Capítulo 3 (Degustação)

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Liz Cavalcante

Sol tava estralando no Rio, sensação de quarenta graus ou mais. Hoje é sábado e eu tô na minha luta de todos os dias fazendo meu provador pra a loja da Suelly com a nova coleção, ar condicionado está estralando até os últimos para que eu possa finalizar as fotos, quando termino posso enviar guardar as peças e ir tomar uma ducha fria. Minha mãe foi na feira junto de Mirella e meu padrasto foi assistir o jogo do mengão no bar e cá estou eu sozinha na residência de minha mãe.

Após a ducha tenho um sobressalto alto ao ouvir um rojão soar alto do lado de fora, sei que se trata das comemorações que anda rolando mas a cada fogo de artifício é um medo diferente porque quem vive aqui sabe o que isso significa quando não tem jogo. Teve uma época que caveira até mesmo proibiu esses negócios de fogos mas ele mesmo permitiu que voltasse depois.

Visto um shorts jeans bem folgadinho com uma blusa soltinha da Mirella antes de partir para a cozinha para poder colocar algo pra dentro e editar as fotos e publicar, para poder então receber o meu cachê.

Estou entrando na sala quando ouço a porta da sala se abri, penso que é minha mãe mas meu coração sofre em disparada ao ver Caveira com a cara fechadíssima.

— O que tá fazendo aqui Caveira?

— O que eu tô fazendo aqui sua filha da puta? — Ele aperta o passo na minha direção, tu ficou? Pois eu meti o pé pra dentro da casa, corri com força até o quintal — Não foge de mim não Liz, vai ser pior pra ti e tu sabe disso.

— Me deixa em paz Caveira, vai procurar tuas vagabundas.

— Eu já encontrei! — Ele branda alto, fecho meus punhos quando sinto a raiva fervem em meu sangue com o xingamento.

Corro até o quintal, fico entre ele e a extensa mesa de madeira e ele se aproxima lentamente me observando.

— Não adianta tu fugir Liz, você tem a porra de um papel para cumprir comigo.

— Nao foi dessa forma que escolhi viver com você, Caveira.

— Você esperava o que amor? — Ele abre um sorriso torto — Você mede o nível da tua loucura com a minha e espera o que? — Ele vai para a esquerda e eu me esquivo indo para a outra direção. — Não me testa Liz.

— Você sabe o que você fez, você não tem a capacidade de reconhecer o que fez por que?

— Quais provas você tem? — fecho meus punhos com a sua madeira de me fazer agir igual louca

— Não vou ficar quebrando cabeça indo atrás de provas, eu sei quando o cara que dorme todos os dias comigo está me traindo.

— Deixa de lorota e vamos embora logo antes que teus pais cheguem por aqui.

— Não, eu não vou embora contigo. Tô farta de você, vai procurar a tua vagabunda.

Ele balança a cabeça e respira fundo alguns vezes antes de esfregar a mão no cavanhaque e dar três passos súbitos na minha direção, tento correr mas antes que pudesse pensar ele está com os meus cabelos em suas mãos me mantendo estabilizada no lugar.

— Você vai pra a tua casa sim que lá é o teu lugar. — Ele aperta a raiz com força e eu preciso conter um gemido doloroso — E tu vai ficar quieta tá me entendendo? Já dei a porra do tempo que você me pediu não dei? Tá de neurose me mandando embora agora por que se tu disse que ia voltar pra casa domingo?

Infiltrado no seu coração Onde histórias criam vida. Descubra agora