08. Trégua

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[...]

Na alcova estavam Kentaro e Sana. Sakura buscava fazer com que a visita dos Im se tornasse prolixa, mas foi um fiasco em sua demanda.
O médico, íntimo dos Minatozaki, examinava Dahyun, que acordara há pouco. A ruiva não a deixou por um segundo sequer.
A coreana sentia seu corpo doer como se um caminhão tivesse passado por cima de si e o interrogatório que veio a seguir foi mais deplorável ainda: ela implorou para que não a demitissem, mas o médico gostaria apenas de saber sua rotina.
Ulteriormente, quando tudo foi dito e o profissional estava a sós com o Minatozaki, ficou acordado que Dahyun teria uma folga, pelo menos uma vez por semana.
Pelo tempo em que ficou sozinha, a Kim refletiu sobre as indagações feitas. Não pôde negar a razão que retinha o médico, no entanto, ainda se condenava pela balbúrdia e desastre daquele dia.
A dita cuja se apoiou na cabeceira da cama, sentou-se para fitar melhor suas próprias condições e se espantou ao encarar suas pernas: ambas foram cortadas pelo vidro estilhaçado tanto quanto seus braços e rosto, suas costelas reclamavam, mas nada como o que se citou no início.
A jovem tentou dobrar seu joelho, contudo não passou de um intento falho. Ela praguejou consigo mesma.
Durara pouco, todavia, houveram batidas que ansiavam atrás da porta. Dahyun sussurrou que estava aberta.

─ Dahyun. ─ Disse a Minatozaki mais nova, encostando a porta. Aparentava à outra que se encontrava em angústia. ─ Como se sente?

─ Melhor... ─ Respondeu a Kim, não podendo deixar de notar as pernas decadentes de sua senhorita. ─ Senhorita, o que houve com, com suas...

─ Aconteceu quando você caiu.

─ O quê!?

─ Fui ajudá-la, mas estava tão nervosa que não me importei em tirar os cacos do chão. Precisamos conversar sobre o que aconteceu, Dahyun.

─ O médico disse que...

─ Não sobre isso. ─ Falou, sentando-se na cama alheia. Sana suspirou, encarando seus próprios pés. ─ Quero lhe pedir desculpas pelo meu equívoco. Não deveria ter agido daquela maneira. Irei me esforçar para me redimir com você.

Seu coração uma vez mais acelerou como um louco, tentava decifrar o problema, mas já havia caído.

─ O quê?

─ Quero que me perdoe. ─ Sana não respondia somente pelo ósculo, mas sim por todo o resto.

─ Senhorita, não há necessidade. Tudo está esquecido e eu me recuperarei bem. Não se preocupe.

─ Eu insisto. Aumentarei seu salário. ─ Disse-lhe de modo convicto. ─ E... Ah, esqueça. ─ Seu coração apertou, então ela se foi.

Estava determinada a reparar o erro que havia cometido. Pensou não haver maneira melhor para isso do que privar Dahyun de sua presença desprezível.

[...]

─ Tem certeza?

─ Sim, ele tirou todos os fragmentos que haviam. ─ Confirmou Dahyun.

─ Eu fiquei louco quando soube. ─ Confessou Juyeon, passando pomada por sobre os ferimentos dos braços da amiga.

─ Estou bem agora... Juyeon! ─ Exclamou a jovem. Aquele medicamente ardia como o inferno.

─ Aguente firme, vai ajudar a cicatrizar. ─ Disse o motorista, suspirando ao seu lado na cama.

─ Isso queima... Muito. ─ Dahyun mordeu seu lábio inferior, sustentando as lágrimas tolas que queriam escapar quando o creme fazia contato com as feridas abertas.

─ Vou trazer um lanche pra você. Não demoro. ─ Falou o rapaz, beijando o topo da cabeça da menor.

Quando o mesmo saíra, Dahyun não segurou-se por muito tempo e chorou como uma criança. Seu corpo inteiro doía e ela não sabia mais o que fazer, não só com relação à dor física, no entanto, mas também ao que sentia no coração; não esperava que Sana pensasse como seus pais. Também se condenava por esperar algo, realmente.
Ela tocou seu lábios mais uma vez; além do corte, havia ainda a lembrança dos outros japoneses. A Kim fechou os olhos, caindo na loucura de imaginar como seria a reciprocidade do que sentia. Tudo se tornava mais real, embora numa esfera impossível e impenetrável.
O som do trinco girando a fez voltar, limpando seus olhos rapidamente.

A EmpregadaOnde histórias criam vida. Descubra agora