07╵𝗟𝗢𝗢𝗦𝗘 𝗟𝗜𝗣𝗦 𝗦𝗜𝗡𝗞 𝗦𝗛𝗜𝗣𝗦

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TW: Violência

𝚁𝚘𝚜𝚎 𝙱𝚊𝚞𝚎𝚛 ᵖᵒᵛ
𝙼𝚘𝚗𝚍𝚊𝚢 ― 𝚝𝚑𝚎 𝚍𝚊𝚢

Já haviam se passado cinco dias desde o episódio na cidade. Lembro-me de acordar na manhã seguinte com Klaus no banheiro, com um rosto assustado e lágrimas escorrendo. Chorava como uma criança assustada. Tom nos levou de volta para o vilarejo assim que percebeu que estávamos a pé. Não vi Bill naquela manhã, e acredito que ele não queria nos encarar depois de tudo. E eu não o culpava por isso. Eu e Tom não trocamos uma única palavra, nem mesmo quando ele nos deixou em frente à casa de Klaus. Agradeci pela carona e por tudo o que ele tinha feito, mas ele sequer olhou para o meu rosto.

Quando chegamos em casa, relatei tudo ao ruivo. Falei sobre como Tom cuidou dele, de Bill, dos livros na grande sala e do acordo que ele propôs. Ele não pareceu chateado com nada, era óbvio que as coisas seguiriam um caminho de acordos e divisões. Ele e Bill começaram a se falar através de mensagens. Talvez falassem tanto um com o outro por compreenderem o trauma mútuo que viveram naquela noite. Enquanto isso, eu estava lidando com os meus  sentimentos afastada de tudo e todos.

Finalmente, a maldita segunda-feira havia chegado. Faltavam apenas alguns minutos para a meia-noite. Klaus se encarava no espelho, arrumando os cabelos enquanto relembrava da fatídica noite mais uma vez. Esquecer aquilo seria uma luta, talvez impossível para ele. 

"Só ainda não percebi por que não tiveram a ideia de ir até às urgências." comentou.

"Eu pedi a Tom. Mas ele negou, quis fazer do jeito dele." expliquei, apoiando-me na cama com os braços atrás das costas. "Acho que ele queria mostrar que tinha sangue frio. Parece gostar de se mostrar forte e inabalável." 

Klaus assentiu "Sim, ele tem essa aura de poder e controle ao redor dele. Mas às vezes, acho que é apenas uma máscara para esconder suas próprias fraquezas e inseguranças."

"Provavelmente."

"Mas ele tem experiência." pontuou ele, observando a cicatriz ainda fresca no espelho. 

"Você continua perfeito, Klaus." elogiei, tentando amenizar a tristeza em seus olhos enquanto ele se olhava.

"Eu acho que vou ser livre na América." sussurrou, encontrando meu olhar através do reflexo. Seus olhos começavam a ficar avermelhados e senti um aperto no estômago. Me aproximei dele, envolvendo-o em um abraço reconfortante.

"Você é a pessoa mais livre que eu conheço." falei suavemente, apoiando minhas mãos em seus ombros. "Aqui ou em qualquer lugar."

Ele levou a mão até a minha e acariciou-a delicadamente, oferecendo-me um sorriso fraco.

"Eu vou ficar bem." murmurou, tentando me confortar mesmo quando era ele quem precisava de consolo. "Só preciso de tempo para processar tudo isso."

Engoli em seco e levei o olhar até o relógio de ponteiro que estava seguro nas paredes brancas do meu quarto. Estava quase na hora. Levantei meu corpo cansado e procurei entre as gavetas uma roupa confortável e quente. Iríamos navegar por algumas horas e eu não queria morrer congelada.

Klaus compreendeu o que eu estava fazendo e vestiu rapidamente um casaco grande acompanhado de uma touca preta que combinava perfeitamente com seus cabelos alaranjados. Vi o ruivo pegar minha navalha que descansava sobre a mesa e guardá-la no bolso das suas calças. Não queria ver o garoto com uma arma em sua posse tão cedo, mas não impedi. Klaus era quem me protegia, mas quem protegia Klaus?

Ao chegarmos ao cais, avistamos a silhueta de Tom e Bill. O barco balançava suavemente na água escura, as suas luzes refletindo no mar como estrelas cintilantes em meio à escuridão. Bill abriu um sorriso assim que nos avistou, depois, esticou ambos os braços para nos ajudar a subir na embarcação. Estava bem vestido com um casaco parecido com o de Klaus, com uma grossura generosa para esconder como seu corpo aparentava ter ficado.

𝗕𝗟𝗢𝗢𝗠𝗜𝗡𝗚╵𝚃𝚘𝚖 𝙺𝚊𝚞𝚕𝚒𝚝𝚣Onde histórias criam vida. Descubra agora