OVA 1

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Eu sempre soube da péssima visão que Kei Tsukishima tinha, e tinha um costume de zombar dele com essas coisas, ao conhecer ele melhor descobri que o loiro usava lentes de contato vez ou outra, quando precisava sair para um compromisso importante, ou quando seus óculos estavam com as lentes sujas. Ele também era super detalhista, se não estava tudo arrumado, ou limpo, corretamente, ele simplesmente migrava para outro plano e odeia, então eu tive a felicidade de o ver sem óculos algumas vezes, e me sinto privilegiada por ter tido essa linda visão dele.

E era sobre isso que eu estava conversando com Hinata, Tobio, Yamaguchi e Kei, eles conversavam sobre graus, e o que não fazer se você não quer usar óculos. Nessa conversa descobri que Yamaguchi tinha um grau leve de miopia, que não precisava usar óculos o tempo todo, mas ele costumava usar quando estava em casa, o ruivo comentou que não se daria bem usando óculos mas acha charmoso em algumas pessoas, e gostaria de colocar um para ver como ele ficava.

O que despertou uma ideia em mim.

— Você não enxerga nada sem óculos? - virei o rosto para encarar meu namorado sentado no banco a minha frente, suas sobrancelhas arquearam surpreso, provavelmente ele sabia minhas intenções e estava claramente negando qualquer outro tipo de pergunta.

— De perto minha vista continua embasada, então é... Nada. - respondeu sem muito humor enquanto ajeitava os óculos com o dedo indicador.

Posso experimentar? - abri um sorriso sugestivo enquanto me aproximava mais um pouco dele, o garoto me fuzilava com o olhar, e mesmo assim retirou os óculos colocando em mim. Totalmente diferente do que estou acostumada, não enxergava nada, até mesmo os garotos que estavam próximos, eu enxergava embasado. — Céus! Eu não vejo absolutamente nada.

— Você fica péssima com esses óculos. - fiz uma cara emburrada me virando na direção a onde eu achava que estava meu irmão, o idiota que disse aquela frase. — Você está olhando para o Sho, estou aqui. - vi uma silhueta se mexer e encarei.

— Eu também não enxergo nada, tira logo que faz mal pra vista. - escuto Kei e me viro na direção de sua voz, e retiro os óculos, mas antes mesmo de eu o entregar nas mãos dele, um corpo vem de encontro ao meu, esbarrando fortemente fazendo com que o óculos caia com força no chão. — Misa, diz que esse barulho de algo caindo no chão foi você e não me óculos.

— Me desculpa, Misa Misa! - Nishinoya se desculpava aos berros fazendo uma reverência, eu não dava a mínima sobre ele ter esbarrado em mim, meus olhos estavam no chão vendo o óculos do loiro no chão, com a lente esquerda trincada. — Eu vou indo-

O passo que Nishinoya havia acabado de dar, causou mais estragos, o som de algo quebrando mais ainda aumentou a carranca irritada de Kei, que estava totalmente bravo.

Eu por outro lado, desesperada.

O garoto me encarou mais uma vez em pânico e berrando por desculpas, se ajoelhando no chão e dizendo que iria pagar o concerto, a situação toda foi caótica ao extremo, Tobio dando risada junto de Hinata, Yamaguchi tentando impedir um homicídio, e eu totalmente perplexa encarando o óculos quebrado em minhas mãos. Percebi que meu namorado não estava tão irritado, e sim incomodado, provavelmente porque ele não conseguia ter visão de nada sem os óculos, e isso iria o impedir de fazer muitas coisas, ainda estávamos no intervalo o que era uma notícia boa, mas logo voltaríamos para a sala de aula, e depois ele teria treino.

— Me desculpa, não devia ter pegado seus óculos. - resmunguei próxima a Kei, ouvi ele respirando fundo e fechando os olhos. — Eu vou ser seu guia, e não aceito não como resposta. - segurei firme em sua mão e o guiei para a sala de aula antes mesmo do sinal, já que depois seria uma confusão e daria mais trabalho a nós dois. — Eu passo as atividades depois, prometo.

A aula foi mais tranquila do que eu esperava, os professores passaram atividades mas nada muito exagerado, fiz lição em dobro, o que não foi problema, continuei concentrada nas aulas e no rapaz sentado atrás de mim. Impaciente, ele estava totalmente inquieto, diferente do que costuma ser, batucava os dedos na mesa no ritmo de alguma música provavelmente.

Quando as aulas se encerraram, guardei os materiais dele e entreguei a mochila pro mesmo.

Kei Tsukishima, ele é um garoto tímido, mas agora ele parecia dez vezes mais constrangido ao ter eu cuidando dele, o guiei mais uma vez até o ginásio, no entanto paramos na porta, o loiro se manteve em silêncio e se virou na minha direção, mas encarava o ar, dei risada levando minha mão ao seu queixo abaixando o rosto dele para ele finalmente me ver.

— Avisei Ukai que vou voltar pra casa. - ele disse.

— Me espere aqui então.

— Por que?

— Você mal me enxerga, não pode voltar sozinho pra casa né? - fui rápida em entrar no ginásio e explicar a situação de Kei ao treinador, quando voltei ele continuava plantado no mesmo lugar, agarrei a mão dele e fomos caminhando pelas ruas, avistei um pôster em frente a uma loja de dvd, era de um filme sobre dinossauros que ele estava falando um tempo atrás, com as datas de lançamento e essas coisas. — Kei! O pôster daquele filme que você falou o mês inteiro, de dinossauros, sabe?

— Jurassic Word? - ele resmungou baixo enquanto olhava em volta tentando procurar.

— Isso. - retirei o celular do bolso tirando foto do pôster. — Quando chegarmos na sua casa eu mostro a foto que tirei.

Não demoramos muito e estávamos na casa dele, subimos para o quarto e eu o ajudei a procurar o óculos reserva do mesmo, que no foi difícil pois ele se lembrava a onde tava, não era o modelo que ele costumava usar, era uma armação redonda. Confesso que fiquei surpresa em o ver usando aquele tipo específico, mudou totalmente a personalidade dele.

Está diferente. - comentei sorrindo.

— Ganhei de presente da minha mãe uns anos atrás, nunca usei, mas o grau é o mesmo. - ele comentou enquanto se olhava no espelho ajeitando os óculos.

— Não vai deixar eu experimentar dessa vez?

— Com certeza não. - ele se virou rindo sarcástico revirando os olhos, aquela típica reação dele, suas mãos mãos grandes foram de encontro a minha cintura apertando e aproximando nossos corpos, o que me deixou envergonhada pelo gesto inesperado que ele tinha mania de sempre fazer.

— O-O que foi? - ele continuava com o sorriso confiante e alegre.

— Me lembrei de como você é bonita, Misa.

— Por que você tem que dizer essas coisas do nada?! - escondi o rosto em seu peito, que não durou muito, pois ele ergueu novamente com sua mão, e colou nossos lábios. — E por que me beija do nada também?!

— Deveria te avisar?

— Isso seria mais vergonhoso ainda!

— Você é complicada. - ele mordeu os lábios.

— Você que é imprevisível. - o encarei ainda envergonhada e irritada.

— Assim temos mais emoção.

CAMISA 11Onde histórias criam vida. Descubra agora