10╵𝗩𝗜𝗖𝗜𝗢𝗨𝗦

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𝚁𝚘𝚜𝚎 𝙱𝚊𝚞𝚎𝚛 ᵖᵒᵛ 

"𝗛𝗼𝘄 𝗰𝗼𝘂𝗹𝗱 𝘁𝗵𝗶𝘀 𝗯𝗲 𝗱𝗼𝗻𝗲
𝗕𝘆 𝘀𝘂𝗰𝗵 𝗮 𝘀𝗺𝗶𝗹𝗶𝗻𝗴 𝘀𝘄𝗲𝗲𝘁𝗵𝗲𝗮𝗿𝘁"

"Voltei!" ouvi a voz de Klaus ecoar pelo salão com uma caixa de filme da sua loja entre as mãos. Ele se aproximou de mim e se empoleirou sobre a mesa onde eu estava sentada, anotando o valor ganho até agora. "Vim devolver este filme." ele lançou a cassete sobre a mesa bagunçada e soltou um tom de voz brincalhão. "O início é meio merda, mas tem uma reviravolta interessante."

Peguei a caixa com as nossas risadas ainda ecoando, e ao abri-la, um grande montante de dinheiro caiu sobre o meu colo, espalhando-se até ao chão. Enquanto finalizávamos a preparação da encomenda para o contacto de Georg, não tínhamos tempo para descanso. Estávamos dispostos a vender o nosso produto de qualquer forma possível. Participávamos de festas, até mesmo frequentávamos os locais mais questionáveis do vilarejo, onde apenas Georg se aventurava, já que não era um local. Também nos aproximávamos de viciados que cruzavam o nosso caminho. E agora, ambicionávamos vender para as poderosas elites que viriam até a ilha, dispostos a acelerar ainda mais os nossos lucros.

"Conseguiu garantir a cirurgia do seu pai?" perguntou ele, sentando-se ao meu lado e colocando com cuidado o dinheiro que havia voado por todos os cantos na máquina que calcularia o valor.

"Sim, consegui."

"E qual foi a mentira que você contou para ele?"

"Disse que a fila de espera era muito grande no hospital público, então o transferimos para um hospital particular..." olhei para ver a sua reação.

"Foi uma mentira bem realista." ele me parabenizou "E ele acreditou?"

"Pareceu-me que sim. Disse que não vai custar nada, pois o estado pagará tudo..." disse "Tive que fazer um juramento para convencê-lo de que não era uma cilada. Expliquei que o privado era a garantia de que ele receberia o melhor cuidado possível."

"Às vezes me sinto um monstro..." desabafei "A cegueira dele sempre foi uma cruz a ser carregada, mas agora, com todo esse negócio, até me dava jeito."

Ele me olhou com desaprovação. "Olhos que não veem, coração que não sente, é isso que você está pensando?"

"Sabe aquela frase? Cuidado com o que desejas? Foi o que aconteceu!" soltei fazendo o garoto rir um pouco.

"Qual foi a primeira coisa que fez com o dinheiro que ganhou?"

"Você sabe, paguei a cirurgia." respondi.

"Ora ora, seu velho vai voltar a enxergar graças a você! A dívida está paga, você não deve nada a ninguém, antes pelo contrário."

"E se ele descobrir o que eu ando fazendo?" perguntei, preocupada.

"Rose! É hora de aproveitar o que é seu por direito... Já acabei por aqui." declarou Klaus, levantando-se do banco e pegando um maço de tabaco jogado no chão. "Faz companhia pra mim?" se aproximou de mim, levando suas mãos até minha cabeça, acariciando meu couro cabeludo e me fazendo relaxar. Assenti, levantando-me para acompanhá-lo.

Andamos pelos corredores, envolvidos em risos contagiantes, enquanto contemplávamos as diversas pinturas que enfeitavam as paredes da fortaleza dos Kaulitz. O lugar era genuinamente magnífico, e eu percebia que ainda não havia explorado todas as suas maravilhas, apesar do tempo que já havia passado ali. Perder algo ali dentro era um desafio por si só. O espaço era tão amplo e repleto de detalhes que buscar por qualquer objeto perdido poderia ser comparável a encontrar uma agulha em um palheiro.

𝗕𝗟𝗢𝗢𝗠𝗜𝗡𝗚╵𝚃𝚘𝚖 𝙺𝚊𝚞𝚕𝚒𝚝𝚣Onde histórias criam vida. Descubra agora