III | Expresso de Hogwarts

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Sentado no deque de madeira da casa, o pequeno Harry conversava com sua cobra e, vez ou outra, se pegava observando o céu azul, enquanto bebia goles da limonada fresca preparada por sua mãe mais cedo. Logo chegava setembro e o verão caminhava para o seu próprio fim.

— Pense comigo, vai ser muito mais fácil de conversarmos se você tiver um nome que eu possa usar.

E que nome é que você sugere, Hnm?

Não era a primeira vez que eles tinham aquela discussão. Harry queria dar um nome a sua cobra de estimação. Ela, por sua vez, acreditava fortemente que nomes não são necessários para as criaturas.

Mas, dessa vez, Harry estava determinado a convencê-la.

— Serpens. Pense só, continua significando cobra, mas vou estar falando em latim. E é um ótimo nome.

Serpens… significa mesmo cobra? — a criatura perguntou, desconfiada. Não é a primeira vez que Harry tenta lhe dar nomes esquisitos.

— Sim. Eu pesquisei — respondeu, com muita confiança no que dizia. E era verdade, Harry tinha ido até a velha biblioteca da vila em busca de um bom nome para sua amiga de escamas.

Tudo bem. Parece importante para você. Mas sem apelidos, apenas Serpens!

— Obrigado! — o menino sorriu, acariciando as escamas da recém nomeada, Serpens. A cobra fechou os olhos em sinal de aprovação — Vou contar para a mamãe.

Serpens se enrolou no braço de Harry antes que ele se levantasse. O menino deu uma última olhada no céu (estava esperando uma carta de Draco Malfoy, o garoto que conheceu na Madame Malkin) e então entrou dentro de casa.

Elise estava sentada à mesa na cozinha, tinha muitos papéis espalhados e seu semblante estava cansado. Os óculos dela, de armação redonda assim como os de Harry, lhe escorriam pela ponta do nariz e quase caiam.

O menino a observou em silêncio por alguns minutos. Sabia que às vezes a mãe ficava daquele jeito, distante e exausta. Ele cresceu sabendo que seus pais biológicos tinham sido mortos por Voldemort e que Elise era grande amiga deles, mas só estando mais crescido pôde entender o quanto aquilo a machucava ainda nos dias de hoje.

Harry também sabia que existiram mais três amigos dela: um fora morto, outro, preso. E o último tinha desaparecido pouco tempo depois da morte de Lily e James. Esse, chamado Remus Lupin, tinha cortado contato com Elise e já faziam dez anos que ela tentava localizá-lo por quaisquer meios que conseguisse, mas sem sucesso algum, aumentando ainda mais sua dor e angústia. Não tinha nem a certeza de que ele ainda estava vivo.

Harry notava que às vezes sua mãe ficava assim, distante e com os olhos cheios de dor. Cada vez que ela falhava em contatar Remus, o último de seus amigos, alguma dor profunda que Elise tentava enterrar parecia outra vez vir à tona. O menino não gosta daquilo, do peso que sua mãe tenta esconder, mas que ele sabe que ela carrega consigo há dez anos.

— Mamãe? — ele chamou baixinho.

— Diga, meu amor? — Elise respondeu com o melhor sorriso que conseguiu formar. Um bastante cansado, como era quando a lua cheia estava próxima e por algum motivo que não entendia, Elise sempre parecia mais perdida nessa época.

Como se esse fosse um período difícil para alguém muito importante para ela.

— Ela finalmente aceitou um nome — Harry diz, apontando para a cobra enrolada em seu braço — Chamei-a de Serpens.

— Como cobra em latim?

— É. Foi a única forma de fazer ela concordar.

— Entendo — a ruiva riu baixinho da astúcia de seu pequeno menino — Muito inteligente da sua parte. Ah, agora que me lembrei… Draco já respondeu a sua nova carta?

HP 1| O Conto de Zahir (DRARRY!)Onde histórias criam vida. Descubra agora