Capítulo vinte

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O que poderia fazer para provar meu amor que sinto por um homem com a face ofídica?

Os meus "serás" não serão mais respondidos com cautela, ou sabedoria de uma mera estátua que me via me despedaçar com as mínimas palavras que um ser "sobrenatural" me falou.

_ Farei tudo que me pedir. - Aquilo doía mais que mil Crucius. _ Darei quantas vidas você desejar, mas o meu único desejo é que eu volte para o lado daquele homem que está destruindo tudo que vê pela frente. - Apontei para o portal.

O ser não falou, me fazendo ficar mais agitada ao longo de seu silêncio.

_ Merlim, Vida ou a temida Morte, me falem os seus desejos que farei o possível para se tonar realidade. - Não sei como. _ Ou atravessarei esse portal, mesmo que me despedaça entre os dois mundos.

_ Faça o que quiser, menina tola. - Uma pessoa de branco apareceu. _ Tiramos daquele mundo para você observar como deveria ser o mundo ideal que tanto desejamos. - Bufou.

_ O ideal? - Só poderia ser brincadeira.

_ Mas me parece que você é tão tola e irrelevante, como a palavra amor, que não temos mais essa abismada vontade de te ajudar, a enxergar o mundo de luz sem o sofrimento que esse homem que você diz tanto amar, quer impor para os seres mortais.

Sua coroa e seu rosto estavam cobertos por um pano branco, me fazendo pensar que poderia ser a Vida.

_ Ele quer impor o sofrimento que os humanos fizeram a ele, quando era mais novo. - Falei. _ Também pensava assim, Vida, mas o que adianta ser gentil e amoroso com as pessoas, se ela tem uma faca atrás das costas para enfiar em você quando mais precisar delas?

_ Você...

_ Acha errado o que ele faz, mas o que as pessoas fazem também não é errado? - Perguntei amargurada.

_ A menina está certa. - Uma pessoa com panos pretos apareceu ao seu lado. _ Criamos um ser humano, mas ele se transformou em um monstro com atitudes de outros monstros que conviveram com ele, deixe a menina decidir o futuro do mundo.

_Mas, Morte! - Contrariou.

_ Esse mundo está um caos, não por ter Voldemort, mas porque colocamos outros monstros em convívio com a luz. - Concordei. _ Deixe a menina ir e pediremos ao Destino que faça suas curvas mais rápido.

_ Você concorda com isso, Merlim? - Vida perguntou.

_ Não posso discordar da nossa calamidade. - Suspirou. _ Só peço que vigie a senhorita Black com os olhos bem atentos, Morte. - Me observou. _ Essa bruxinha pode estar desesperada agora, mas quando ela pisar os seus pés na Terra, não terá nada que a impeça de reinar com seu maldito amor.

Não estava errado.

_ Então irei a impedir. - Olhou para a minha barriga. _ Vejo que a semente do mal continua nela, se ama tanto aquele homem, amará seu filho igualmente?

_ Por que não amaria? - Perguntei.

_ Rogo uma maldição, menina das trevas. - Iria reclamar. _ Os filhos que vocês terão será igual ao pai, possuído pelo preconceito e pelas trevas.

_ Senhora Vida, obrigada por essa maldição. - Agradeci, como se aquilo fosse uma brincadeira. _ Se amo Tom Riddle, uma pessoa sem sentimentos, não iria amar meus próprios filhos igualmente?

_ Você é tão convencida, isso não é o mesmo.

_ Não se esqueça que o Tom só ficou assim, por não ter amor de uma família, lembre-se de minhas palavras. - Continuei sorrindo. _ Nada que diga aqui se tornará realidade, porque quem faz meu futuro não são vocês e sim, eu!

Com essas palavras que calou a boca dos seres sobrenaturais, Hermione colocou um pé no portal que Morte havia aberto e olhou novamente para a estátua, que admirava a beleza de suas rosas.

Sorriu com aquela cena e atravessou o portal, sorrindo por finalmente rever seu Voldemort.

Parou na frente da porta do escritório, que sabia que encontraria aquele homem com face ofídica.

Ela não temeu nem mesmo um segundo, apenas girou a maçaneta e adentrou naquele ambiente destruído pela raiva.

Ninguém com a sanidade perfeita iria entrar naquele lugar, tinham medo de morrer ou medo de sofrer, por estarem vendo o seu mestre vulnerável por uma ex nascida trouxa.

Nem mesmo a mãe da menina que tinha que estar ali, confortando seu mestre pela perda dos dois, estava. Não por temer aquela fera e sim, por respeitar o sofrimento recíproco que tinham em comum.

Cada passo que Saiph dava, era uma batida descompassada do seu coração, ela o via, não por via portal, mas pelos seus olhos.

Seus olhos ficaram marejados, parecia que iria demorar milênios para que o alcançasse, mas demorou cinco segundos para que se ajoelhasse e pedisse para que o homem, furioso a sua frente, a olhasse.

A sua rainha, Imperatriz, Lady e finalmente sua estrelinha, estava ajoelhada a sua frente... Não era mais uma alucinação.

Era ela, sua estrelinha, depois de uma semana ele a via, a sentia e a beijava para aliviar aquela raiva que o mundo lhe causou.

_Como? - Tentou se acalmar. _ Por quê?

_ Apenas se deite no meu colo e sinta que não é um sonho. - Sorriu. _ Não é tarde demais para ser confortado pela sua estrelinha. - Acariciou o rosto do homem. _ Sinta o meu calor e sinta que não o abandonei.

_ Entregaria minha vida eterna apenas para poder te encontrar, mesmo que não pudesse estar no mesmo lugar. - Falou, se deitando no colo de sua amada. _ Eu lhe imploro, não me deixe como ela me deixou, não aguentaria ser abandonado novamente. - Comentou de sua mãe.

Tom Riddle necessitava não apenas de um mundo controlado por si, mas dele sendo controlado e amado por aquela mulher, o abraço e conforto que nunca teve de sua mãe, estava tendo por aquela menina.

Desde que ele a salvou naquela noite, sua vida havia mudado, da água para o vinho.

O que ele poderia dizer? Ele estava perdido e toda sua dor, sofrimento e sono, estavam desabando em seus ombros e aquele conforto que estava tendo, o acalmou.

Acalmou a fera que residia dentro de si. Ele não precisava mais do mundo, mas precisava daquela estrela que mais parecia morfina do que um céu estrelado no infinito.

O fim estava próximo, mas suas palavras não foram ouvidas por aquela mulher. O céu e a Terra estavam um caos, mas naquele momento, nada mais importava. Apenas naquele dia.

Total de palavras: 1.046.
Revisado: 07/08/23.

A Estrela de VoldemortOnde histórias criam vida. Descubra agora