Sagehaven - DRARRY

Capítulo X

DIA 10

Os dois homens liam em silêncio, Draco, de sua parte, perdido nos complicados registros financeiros que pareciam naturais ao se manter uma escola. Não era o material mais divertido de se ler, mas ele estava em uma busca desesperada por qualquer anomalia que poderia se dizer estar até mesmo absorto pelo conteúdo. Tão absorto, na verdade, que quando Harry lhe chamou, ele apenas resmungou em resposta.

— Draco – Harry disse, mais enfático, e Draco finalmente tirou os olhos de seu pergaminho.

— O quê?

— Veja – Harry disse, apontando para algo perto da cabeça de Draco.

Draco virou sua cabeça para a esquerda, encontrando alguns fios prateados de magia se penduravam do teto, a poucos centímetros do seu rosto. Ele se afastou, assustado, antes de juntar coragem o suficiente para investigar.

— Nunca aconteceu isso antes – Harry deixou claro.

Draco mal o escutou. Porque os fios prateados tinham se entrelaçado uns nos outros, engrossando em uma só corda de magia cintilante, e a ponta da corda ondulava, como um tentáculo.

— O que isso quer? – Draco disse, com a estranha sensação de que estava sendo observado de perto por algo que não tinha olhos.

A ponta da corda continuava em frente ao seu rosto, como se cautelosa ou até mesmo curiosa.

— Eu me perguntou o que aconteceria se você tocasse – Harry disse.

Draco virou-se para olhar Harry com um olhar que transmitia a insanidade que aquela sugestão era, quando viu que Harry também estava acompanhado por algumas cordas de magia, só que dessa vez verdes. — Veja por você mesmo – ele disse.

Harry olhou ao seu redor, percebendo rapidamente o que Draco dizia. Os fios esverdeados dançavam ao redor de Harry, engrossando o suficiente para que encostassem em seu braço.

— Nossa – ele disse, levantando o braço vendo alguns dos fios se enrolarem e então desenrolarem.

— Como é a sensação? – Draco perguntou, assistindo surpreso.

— Não tenho certeza – Harry disse. — Não sei dizer se a cosquinha que sinto vem da magia ou se é coisa da minha cabeça. Tipo, eu acho que estou sentindo alguma coisa só porque eu posso ver a magia tocando minha pele. É muito sútil.

Decidindo-se pela bravura, Draco voltou sua atenção à corda prateada, que agora estava tão perto que quase atingira sua bochecha ao virar-se. Draco levantou sua mão, a palma estendida à frente, e deixou a magia prateada tocar a ponta dos seus dedos. — Incrível – ele disse, porque ele agora entendia exatamente o que Harry dissera. Não era muito diferente da sensação da magia em seu corpo, mas ainda assim era tão delicada que ele poderia usar sua imaginação se quisesse. Ele afastou sua mão, então fechou seus olhos e se aproximou novamente, para se certificar de que pudesse sentir o momento em que a energia o tocasse. Ele não tinha certeza e, ao abrir os olhos, viu que a corda de magia se enroscava entre seus dedos.

— É divertido – disse Harry, que balançava sua mão ao redor das cordas esverdeadas penduradas. — Não sinto maldade alguma disso.

— Não, eu também não – disse Draco, mesmo ciente de que isso não garantia sua segurança. Eles não sabiam como esse espírito-mágico funcionava e isso já o deixava perigoso. Ainda assim, ele também não estava com medo. — Talvez uma dessas é a Moira – ele sugeriu.

— Sim – Harry disse, sorrindo. — Talvez.

Draco também sorria, sem perceber. A magia era surpreendentemente divertida para se brincar. Depois de mais alguns minutos, ela se afastou, como se entediada. Draco a observou levantar de volta para o teto e juntar-se a seus companheiros.