04. Borboletas no Estômago

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[...]

Passaram-se alguns dias após a festa, Sana não lhe dirigira mais uma palavra. O silêncio naqueles dias fora torturante para Dahyun, mas não porque ela desejava ter com a japonesa, mas sim pelo que ocorrera adjunto à relação entre patrão e empregado, que dizia muito para a Kim.
Dahyun não tinha ciência acerca das lembranças da japonesa, não fazia ideia se sua mente estava à deriva em uma névoa densa assim como a sua.
Dahyun pouco a viu pela casa perambulando como antes. Se saía, chegava sem ser notada, a única garantia eram as refeições, das quais ela sempre participava.
Decidindo ignorar os sentimentos estranhos que rodavam em volta de si, ela apenas continuou seu trabalho durante o tempo. Minyeon havia ido embora. E ela quase não o soltou para ir.
Seus pais chegaram de viagem no tempo previsto e Dahyun infelizmente não pôde cumprir sua promessa de tomar sorvete com ele e Juyeon. Decerto o faria em uma próxima vez, quando não estivesse ocupada demais no trabalho.
Uma folga não seria desagradável, tanto para ver seus pais como para sentir o prazer de uma vida de verdade outra vez. Os últimos tempos foram de desânimo e suspiros exaustos.
Outrora, ela sentia-se feliz com um passeio, uma caminhada no parque ou um filme na sala de casa com seus pais ou Chaeyoung.
No entanto, sua mais nova alegria era saber que não precisava lavar os pratos depois do jantar. Estava sendo indubitavelmente desgastante.
Por outro lado, Sra. Park estava bem mais humorada depois que Sana chegou.
Ela cozinhava com mais alegria e até mesmo dava provas da comida para Juyeon, que jamais tivera a boa ventura para gozar de algo dado de tão bom grado.
Sakura estava ficando mais tempo em casa, enquanto Kentaro saía para trabalhar em sua empresa que, segundo ele, estava indo melhor do que nunca.
Dahyun falara com sua mãe por telefone no decorrer dos dias, além disso, tratando de esclarecer o que houvera na festa também. O mal estar havia lhe preocupado bastante, todavia a mulher não dera muitos detalhes para o Kim mais velho.
Dahyun se esforçou para convencer sua mãe de que aquilo não era nada. E mesmo sendo difícil no início, a Kim mais velha acabou concordando.

Tudo havia de estar como e onde deveria estar.
Nada fora do lugar senão um coração confundido, afinal.

[...]

Com um espanador de poeira, Dahyun limpava solitariamente as prateleiras de livros da biblioteca daquela mansão.
O lugar era colossal em sua concepção, havia uma escada para um segundo patamar para mais livros, este que tinha uma visão ampla do andar de baixo por uma abertura circular no piso de madeira grossa, possuindo como proteção uma pequena cerca de madeira negra.
Além disso, havia um lustre antigo e amarelado, tendo como enfeite algumas velas desgastadas pendurado no teto, um tapete vermelho entre as estantes.
O lugar era antigo, de fato. Os anos desgastaram suas estruturas, mas ainda se fazia belo em sua plenitude.
Os pilares esféricos colados à parede davam uma divisa à cada tipo de livro, tendo em conta uma variedade infinita.
Pelo espaço, uma ou outra escada era deixada para o alcance de livros que estavam no alto.
Cada um tinha sua marca especial. Uns tinham mensagens no final, dando a deduzir serem presentes para uma alma amante da leitura. Mensagens soltas também na parte posterior de um marca página ou em uma folha velha faziam parte dessas marcas. Muitos dos livros possuíam algum recado.
Havia um do qual Dahyun acabou encontrando certa vez uma mensagem em, aparentemente, francês, que jamais esquecera. Ela não conseguiu traduzir muito do que estava escrito, mas pelo conteúdo obsceno do livro, ela deduziu sua matéria.
Certamente, Kentaro e Sakura não sabiam da existência daquele livro na casa, além de não ser de algum deles também, aparentemente. Era da senhorita, certamente. Contudo, isso não dizia respeito a ela de qualquer modo.
Dahyun, por si, adorava ler, mas não haviam chances de ela tomar algum livro para checar umas páginas que fossem.
O cômodo prevalecia modorrento e taciturno até o momento, e ela jamais ousaria falar com as estantes se não fosse para um recital de algum poema. Os belos poemas que tanto admirava em segredo.
A Kim ousou tocar o que considerava sua quimera, tira-la do lugar, abrir suas velhas páginas amareladas e decifrar o código.
O livro era velho, chegando a ter folhas rasgadas dentro de si, marcadores soltos e algumas notas. E, embora o interesse de Dahyun fosse ler seus poemas, dentre as mensagens, havia uma da qual parecia ser dedicada à Sana. Dizia-lhe seus sentimentos com palavras cheias de ternura, amor, uma paixão indecifrável e anônima.
Dahyun retirou a nota do livro e a fitou de modo curioso. Entender sua senhorita parecia uma passatempo interessante e arriscado.
O espanador fora deixado de lado por um momento para uma leitura quase inaudível. A página onde antes residia o papel velho, este se encontrava entre seus dedos.

A EmpregadaOnde histórias criam vida. Descubra agora