você deveria se envergonhar! Ficar no meio daquele monte de macho, virou uma putinha agora!?

- Não senhor...

Pai- Eu tenho nojo de você, se eu soubesse que me daria esse desgosto eu teria forçado a sua mãe te abortar! Eu sabia que deveria ter feito isso mas eu ainda tive uma esperança de que você me orgulharia. Mas você não passa de uma vadia desgraçada igual a sua mãe!

O ódio me dominou por completo, quem ele pensa que é para falar assim dela!?

- NÃO FALA ASSIM DA MINHA MÃE!!

No mesmo momento ele desferiu um tapa forte em meu rosto me fazendo andar um pouco para trás.

Pai- Eu tenho vergonha.. De falar que você é minha filha!

...

Pai- Vagabunda! Eu queria que você nunca tivesse nascido!

Ele puxou meus cabelos e logo agarrei a mão dele tentando fazer com que o mesmo me soltasse, assim que ele finalmente me soltou eu fui jogada no chão com brutalidade e logo ele me deu uns chutes em lugares diferentes do corpo.

Foi em direção a porta e saiu do quarto batendo a porta com força, lágrimas escorreram do meu rosto.

Se ele soubesse que palavras machucam ele se calaria para sempre, é nesses momentos que eu sinto falta da minha mãe, de como ela era a única pessoa que me ajudava e me incentivava a continuar vivendo.

Me levantei com o corpo dolorido e tranquei a porta, me abaixei ao lado da cama e me curvei para olhar em baixo dela, logo puxei uma caixa colorida cheia de desenhos de bichinhos na embalagem.

Me sentei no chão me encostando na cama, logo abri a caixa e tirei de lá um álbum de fotos.

Assim que abri eu mal fitei a primeira foto e já senti mais lágrimas escorrerem pelo meu rosto, mordi o lábio tentando me conter um pouco. Aquelas fotos tinham todos os momentos felizes da nossa família, antes do meu pai virar alcoólatra e infernizar a família toda, nós éramos felizes...

Minha mãe estava tão sorridente e eu era feliz de verdade...

Cada folha era uma lágrima a mais..

Será que a minha mãe está bem?

No fundo da caixa havia um papel que eu escondia juntamente ao álbum, era o telefone que eu precisava para ligar para minha mãe.

Peguei o celular e disquei o número que tinha no papel, esperei ansiosamente para que alguém atendesse.

- Hospício Yarukoviki, boa tarde, em que eu posso ajudar?
(Atendente)

- Olá, boa tarde.... Eu gostaria de falar com a paciente 766.

- Qual o parentesco?
(Atendente)

- Eu sou filha dela.

- Certo, só um instante..
(Atendente)

*música de espera*

Se passou um tempo até eu finalmente ouvir a voz que eu queria.

Mãe- S/n?

- Mãe!

Mãe- Oi, meu amor... Tudo bem com você?-fala gentilmente

- Mamãe eu... -me calo imediatamente quando eu não consigo falar por estar chorando.

Mãe- Não me diga que seu pai...

- Sim.

Mãe- Eu sinto muito, meu amor..

- Mamãe, você disse que iria voltar para me buscar..

Mãe- Eu sei, eu sei que eu disse... Mas eles não irão me deixar ter a sua guarda enquanto os médicos não decidirem que estou apta para ser mãe novamente, por mais que eu diga que estou pronta eles não entendem, não sei mais até quando irão me prender aqui.

- Eu to com saudade.

Mãe- Eu também, eu estou contando os dias para te encontrar novamente, e quando isso acontecer eu prometo que serei a melhor mãe do mundo.

- Mas a senhora já é e sempre foi, apenas de tê-la como mãe eu não preciso de mais nada.

Mãe- Obrigada, eu prometo que vou voltar e fazer de tudo para ter a sua guarda e nós duas iremos viver felizes sozinhas, eu vou voltar custe o que custar!

- Vai demorar...?

Mãe- Eu..

- Quanto tempo?

Mãe- ... -aparentemente estava chorando.

- Quanto tempo!?

Mãe- Eu não sei... Me desculpe por você estar passando por tudo isso, eu não queria vê-la sofrer na mão do seu pai. Eu prometo voltar o mais rápido que conseguir.. Farei de tudo para te tirar dessa situação.

- Por favor... Volta logo!

- O tempo de ligação acabou!
( Fala um médico)

Mãe- Espera! Me deixa terminar de falar com ela!

- Fica quieta!
(Fala um médico)

Escutei minha mãe implorando para que ele devolvesse o celular e logo depois não ouvi mais nada além de um grito que parecia ser de dor.

- Mãe!? MÃE!?

Que merda!

Eu realmente não vejo a hora da minha mãe sair daquela merda daquele hospício, se não fosse pelo filho da puta do meu pai ela ainda estaria comigo.

Eu jamais irei perdoar o que ele fez com a nossa família, éramos para sermos felizes hoje.

Mas a bebedeira dele o tornou violento e só trouxe desgraça para a nossa vida, todas as vezes que ele perdia o controle a minha mãe fazia de tudo para que ele não ferisse a mim e a Nathan e sempre ela quem sofria em nosso lugar.

Ele fez com que ela ficasse louca e ele mesmo a colocou no hospício, e eu me sinto culpada por não ter sido forte o bastante para protegê-la e por ela agora estar nessa situação.

Frustada eu caminhei até a minha mochila e abri a bolsinha de remédios, peguei uns 9 remédios aleatórios e tomei de uma vez, me sentei na cama e suspirei, alguns eu não consegui engolir direito e isso fez com que o gosto amargoso deles ficassem em minha boca, o que por sua vez me fez fazer algumas caretas.

Assim que terminei eu procurei por algum doce perdido na minha mochila que eu sabia que tinha, assim que achei eu me senti aliviada por poder tirar aquele gosto horrível da minha boca.

Guardei as coisas que estavam espalhadas pelo chão do quarto, tudo tem que estar em seu devido lugar pois eu detesto bagunça, não demorou muito para eu me sentir muito sonolenta ao ponto que eu mal conseguisse ficar de pé, eu só queria dormir para esquecer tudo que estava acontecendo.. Quem sabe nos meus sonhos eu tivesse uma oportunidade de me sentir feliz.

𝕋ℍ𝔼 𝕃𝕆𝕍𝔼 𝔾𝔸𝕄𝔼| 𝐒. 𝐌𝐀𝐍𝐉𝐈𝐑𝐎Onde histórias criam vida. Descubra agora