Capítulo 4 (Degustação)

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Liz Cavalcante

A nossa casa está com o dobro de segurança que tinha desde que saí, o que me faz estranhar de imediato a necessidade. Logo que paro a minha PCX em frente ao portão não demora para as portas automáticas se abrirem e eu pude ver mais homens lá dentro. Penso na mesma hora que tem algo de errado lá fora, Caveira não estaria com essa tropa inteira a nossa disposição se não fosse o caso.

O relógio marca em meu pulso oito e vinte e eu sei que ele já está em casa por causa da moto estacionada na vaga da garagem, entro dentro de casa após cumprimentar os vigias e encontro a sala com as luzes apagadas mas a sala de jantar está acesa. Me aproximo devagar do cômodo ao ouvir você, arrumo a minha bolsa no ombro e me aproximo.

Antes mesmo que eu pudesse aparecer no cômodo ele já aguardava a presença de alguém, seus olhos capturam os meus e ele desvia totalmente o olhar do seu aliado que falava pelos ventos.

— Boa noite. — Desejo passando os olhos por Rogerinho e os outros três que não me recordo o nome.

— Boa noite aí. — Desejam em uníssono, volto a olhar para o Caveira e ele permanece me olhando com aquele brilho vanglorioso brilhando no seus olhos.

Eu sei que ele está satisfeito em me ter aqui, ele sabia que lá no fundo eu iria voltar e por mais que eu negue, por mais que me aconselhe eu sempre retorno para o lugar onde eu vivi os meus últimos oito anos. Não sei se é porque o medo de viver sozinha é maior ou porque está aqui me faz pertencer a uma casa, montei esse sobrado do jeito que imaginei em sonhos e ele permitiu tudo isso, talvez abrir mão dos meus luxos mexa tanto comigo que eu prefiro voltar para casa.

Posso está sendo corna e está aceirando traição, mas como posso explicar isso para o meu coração que só acredita vendo? Sinto no fundo que existe algo de errado mas eu sou persistente e não vou conseguir largar até ver com meus próprios olhos esse nojento com as mãos em outra, e no instante que eu ver eu juro que nada no mundo vai ser capaz de me fazer permanecer com ele.

Apesar da minha vontade de colocar ele contra a parede e gritar na sua cara para que ele me fale de uma vez com quem ele está saindo seja grande, eu não faço. Quando deixo a sala de jantar sei que ele está me acompanhando com os olhos até o momento que subi as escadas, caminho em direção ao corredor e entro na minha suíte.

A cama está com o mesmo lençol que deixei, ele não moveu nem uma almofada do lugar e eu fico satisfeita por ele não ter dormido aqui. Existe outros quartos e ele pode escolher um deles pra passar às próximas noites porquê na minha cama ele não vai dormir, não até assumir.

Assim que largo a minha bolsa na cama ouço a notificação em meu celular, agarro o aparelho e vejo o nome de Felícia.

Felícia: Já está em casa amiga? /20:25

Estranho a sua pergunta, falei que tinha brigado feio com o Caveira é que não sabia que iria retornar pra casa, mas como sempre ela deve ter deduzido que no final das contas eu sempre volto para casa.

Liz: Sim, estou em casa. /20:26

Largo o celular em cima da cama e me dirijo até o banheiro para poder tomar uma ducha, dentro do cômodo procuro pela minha touca e a ausência dela me faz pensar que ele tenha jogado minhas coisas foras. Aproveito a ausência da touca para poder lavar os meus cabelos mas quando estou com os fios molhados não encontro meu shampoo da Kérastase, apenas o da Truss e aí eu já acho um absurdo. Lavo meus cabelos com a linha da Truss mas pensando na minha linha caríssima da Kérastase que ele jogou fora.

Infiltrado no seu coração Onde histórias criam vida. Descubra agora