GATILHO: violência sexual infantil.
Dia 6
Quando Draco abriu os olhos, a luz atravessava a janela. Ele piscou, surpreso, ainda perdido em suas visões da noite anterior. Do metal em sua mão, de seus dedos agarrando-se a um tecido grosso. Os olhos gélidos de seu pai ao inspecionar seu trabalho.
Estou vendo sangue. Limpe de novo.
Em um impulso urgente, Draco sentou-se e puxou seu caderno e a caneta que havia deixado ao lado da cama. Anotando furiosamente, ele tentou escrever o tudo que conseguia lembrar. Não era difícil; as imagens ainda estavam vívidas em sua mente, repetindo-se a noite inteira.
Ao terminar, puxando todo seu sonho de suas memórias, ele correu os olhos pelas palavras, certificando-se de que estava certo.
A memória não era dele, mas o sentimento era familiar. Um filho tentando agradar seu pai, um pai se recusando a ser agradado.
Pais e filhos. Isso era novo. Não para Draco, é claro, mas para o caso. Nem Michael nem Hailey haviam mencionado algo como isso, e o sonho não parecia se conectar a Magnus e Malise Trevil. A criança era uma menina, no fim das contas.
Mas, de novo, eles não tinham sido dados um gênero em específico. Se Draco e Lucius fossem intérpretes de outras pessoas, ocupando-se de suas memórias, então eles poderiam ser qualquer, homem, mulher ou nenhum.
Draco fechou seu caderno e espreguiçou-se na cama, finalmente checando seu relógio. Já passavam das oito horas, o que não era uma surpresa. Era a hora ideal para que Draco levantasse. Mesmo assim, era estranho, considerando que ele sequer tinha a esperança de dormir, tendo se imaginado rolando de um lado a outro da cama durante a noite inteira.
Mas ele tinha fechado os olhos e chegado à terra dos mortos, sonhando e sonhando.
Ele imaginava como Harry deveria ter ido dormir, e decidiu se aventurar para fora da cama em direção ao corredor. Ele viu que a porta do quarto de Harry estava aperta e imaginou que o moreno já deveria ter descido.
Na luz clara do dia, a energia da casa tinha desaparecido consideravelmente. Era tão sútil, na verdade, que Draco entendia por que os Gardner pensavam que a casa ficava "dormente". Era como se os espíritos usassem seus poderes à noite e descansassem ao dia.
Muito estranho, Draco lembrou a si mesmo, ainda na escada, tentando escutar alguma coisa. Não havia nada, em teoria, além de alguns sons que vinham da cozinha, assim como o breve e característico aroma de bacon frito. Com o estômago apertando-se de fome, Draco seguiu seus sentidos, o caderno apertado contra o peito.
Harry estava no fogão, lidando com várias panelas ao mesmo tempo. Draco conseguia ver ovos em uma, salsichas em outra, e uma terceira em que Harry retirava tiras crocantes da bacon. Sobre a mesa, uma pilha de torradas debaixo de um feitiço que as mantinha aquecidas, acompanhadas por pequenos vidros de manteiga e geleia.
— Isso que é um café da manhã – disse Draco.
Harry virou-se para ele, o sorriso apertado. — Eu sei que é a sua refeição favorita. Você comprou o suficiente para uma semana.
— Bem, sim... – disse Draco, sem argumentos para rebater. Ele gostava de um café bem recheado nos finais de semana, quando suas manhãs eram preguiçosas o suficiente para que ele pudesse aproveitá-las. — Posso fazer café?
— Sim, perfeito.
Entre os dois, Draco era o mais habilidoso na arte de se preparar um café, provavelmente pelo fato de ser tão exigente. Ele se dedicou a tarefa enquanto Harry continuava a empilhar pratos com comida e colocá-los sobre a mesa, girando sua varinha para que elas se mantivessem quentes. Quando o café ficou pronto, Draco serviu duas xícaras, colocando um torrão de açúcar e uma pitada de leite no de Harry. Eles se juntaram na mesa, Draco olhando esfomeado para os pratos.
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Sagehaven - DRARRY
FanficApós sua morte e consequente ressureição, Harry Potter ganhou a habilidade de se comunicar com os mortos. Agora ele trabalha como médium e detetive fantasma com seu parceiro de negócios, o teórico mágico Draco Malfoy. Ao serem contratados por um cas...