Capítulo 6 (Degustação)

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Liz Cavalcante

Esfrego o pincel pela minha pele sentindo o líquido se espalhar pela região deixando linhas finas, após molhar toda a pele com a base aproximo a esponjinha e começo a alinhar a base com o meu tom de pele. Sinto como se fosse uma terapia, sentada de frente para o espelho começo a me produzir para mais um trabalho na esperança de que ocupasse a mente para não questionar o desaparecimento do Caveira na noite passada.

Realmente não é mais algo que me importa, estou tentando me convencer disso desde o momento que não o ouvi o motor da sua moto ontem à noite mas o processo é lento. Apesar do nosso relacionamento já está em um nível de alto desgaste uma parte de mim ainda sente ódio e se importa.

Estou finalizando a minha sobrancelha quando ouço pisados vindo do corredor, em segundos ele aparece no meu campo de vista e a primeira coisa que observo é a camiseta amassada.

— Pra onde você vai? — Ele ainda tem a capacidade de vir me perguntar isso depois de sumir na noite passada.

Continuo fazendo a minha maquiagem sem a mínima vontade de respondê-lo.

— Eu tô falando com você Liz, onde você pensa que vai? Tu não vai sair dessa casa.

Preciso dar risada disso, é impossível conter o riso com ele agindo como se tivesse alguma posse sobre mim

— Vou para o mesmo lugar que você estava. — Ele avança em minha direção, afasto o pincel do meu rosto e miro os olhos na sua face através do espelho.

O vejo se ajoelhar atrás de mim e antes que eu possa me esquivar ou tentar me defender ele captura a minha nuca com a mão me deixando indefesa.

— Escuta só sua vagabunda. — Ele diz com a boca cravada no meu ouvido — Eu não vou permitir que você saia dessa casa está entendendo? Você quer se amostrar pra quem em? Fiquei sabendo que tu disse que vai pousar seminua pra a tua amiga que tá abrindo uma loja mas eu sinto muito destruir teu desejo de piranha mas você não vai.

– Me solta. — ordeno apertando seu punho e afundando a unha cada vez mais

– Está me escutando porra? Se eu sonhar que você tá indo contra o que eu tô falando eu vou te quebrar na porrada.

— Me solta! — Empurro meu corpo com força pra trás e ele acaba cambaleando e me trás pra cima dele, grunhi e bati a minha cabeça na sua para ele poder me soltar.

Consigo me colocar de pé mas no instante que meus pés se cravam no chão ele agarra as pontas dos fios me forçando para baixo novamente, quando caio no assoalha ele está acima de mim com as mãos em volta do meu pescoço.

Eu não mereço isso. Não mereço isso.

— Qual a porra dá dificuldade de você me obedecer? — Seus olhos então em fúrias, não sei quem falou pra ele que vou pousar para a Helena mas está nítido que isso o aborreceu como nunca aconteceu antes.

– Liz? — Meu coração acelera ao ouvir aquela voz, viro meu rosto e vejo o rostinho apavorado da Mirella e com isso Caveira tira as mãos de mim e se coloca de pé. — O que.. o que..

— Tua irmã e eu só estávamos brincando. — Ele tenta amenizar o que ela viu, não sei o que o faz agir dessa forma e recuar toda vez que alguém vê ele me agredindo mas hoje eu agradeci por isso, não queria traumatizar mais a minha irmã.

— O que está fazendo aqui Mi? — Ajusto a minha roupa e me sento no chão, ela permanece me olhando com os olhos castanhos arregalados e o a expressão apavorada.

— Eu.. eu.. eu tava passando vindo da escola e..— ela olha para o caveira — e me deixaram entrar, eu sabia que você tava em casa porquê a moto tava lá embaixo e.. — Ela olha novamente para o caveira — Eu não quis atrapalhar a "brincadeira"de vocês.

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