A Proposta |SEMI VERSION|

Capítulo 1

Demetria

Mais um dia para adicionar ao meu histórico, eu pedalava freneticamente olhando a paisagem pela minha janela, aquele era o único momento do meu dia em que eu não ficava totalmente elegante, enquanto pedalava eu devorava avidamente as páginas daquele quase livro, que Selena me perturbara semanas para que lesse, confesso que era muito bom, afinal me prendi a ele de tal maneira que não conseguia deixar de ler as linhas existentes ali. Esse certamente era um texto que qualquer um brigaria para publicar, e eu me questionava em como ele ainda era segredo e desconhecido.

Olhei pro relógio, ainda era cedo, continuei a pedalar, mas agora encarando a mata na televisão a minha frente como se fosse real, bom, pelo menos o suor era real. Eu ainda mantinha o ritmo, tentava não parar os exercícios, mesmo com tanto trabalho.

Li mais algumas páginas e parei quando me senti exausta, minha cabeça rodou um pouco pelo esforço, mas foram apenas o que? - olho meu cronômetro. - 50 minutos.

Fui pro banheiro, tomei um banho rápido, me olhei no espelho. Esse é meu ritual diário, depois de um banho conferir o quanto tanto trabalho estava me causando para voltar ao trabalho novamente. Mas não reclamo, é a vida que eu quis seguir.

Às vezes eu queria ser um personagem daquele de filmes infantis onde as mulheres sempre são lindas e gostosas pro resto da vida sem muito esforço, até mesmo sendo consideradas ruins na trama.

Tenho noção que todos me chamam de megera. Sorri encarando o espelho, e olhando todo meu corpo.

- Mas uma megera gostosa. - Afirmei satisfeita com meu corpo. Pelo menos ele não havia mudado muito nos últimos anos, aliás minto, os últimos anos foram os melhores, nunca estive tão gostosa, só minhas pequenas rugas que não podiam se ausentar. - Dei de ombros -

Me troquei sem cerimônias, o terninho básico e meu salto alto, ajeitei meu cabelo rapidamente - o mesmo não precisava de muito. - E apanhei meu café.

Continuei folheando algumas páginas do livro, que realmente era incrível, o que me fez lembrar que eu precisava ligar para Senhorita Prado.

Desci e logo meu porteiro me deu um sorriso. Acompanhado de um animado bom dia e eu apenas o respondi entre dentes por educação. O que me lembrava do porquê eu estou a maior parte do tempo sozinha, mas não podia evitar ser arrogante as vezes ou quase sempre, não consigo controlar apenas sai, e quando vejo já foi.

Sai apressada, não queria me atrasar e Nova York era um caos, fui de metrô afinal era o meio mais rápido de chegar aonde precisava, se eu fosse de táxi ou carro chegaria na hora de ir embora.

Dou um suspiro pensando nessa cidade que nunca dorme, e que em algum momento eu fui apaixonada por tudo isso, mas acho que perdi esse sentimento junto com muitos outros. Respirei fundo mais uma vez, afinal era difícil evitar alguns pensamentos que as vezes eram recorrentes.

Apanhei meu celular na bolsa e disquei o telefone da Senhorita Prado, seu próximo livro nem bem havia sido lançado e já estava totalmente esgotado na pré venda, liguei e esperei alguns minutos, estava quase desistindo enquanto subia as escadas do metrô, em direção à rua, quando ela atende...

– Bom dia senhorita Lovato. - Ela falou, senti que estava sorrindo.

– Olá Prado. - Fui simpática igual. Sua simpatia beirava quase há um flerte toda vez que nus falávamos. –Desde seu último livro não respondeu mais meus e-mails, mensagens... Não? Você sabe muito bem como desaparecer. - Eu queria saber desaparecer as vezes, pensei comigo mesma, deixando meus pensamentos vagarem em um passado que eu tentava esconder todos os dias.

– Logo você?

– Logo eu? - retruquei a pergunta.

– Não esperava que você também fosse insistir em uma entrevista. - Dei risada, afinal o que eu diria? Preciso que de essa entrevista ou perco meu emprego e credibilidade? Ou eu digo a verdade, que já me vangloriei por conseguir que ela apareça no maior programa de entrevistas do país? Respirei fundo.