XIII | Carta

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Harry já estava há três dias na ala hospitalar.

Cada história sobre o que aconteceu entre ele e o professor de defesa contra as artes das trevas era, de certa forma, mirabolante e excepcionalmente absurda. A história original, porém, tampouco ficava atrás dos boatos.

Quirrell era, literalmente, um duas caras. Com Voldemort parasitando seu corpo, como se fosse um verme intrincado na pele, o homem de turbante estava em busca de reerguer o seu mestre, utilizando a pedra filosofal para isso, seguindo cegamente suas ordens como um cãozinho obediente. Voldemort, porém, abandonou Quirrell assim que a morte iminente o alcançou, sua alma se desprendendo do corpo e vagando perdida e, no momento, sem esperança.

O mais assustador de tudo, afinal, não foi o embate entre Harry e Voldemort. Ah, não! Assustador mesmo foi quando Elise Potter irrompeu as portas do salão principal, jorrando xingamentos e ameaças cheias de raiva ao diretor- algo nada característico da doce mulher que nunca aumentava o tom de voz, quase o verdadeiro estereótipo vivo de uma lufana -. Nunca antes Elise esteve tão irritada na vida. Não com o filho, que embarcou em uma missão quase suicida, mas sim com Dumbledore, que não fez o mínimo para impedir tal situação.

Demorou muito para que a ruiva se acalmasse, a ponto de madame Pomfrey ter que lhe preparar uma poção calmante. Três dias depois, Elise ainda ficava deitada ao lado do filho na ala hospitalar, quieta e implorando que seu menino acordasse logo.

Os amigos de Harry estavam morrendo de preocupação. Draco, principalmente. O loiro ficava na ala hospitalar até ser enxotado à força por madame Pomfrey.

Em todo momento, apertava o pingente do colar que dividia com Harry. O azul que tinha tomado a pedra, representando a serenidade do sono, estava acinzentado. Draco não gostava de saber o que significava, mas sabia. Quanto mais acinzentada a cor, menos vida era detectada pela magia do pingente.

— Vamos, Draco, como um pouco — Hermione insistiu mais uma vez. Como nos velhos tempos, estava assentada na mesa da Sonserina. A essa altura, nenhum dos alunos da casa das serpentes estranhava a presença da menina. Novidade mesmo era Ron, que também estava com eles.

Draco remexia seus ovos mexidos com o garfo, o olhar perdido em preocupação.

— Você precisa comer, cara — Rony incentivou, dando um empurrãozinho leve no ombro do amigo — Logo o Harry vai melhorar.

O loiro abaixou o olhar e, no mesmo instante, levantou em um pulo.

— Draco? — Pansy perguntou, tinha se assustado com o movimento repentino.

Draco saiu correndo do salão sem dar explicação alguma aos amigos, que prontamente foram atrás dele.

A pedrinha de seu pingente estava brilhante outra vez.

O problema foi que, rigorosa como era, madame Pomfrey barrou as cinco crianças na porta da enfermaria.

— Harry está acordado, sei que está! — Draco exclamou, nervoso — Queremos vê-lo.

— O senhor Potter precisa de muito descanso no momento.

— Pergunte a ele! — Pansy sugeriu — Aposto que vai querer nos ver.

— Por favor, madame Pomfrey! Ele é nosso amigo — Hermione suplicou com a voz adocicada.

Na mesma hora, Elise saiu da sala e deu de cara com as quatro crianças. A ruiva tinha os cabelos presos em um grande rabo de cavalo, e parecia muito cansada.

— Ficaram sabendo que Harry acordou? — a Potter mais velha questionou, olhando para os rostinhos nervosos e apreensivos das  crianças — Como?

Draco apontou para o próprio colar.

HP 1| O Conto de Zahir (DRARRY!)Onde histórias criam vida. Descubra agora