Capítulo 7

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Winter Rosewood:

Tudo girava. Meus olhos doíam e eu sentia que suas tripas iam sair do meu corpo a qualquer momento.

A luz acesa do quarto parecia queimar minhas retinas e o barulho que Brianna fazia para se arrumar era como explodir meus tímpanos.

— Acorda bela adormecida, o sol já nasceu e os passarinhos estão cantando! — Pansy entrou animada em seu quarto. Minha cabeça iria explodir. Ou talvez eu explodisse a cabeça de todos antes. Funcionaria também. — Tome. Beba isso, vai ajudar com a ressaca. — O cheiro pungente da poção atingiu minhas narinas fazendo meu estômago revirar.

— Nem morta, parece que uma ninfa foi assassinada e deixada para apodrecer aí — Disse afastando o copo que a mão da morena segurava perto de meu rosto.

— É por que é exatamente isso bobinha! —  A informação nova pareceu me deixar mais desperta, uma nova onda de sobriedade atingindo meu corpo. — Estou brincando. Agora deixe de agir como uma garotinha e bebe.

— Eu sou uma garota. — Tampando o nariz bebi tudo rapidamente. Arrepios dos mais diversos passando pelo meu  corpo. — É sério, o que tinha ali?

— Acredite, não vai querer saber. Agora levante e se arrume, não vai querer perder o café da manhã.

Eu desejava ter perdido o café da manhã. 

Cho Chang estava se esfregando em Cedric como uma cadela no cio. Ela era ridícula. Ele era ridículo! No que estava pensando para fazer isso com seu pobre coração? Que direito ele tinha?

A resposta era: Nenhum!

Mas doía, como doía. A cada carícia que o lufano trocava com a corvina, eu sentia meu coração rasgar mais.

Eu não havia aprendido a lição da primeira vez, aparentemente. Bom, não deixaria isso barato. Aguarde sua vez Cedric Diggory, ela vai chegar. E vai doer.

Narrador: 

Nott assistia da mesa da sonserina, Winter observar a mesa da lufa-lufa. Ele sabia que a garota de pele alva como a neve não tentaria nada. Não em público, pelo menos. Winter poderia ser sorrateira quando queria. Ele sabia, e amava aquilo na garota.

Por fora, um rosto doce e gentil, que não faria mal a uma mosca. Frágil. Por dentro, o coração de um dragão e a força de uma besta. Perigoso. Era lindo. E o melhor, escondido. Ninguém sabia desse lado, só quem já o havia visto. Ela era como uma cobra no deserto, rastejava sob as dunas silenciosamente até seu inimigo para dar o bote. Eles não saberiam o que havia atacado.

 Uma verdadeira sonserina. Lilith, nunca Eva.

Ele já havia sofrido nas mãos dela algo pior do que isso. Não era vingança, mas sim desprezo. Ele sabia como ninguém como ela podia ser cruel e traiçoeira. Mas também sabia que nem sempre foi assim, ela já havia sido o ser mais puro que ele havia conhecido, que irradiava luz própria. 

Mas isso não era mais verdade, não é?

Ela estava decidida a machucar Diggory da mesma forma que ele a havia machucado.


Winter Rosewood:

Na aula me sentei com Pansy, que havia ido ao banhieiro e os meninos. Pouco depois Diggory chegou e foi até minha carteira.

 — Tá ocupada. Sai lufano! — Disse Pansy sentando do meu lado de novo. 

— Pensei que a gente sentasse junto Winter. — Ele me olhou com confusão.  Mattheo deu uma risadinha ao fundo.

— Vou sentar com a Pansy hoje, temos coisas pra discutir. — Respondi distantemente, a cena dele se agarrando com Cho no corredor ainda viva em minha mente. Assim como me lembrava do afago de Nott em meus cabelos enquanto me acalmava. O toque ainda vívido em minha pele.

— Tomem seus lugares — Disse o professor Snape antes de começar sua aula.  — Estou falando em grego por acaso Sr. Diggory?

Com um último olhar, ele se afastou dos sonserinos e se sentou com um dos alunos de sua casa. 

— Tudo bem Winter? — A morena perguntou. — Ele fez alguma coisa? 

— Tudo sim Pansy — um suspiro deixou meus lábios. —Ele é um babaca, só isso. 

— Que boca suja diabinha! — Senti meu corpo aquecer. Era a primeira vez que ele falava comigo hoje. Por mais que ele tivesse sido gentil comigo ontem, isso não apagava tudo o que ele já havia me feito. 

— Vai caçar sapo Nott — disse irritada. As lembranças de 3 anos atrás rastejando em minha pele.

O beijo proibido; A traição; Os gritos; As súplicas; O medo; A negação; A raiva; A negociação; O desespero; A depressão; O luto; E por fim, a aceitação. 

As 12 etapas que mudam a vida de alguém.

 Mas tem outras que vem depois delas, como a letargia, quando se sente perdido e sem forças para continuar. O ódio, que pode ser o sentimento mais puro que alguém pode ter. A vingança, acho que não preciso definir esse, não é? E então, a morte, o fim de tudo para uns, o recomeço para outros.

Narrador:

No fim da tarde naquele dia, Winter resolveu ir para seu esconderijo. O lago encantado da floresta proibida. A clareira de grama verde brilhante e o lago de água azul cristalina reluzente eram uma das maiores belezas que ela já havia visto. Ali era seu refúgio. Sua calma.

As palavras de sua mãe naquela noite escura e sombria eram vívidas, sempre indo e voltando, tal como a maré e um lembrete vivo de que ela estava presa às trevas e nunca poderia sair dali.

"Você é uma desgraça para toda a sua linhagem Winter. Como pode fazer isso conosco? sujar o nome de nossa família assim? sabe o que tive que fazer para retomar às pazes com o Lorde das Trevas?".  seguidas das palavras duras de seu pai. "Menina tola, você não é mais minha filha. Servir ao lorde é a maior conquista que poderá ter em sua vida, e você o fará excepcionalmente. Entendeu? Ou eu juro, que eu mesmo matarei você".

Quando Theodore à entregou para o Lord e mentiu para ela, a pequena Winter sofreu o mesmo que um prisioneiro de guerra inimigo sofreria. O mais puro sofrimento. Ela desejava morrer, a morte seria uma gentileza. Mas comensais não possuem gentileza, muito menos as concedem. 

An Enemie's Story - Theodore NottOnde histórias criam vida. Descubra agora