Capítulo 12

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Os dias que se passaram foram de puro medo. A cidade estava agitada como nunca estivera. Cada vez mais as fotos de Valentina estampavam jornais e eram manchetes nos noticiários.
O caso foi passado para os federais, que ajudariam no que fosse necessário, e a agente especial do FBI, Anny Jones , iria comandar as investigações com Verônica . Anny uma loira de cabelos curtos com cara de poucos amigos havia acabado de chegar em Lima, e iria trabalhar arduamente para capturar Valentina Albuquerque .
Verônica por outro lado, estava furiosa e desesperada. Não queria que as coisas tivessem tomado essas proporções, e quando seu superior informou que o FBI agora iria fazer parte da equipe para dar reforços e prestar os serviços avançados dos federais, ela pensou que agora tudo iria complicar, e ela estava certa. Anny Jones dividiria a sala com ela, e a mesma agora não teria mais privacidade para agir como queria.
Anny andava pela delegacia analisando os policiais. ''Patéticos.'' Pensou ela enquanto olhava com desgosto para o policial enorme e desajeitado comendo um donuts açucarado e conversando o um loiro de boca bizarra.
Entrou em sua sala e viu Verônica em frente ao computador.
— Barbie quarentona, eu gostaria de todos os arquivos com relação à garota. Agora. — Ordenou Anny sentado em sua mesa.
— Me chamou do quê? — Perguntou indignada.
— Não gostou do apelido? — Indagou fingindo-se de ofendida.
— Você não pode me chamar assim! — Exclamou ficando furiosa.
— Querida, nesse tempo que vamos ficar juntas, lembre-se disso: eu posso e faço o que eu quiser. — Respondeu sorrindo de lado. — Agora pegue os arquivos. — Ordenou mais uma vez.
Verônica estava segurando-se para não pular no pescoço daquela mulher, mas lembrou que infelizmente ela era superior. Respirou fundo e foi até a gaveta de arquivos, puxando uma enorme pasta amarela e jogando na mesa de Anny, saindo da sala logo em seguida.
— Que comece a diversão. — Murmurou Anny, enquanto ajeitava o par de óculos no rosto e lia a primeira folha.
...
Valentina estava deitada em sua cama. Já era uma da tarde e ela não estava nem um pouco a fim de levantar. Desde aquela noite, sua cabeça não parava quieta.
A pessoa que matou quem ela amava e em seguida matou James e Jack estava atrás dela, e pior, sabia onde ela estava escondida.
Estava temendo que essa pessoa fizesse algo contra à família Campos . Estava preocupada com todos eles. Se algo lhes acontecessem, ela jamais se perdoaria.
Luiza ...Se acontecesse algo com a morena, Valentina não teria dúvidas em escolher a morte. Naquela noite havia voltado para o quarto de Luiza e agradeceu quando a viu dormindo. Aconchegou-se no corpo dela, mas no outro dia antes da mesma acordar, Valentina já havia voltado para o porão. Não sabia como olhar para ela como se nada estivesse acontecendo.
Com os pais da garota era um pouco mais fácil, porém Augusto já estava desconfiado, e sua filha sabia identificar cada sentimento da menor . Luiza não deixava a ela em paz, era de se estranhar que em um dia Valentina estivesse se soltando, e no outro ela se tornasse mais introspectiva do que já foi.
Naquela segunda-feira a morena tinha aulas de dança na parte da tarde, então Valentina aproveitou o momento em que Luiza não estivesse tagarelando para ficar mais tempo na cama e pensar.
Pegou o baú embaixo da cama e olhou novamente todas as fotos. Sentia seus olhos marejarem, mas engoliu o choro. Já estava para colocar o álbum novamente no baú, quando viu algo dourado brilhando atrás da sua primeira foto, quando era um bebê.
Descolou a foto do álbum e atrás da mesma estava seu colar de crucifixo colado com uma fita transparente. Pegou o colar nas mãos e apertou contra o peito.
Foi o colar que seu pai comprou quando nasceu. Achou que nunca mais o veria.
Como diabos essa pessoa iria saber onde seu colar estava?
