𝚁𝚘𝚜𝚎 𝙱𝚊𝚞𝚎𝚛
O rosto de Bill descansava tranquilamente entre as pequenas mãos de Rose, adormecido enquanto seu peito se movia suavemente. Ao examinar finalmente o ambiente ao redor, Bauer percebeu que a maioria das pessoas havia partido, o show havia terminado. Ao longe, sirenes podiam ser ouvidas e com grande esforço, pôde avistar carros de polícia correndo em alta velocidade até algumas ruas à sua frente. A confusão havia se estendido a uma boa distância do local onde tudo começou.
Com cuidado, colocou a cabeça de Bill sobre sua jaqueta, protegendo-o do asfalto, e caminhou cautelosamente em direção à carcaça queimada da viatura. Segurou a porta, que em questão de segundos caiu no chão, despedaçando-se completamente. Esticou o braço e arrancou o terço que ainda estava intacto e pendurado no espelho retrovisor, sobre os assentos. Seus dedos magros e cobertos de sangue percorreram a cruz suavemente. Não conseguia sentir nada. Um enorme vazio parecia dominar seu corpo, como se fosse a única pessoa viva na face da terra. Era famoso dizer que a cidade nunca dormia, mas naquele momento parecia que o fim do mundo finalmente havia chegado. O silêncio era torturante, uma violência escancarada.
Precisava de algo, algo que pudesse preencher aquele vazio, nem que fosse passageiro. Caminhou novamente até o corpo estendido no chão e procurou nos bolsos da jaqueta o que restava daquilo que havia oferecido a Georg. Espalhou com cuidado uma linha sobre o crucifixo e inalou com dificuldade.
A rua ficou repentinamente banhada por luzes fortes, que avançavam em alta velocidade em sua direção. Com o coração acelerado, apressou-se em direção ao chão, erguendo Bill. Seus olhos fixaram-se na picape que se aproximava, os faróis brilhantes criavam um contraste agudo com a escuridão ao redor. Enquanto a picape se aproximava cada vez mais, o garoto de cabelos trançados saltou do banco do motorista com uma agilidade assustadora. Ele se movia ofegante, os cabelos molhados grudados em seu rosto tenso. A camiseta que vestia, agora manchada e colada ao seu peitoral, revelava uma coloração avermelhada sinistra, marcando cada músculo do seu corpo.
Tom empurrou Rose para longe enquanto encarava seu irmão, a face de Bill intacta, mas suas costas completamente queimadas, com pedaços de tecido grudados. Apesar disso, ainda respirava, tendo tido a sorte de ser resgatado a tempo. Se mais alguns segundos se passassem, seu corpo teria se transformado em parte do amontoado de destroços fumegantes. A expressão de Tom permanecia séria. Seu olhar vazio não revelava o que se passava em sua mente, e seus lábios permaneciam imóveis, como se fossem de pedra. Porém, por trás da fachada impenetrável, havia uma tempestade interior. As veias salientes em suas mãos mostravam a tensão que ameaçava rompê-las a qualquer momento. Enquanto ela o observava, seus olhos fixaram-se na jóia em seu lábio inferior. Não conseguia entender como nunca havia notado aquilo antes. Talvez estivesse tão envolvida com o magnetismo de seus olhos que negligenciou os outros detalhes.
Tom, agindo por impulso, segurou o corpo do gêmeo sem hesitar e o levou até a parte aberta da picape. Conforme se aproximava, Rose notou algo coberto por um plástico preto, o mesmo plástico que Kaulitz usou para cobrir seu irmão. Percebeu que era o corpo de Klaus. Uma sensação estranha a dominou. Ela queria descobrir o corpo e verificar como o garoto estava, mas não teve forças para isso. A visão era perturbadora. Os dois corpos espalhados na picape, como uma simples carga, cobertos pelo plástico improvisado. Embora a intenção fosse nobre, não deixava de ser macabra.
"Ele está vivo." sussurrou com a voz rouca, dirigindo seu olhar pela primeira vez para a garota antes de entrar no banco do motorista.
Com movimentos lentos e cansados, a morena se arrastou até o assento do passageiro, abrindo a porta suavemente e entrando em silêncio. O silêncio era a única oferta que podiam compartilhar naquela circunstância, embora fosse o maior inimigo deles naquele momento. Envolta em pensamentos tumultuados, observou Tom jogar algo sobre o painel do carro. Era a lâmina de Klaus, suja e com a tinta descascada, que provavelmente havia sido usada em alguém. Sentindo uma súbita raiva, agarrou a lâmina, cortando os dedos no processo, e a lançou pela janela aberta. Não queria aquela coisa maldita novamente.
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𝗕𝗟𝗢𝗢𝗠𝗜𝗡𝗚╵𝚃𝚘𝚖 𝙺𝚊𝚞𝚕𝚒𝚝𝚣
Hayran KurguEm uma ilha remota, 𝗥𝗼𝘀𝗲 𝗕𝗮𝘂𝗲𝗿, uma jovem sonhadora, anseia por um futuro além das tradições enraizadas de sua comunidade. Enquanto enfrenta seus próprios medos e desejos proibidos, ela é irresistivelmente atraída pela presença magnética de...