Prólogo (Degustação)

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Liz Cavalcante
Complexo do Alemão

Sinto meu coração disparado em meu peito a cada passo que dou em direção aquela sala, minhas mãos estão amarradas e eu sei o que me aguarda do outro lado. Por anos tive que lidar com esse homem, por anos descobri as manhãs para escapar de um julgamento mas hoje eu não fui esperta o suficiente.

Deixei aquele homem entrar na minha vida, deixei que ele se infiltrasse no meu coração e fizesse o que bem entendesse apenas para tirar aproveito da situação e onde ele está? Estou sozinha e vou ter que aguentar o rojão completamente sozinha por ter sido idiota e ter cogitado que alguém como ele fosse arriscar a sua vida para tirar o meu da reta.

Caveira está parado a alguns metros de distância com as mãos postas à frente do seu corpo, a arma está em suas mãos e seus olhos avermelhados estão direcionado na minha direção. Sinto meu coração saltando do peito, ele é três vezes maior que eu e eu sempre soube que desafiar a sua fúria seria a mesma coisa de bater de frente com o diabo.

— Está sozinha?

Jorge empurra meu corpo para frente para que eu ande, nem ao menos percebi que parei de andar desde que o vi.

— Cadê o teu amor? Ele te esqueceu aqui?

As lágrimas tornam a descer pelos meus olhos quando ouço a referência do Taverna, é tudo tão recente e eu me sinto tão idiota por ter acreditado nele, hoje estou pagando com a minha própria vida por causa dele.

— Você sabe muito bem o que aconteceu, Daniel.

— Daniel uma porra, meu nome é Caveira pra você. — Aponta visivelmente irritado, se aproxima em passos duros e agarra o meu rosto me encarando de perto — Esquece qualquer intimidade que tu teve comigo, esquece qualquer merda que tu acha que viveu comigo porquê hoje eu não tenho mais lembranças alguma contigo, tu foi uma imprestável que me traiu e compactuo pra que aquele filho da puta tirasse o que era meu, o que me pertencia. — O aperto em meu rosto intensifica e eu sinto uma dor fora do normal em minha mandíbula.

— Assim como você eu não sabia de nada, ele me enganou tanto quanto te enganou e..— não consigo terminar de falar, sua mão se enche em meu rosto e ninguém me segura quando meu corpo colide para o lado com a intensidade do tapa.

Minha cabeça lateja quando meu corpo colide com o chão, tento levantar o olhar e o encontro me olhando com as íris em chamas e a arma apontada para mim.

— Não faz isso Caveira, acredita em mim.. — Peço em meio às lágrimas que inundam meus olhos.

Sei o quanto a traição dói, sei o quanto ele deve está se sentindo horrível por ter perdido o comando da sua favela e ter que se esconder em um galpão. Nada no mundo seria capaz de fazê-lo acreditar em mim, e eu vejo isso no instante que ele engatilha a arma.

— Tu fez a tua escolha.

Fecho meus olhos e imploro para não sentir dor, peço a Deus que seja rápido e incolor mas quando senti a bala perfurando a minha pele senti como se ferro estivesse rasgando a minha pele. Não consegui gritar tampouco ter qualquer reação quando um segundo tiro me atingiu e eu precisei lidar com toda aquela dor novamente. Não sei em que momento meu corpo cedeu e eu perdi a consciência mas eu soube que não teria chances para mim nessa vida novamente.

Não depois de ter traído um Criminoso.

Infiltrado no seu coração Onde histórias criam vida. Descubra agora