Saia Da Minha Casa.

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POV'S CAMILA CABELLO

Quarta-feira, Lauren está ME tratando como um bebê. Se eu me levanto no intervalo, ela me pergunta se estou bem, se ela paro um pouco para respirar, ela me pergunta se estou bem. Eu não sei mais o que é carregar minha própria mochila, ou descer do carro sozinha, não passo mais do que três horas sem comer e não posso passar de dois dias sem tomar uma das vitaminas que ela me manda a receita.

Mas eu estava achando no mínimo engraçado toda sua preocupação e cuidados. Nós havíamos decidido contar aos nossos pais no mesmo dia, no caso, hoje, precisamos de apoio a mais e eu tenho certeza que isso não viria dos meus pais.

-Então, confirmado o café da tarde hoje? -Ela perguntou se sentando ao meu lado no refeitório.

-Sim. -Eu respondi nervosa.- Será que eles não vão mesmo me mandar embora da sua casa?

-Camila, eles gostam mais de você do que de mim que sou a filha. -Respondeu rindo junto comigo.

-Tomara que o bebê tenha seu sorriso. -Eu disse a encarando, vendo seu sorriso parado em seus lábios.

Voltamos para a sala, terminando os últimos dois horários. Ainda recebíamos vários elogios pela peça, alunos, professores, coordenadores.

Se éramos conhecidas antes, hoje somos ainda mais.

Lauren me buscava e levava em casa todos os dias, e aparentemente continuaria sendo assim. Eu via Lauren mais feliz, via ela para no tempo e pelo seu olhar longe, eu conseguia entender que ela imaginava o futuro com o bebê.

Mas por quê eu não conseguia estar assim?

Não que eu não tenha aceitado o fato da gravidez, eu aceitei. Mas uma coisa é aceitar e outra, completamente diferente, é estar feliz com esse fato.

E eu não estou errada, estou?

Eu sonhava com um futuro promissor, faculdade e carreira bem sucedida, mas tudo muda com a chegada de um bebê.

Ainda não faço ideia de como meus pais iriam reagir, e diferente de Lauren, decidi contar a eles sozinha. Eu prefiro lidar com as críticas assim, não queria que Lauren escutasse o que eu possivelmente escutaria.

Meus pais sempre foram rigorosos com os estudos e sempre me alertaram sobre a gravidez e sobre como isso poderia prejudicar se viesse precocemente. E não deu outra.

Eu não culpo o bebê, claro que não. Eu só preferia que ele pudesse esperar um pouco mais para vir, quando eu tivesse um emprego bom e a vida estável, talvez. Mas ele decidiu vir agora, então o que me resta é cuidar e dar amor.

Estou sentada nas cadeiras em frente o colégio, esperando Lauren, que havia me enviado uma mensagem dizendo estar tirando algumas dúvidas com o professor.

-Vamos? -Perguntou me fazendo tomar um leve susto.-Desculpe.

Apenas assenti e segui até seu carro.

-Tem certeza de que quer contar sozinha? -Perguntou me tirando dos devaneios.

-Eu sei lidar com os dois, está tudo bem. -Eu respondi sorrindo fraco.

-Se prefere assim, tudo bem. -Ela disse dando de ombros.- Está entregue, Cabello. -Estacionou em minha porta e se virou para mim me dando um selinho.- Boa sorte.

Sorri e saí do carro, já encarando os carros dos meus pais, o que indicava que eu não tinha para onde correr, era ali e agora. Respirei fundo e caminhei para a porta, ouvindo Lauren dar partida no carro.

Meu pai estava sentado na sala com o controle da tv em suas mãos, Sofia estava na cozinha com minha mãe realizando suas tarefas de casa. Eles nunca estão em casa nesse horário, Sofia sempre estava na casa da babá, então era para ser.

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