[LV] DARK SIDE - Todos Temos Algo A Esconder

PARTE I: Capítulo 1

Dias Atuais.

Era uma noite calma de sexta feira quando Angeline e Ruby entraram no quarto gargalhando escandalosamente. Eu grunhi alto e virei de lado, voltando a ler o PDF no celular. Não era comum elas voltarem para o quarto depois de saírem junto com as outras alunas do Internato Feminino Kiera Lut. Bem, considerando que já se passavam das dez da noite, não sei nem como elas conseguiram permissão para entrar na escola.

- Allison, acorda! - Ruby cantarolou com uma voz alegre até demais.

Eu pus o meu travesseiro em cima da cabeça, pensando que assim estaria camuflada das duas, mas Ruby veio até mim e puxou meu cobertor, fazendo com que eu me encolhesse de frio em minha cama.

- Vamos, Ally. - Angeline disse, ficando ao lado da amiga ruiva. - Levanta essa bunda gorda daí e venha curtir a noite com a gente.

Ao sentir o bafo dela, pude perceber que elas estavam bêbadas. "Como se ter visto a Angel tropeçar do nada no meio do caminho não fosse o suficiente para concluir isso," pensei.

- Vocês podem me deixar em paz? - perguntei.

- Acho que não, senhorita. - Ruby disse, se sentando ao meu lado na cama, dizendo "senhorita" de um jeito debochado.

- Você precisa sair e se divertir pelo menos hoje. - Angeline disse. - Tem algo mais importante para fazer?

Eu abri a boca para lhe dizer que fazer uma maratona de Once Upon A Time e Pretty Little Liars era mais interessante que ir para uma balada - também conhecida como lugar e fedorento e mal iluminado - e ficar entre um casal que quase se comia em público e um bêbado que iria ficar dando em cima de mim. Mas antes que eu pudesse responder, Ruby disse:

- Você não vai recusar dessa vez. Vai sair com a gente hoje, gatinha. - e se levantou. - Angel, procure uma roupa para ela enquanto eu vou procurar uma calcinha decente.

- O que quer dizer com "uma calcinha descente"? - sentei-me na cama, levantando uma sobrancelha para ela.

- Quero dizer uma calcinha que não pareça que você usa uma frauda geriátrica.

- E quando uma calcinha normal não é uma frauda geriátrica para você? - Angel perguntou e eu ri.

Angeline e Ruby eram minhas colegas de quarto. Elas eram muito amigas. Sempre saiam aos fins de semana para "curtir a vida" e sempre voltavam na segunda com ressaca e com um mau humor terrível que as deixava incomunicáveis até terça. Eu já tinha convivido com pessoas assim, mas conhecer garotas em um internato conservador como este que levava esse estilo de vida era um choque.

Na minha antiga escola só tinha garotas que nem ao menos sonhavam em chegar perto do que era perigoso ou muito errado e, por isso, ignoravam-me por completo. Então ter garotas que falavam comigo por outro motivo que não fosse educação ou obrigação também era novidade.