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O DIA ESTÁ ÓTIMO, eu quase não vi Kei, o pessoal da Karasuno eu via, mas Kei em específico não muito, e quando o via não tinha tempo de o cumprimentar, era como se ele tivesse fugindo de mim.

E se tem uma coisa que eu não suporto é isso, se ele está fugindo tem algum motivo, e provavelmente é relacionado a mim, custa me contar? Assim isso iria se resolver mais rápido, por isso após todos aqueles jogos quando todos estavam indo embora eu decidi que iria ao lado de Kei no ônibus, tanto que avisei Tadashi antes e ele aparentemente concordou em me ajudar com isso. Quando entrei no ônibus estavam quase todos lá, Tobio me olhava esperando que eu sentasse no banco vazio ao seu lado, mas não fiz isso, sentei no banco vazio ao lado de Kei, ele usava fones e encarava a janela mas assim que me sentei ele se virou totalmente assustado.

— Surpreso? - questionei sorridente. Ele engoliu seco e voltou a olhar a janela, o restante do time entrou no ônibus e Hinata ficou ao lado de Tobio, e em alguns segundos o ônibus deu partida.

— O que tá fazendo? - perguntou sem humor e em um tom baixo. Olhei em volta vendo que literalmente todos estavam exaustos e praticamente dormindo, Tobio mesmo já estava de olhos fechados.

— O que você está fazendo? Fugiu de mim esse tempo todo, imaturo demais. - ele se virou me olhando nos olhos.

— Não fugi de você. - respondeu calmamente.

— Mas eu não te vi nenhuma vez, e quando te via você realmente aparentava estar fugindo, o que esteve fazendo de tão importante então?

— Eu estava em um amistoso, provavelmente não me viu porque estava com o Kuroo. - ele disse e virou o rosto após tentando esconder as bochechas vermelhas, mas eu notei. — E por que o interesse repentino? Faz diferença eu falar com você ou não?

— Entendi. - sorri confiante e deixei uma leve risada escapar. — Está com ciúmes? - ele se virou totalmente espantado.

— Tá maluca?! - ele tirou os fones deixando em volta do pescoço.

— Calma Kei, foi apenas um comentário, mas respondendo sua pergunta, faz diferença pra mim falar com você ou não.

Não sei da onde tirei coragem pra dizer essas palavras, mas eu disse, e sinceramente não me arrependo, não é de agora que sinto uma confusão em relação a Kei, ele realmente me deixa confusa e me faz sentir as malditas borboletas, por mais que eu tente não consigo ignorar isso tudo, eu sou realista e sempre procuro me livrar de confusões e entender a situação. E se o que eu sinto por ele for realmente uma atração, não quero guardar isso pra mim.

— Você bebeu? - ele tinha um riso sarcástico.

— Desculpa. - ri junto. — Ignora o que eu disse, mas tente não fugir de mim na próxima vez, ok?

— Eu não fugi. - ele ficou mais sério. — Só não queria atrapalhar você com seus amigos.

— Am? Não ia atrapalhar!

— Aham, sei. - ele colocou um lado do fone apenas. Era estranho ver Kei usando fone de fio mas hoje ele estava. — De qualquer jeito, você me deixa confuso, cuidado com o que diz...

— Hm, posso ouvir música com você?

— Confia no meu gosto musical?

— Se for ruim eu tiro. - dei risada e peguei o outro lado do fone.

Depois disso não me lembro de muita coisa, só da sensação. O frio na barriga, um conforto inexplicável e a vontade de ficar assim pra sempre. Após um tempo eu abri os olhos apenas para ter certeza do que estava acontecendo, todos dormindo tranquilamente, e ao olhar pro lado vejo Kei de olhos fechados também, ele dormindo parecia outra pessoa, alguém mais tranquilo. Espero que Kei esteja sentindo o mesmo que eu, não quero ser a única a vivenciar isso com sentimentos intensos.

[...]

Se passaram algumas semanas, minha relação com Kei não tinha um título, posso dizer que somos amigos que implicam um com o outro o tempo todo, fora que alguns contatos me deixam constrangida e ele muito mais. Fizemos trabalhos juntos, fui na casa dele mais vezes por conta disso, e também descobri do que ele gostava e confesso, somos bem parecidos, porém esses dias não nos falamos muito, ele terá um jogo importante e eu uma competição importante. Estávamos estressados e até os poucos diálogos eram alfinetadas e acabávamos discutindo.

Era frustrante.

Eu queria tanto conversar com ele, e eu odiava querer isso. Querer estar perto dele, falar com ele, rir com ele. Eu odiava querer tanto, Kei Tsukishima.

Mais frustrante era querer saber se e também estava assim, sentindo tantas emoções em tão pouco tempo, sentimentos tão intensos que não sabe nem controlar, ser que ele se sentia assim também? Será que eu causava esse efeito nele? Eu nunca fui de me prender a uma pessoa, mas no momento ele é o único em que penso.

Eu odeio tanto ele por isso, por me fazer querer agir como uma garota apaixonada.

Se é que eu estou apaixonada, nem disso posso ter certeza, mas não é uma atração passageira, tenho certeza que isso não vai passar tão cedo.

— Misaki! - viro meu rosto com os olhos arregalados, minha mãe me chamava com uma voz firme e estava me encarando um pouco irritada também. — Céus! Estou lhe chamando a tempos e você só encarando esse ponto fixamente, no que tanto pensa minha filha?

Estive tão pensativa assim? Bem, ultimamente anda acontecendo muito.

— Desculpe, não pensava em nada demais. - respondi simples tentando matar o assunto ali.

— Nada demais? Não seja boba, sou sua mãe te conheço melhor que você! - ela deu risada, se sentou ao meu lado do sofá e me encarou calma. — Vamos, me conte.

— Então... - soltei um longo suspiro tomando coragem pra dizer isso a ela, sempre fui muito aberta em relação a tudo e minha mãe é ótima em ouvir e dar conselhos, agradeço imensamente todos os dias por ela sempre ser tão participativa em tudo. — Eu acho que estou gostando de alguém.

— Oh! - ela se animou. — E quem é essa pessoa?

— Tsukishima. - murmurei baixo envergonhada e ela riu mais ainda.

— Não me surpreende, mas o que está te deixando tão incomodada?

— Não sei, eu acho que fico nervosa pensando se ela também se sente assim, e também ultimamente estamos trocando muitas farpas, não conversamos mais tranquilamente. Na verdade sempre discutimos de brincadeira, mas ultimamente não parece de brincadeira.

— Hm.

— Parece que algo anda deixando ele bravo comigo, então fico nervosa por pensar o que ele sente sobre mim. É isso que me incomoda.

— Poxa querida, não se perturbe tanto com suposições, você é uma garota incrível, e se ele gosta de você ou não, é só ele que sabe. - ela disse enquanto alisava meu cabelo. — Tsukishima deve estar confuso também, talvez porque ele também tenha sentimentos assim em relação a você.

— Você acha?

— Vocês são adolescentes, vai por mim, apenas aproveite, não se perturbe com esse tipo de pensamento, na hora certa você vai ter sua resposta filha. Enquanto essa hora não chegue, apenas seja sincera com seus sentimentos, aceite eles e demonstre também, principalmente cuide de você, de resto apenas seja feliz.

CAMISA 11Onde histórias criam vida. Descubra agora