Mais perguntas rondavam sua cabeça, e sabia que nunca iria descobrir as respostas. Guardou o colar junto com o álbum no baú e o colocou novamente no mesmo lugar.

Levantou-se e decidiu ir tomar um banho frio para acalmar os pensamentos.
Fisgou uma muda de roupa dirigiu-se ao banheiro. Estava imersa em pensamentos e já ia abrir a porta do mesmo, quando Luiza saiu enrolada em uma minúscula toalha rosa que deixavam as pernas à mostra.
Valentina com o susto, caiu sentada no chão, de frente para a morena , e seu olhar se fixou naquelas pernas. ''Deus! Como alguém pode ter essas pernas?''
Corou violentamente com o pensamento e balançou a cabeça, sem notar que a morena lhe olhava com um sorriso convencido no rosto.
— Devo dizer que os exercícios e a dança ajudam muito. — Falou como se lesse os pensamentos de Valentina , estendendo a mão para ajudar a mesma a levantar-se.
— Vo...você não tinha aula de dança hoje? — Perguntou olhando para o chão, tentando inutilmente fazer seu rosto parar de queimar por ter sido pega olhando daquele jeito para a morena.
— Tinha, mas a minha professora desmarcou. Foi muita falta de ética não ligar avisando. Gastei trinta minutos para chegar até o estúdio de dança e apenas havia uma placa avisando que a Senhorita Williams.
desmarcou por motivos pessoais. — Reclamou bufando em seguida.
— Realmente meia hora foi um tempo muito grande, Luiza . — Comentou Valentina , dando uma risadinha pelo monólogo dramático da morena .
— Em meia hora eu poderia fazer muita coisa, Valentina . — Retrucou . — Então como hoje não tive aula, podemos assistir à um filme. — Declarou animada.
— É...Luiza , não vai dar, eu realmente preciso ficar sozinha. — Olhava para as próprias mãos enquanto falava.
— Valentina , você está assim desde aquela noite. Por que não me conta o que está havendo? — Perguntou segurando o rosto da menor com a mão.
— Não está havendo nada. — Respondeu com os olhos fechados, enquanto sentia o dedo da maior afagar seu rosto delicadamente.
— Eu sei que está! — Afirmou sem retirar a mão do rosto alvo. — Preciso que confie em mim. Que compartilhe comigo. — O tom de voz era calmo e amoroso.
Valentina abriu os olhos para fitar os castanhos brilhantes cheios de expectativa e outra coisa que ela não soube identificar.
O baú voltou em sua mente, juntamente com o álbum e o colar. E seu instinto de proteção gritava para Valentina fazer algo para proteger Luiza de quem quer que fosse. E ela o faria.
Delicadamente,segurou a mão da morena que estava em seu rosto e perdeu-se no contraste da pele morena com sua mão pálida.
Levou a mão de Luiza até os seus lábios e plantou um beijo com sentimentos não ditos.
Luiza sentiu o coração pular dentro de sua caixa torácica. Enquanto observava o olhar de Valentina sobre si de uma forma tão profunda, sentiu-se apaixonar ainda mais.
— Eu preciso tomar banho,Luiza . — A garota largou a mão da maior e aproximou-se, segurando o rosto dela entre as mãos e beijando a testa de Luiza demoradamente, em forma de proteção.
Afastou-se e passou pela morena, entrando no banheiro logo em seguida.
A morena saiu de seu torpor quando ouviu a porta atrás de si fechar-se e encheu o peito de determinação.
— Eu vou descobrir, Valentina . Você não tem para onde fugir, literalmente. — Falou alto para a garota ouvir, entrando em seu quarto em seguida.
...
Anny Jones analisava detalhadamente a pasta com os arquivos de Valentina Albuquerque .
Quando terminou de ler a última folha, retirou os óculos e respirou fundo.
Existiam centenas de coisas mal resolvidas naquele caso. Apenas Jack testemunhou contra Valentina ...E a declaração do mesmo foi motivo para incriminá-la.
Maria Lopez afirmou que a menina era gentil e que era amiga de sua filha desde pequena, assim como Cassy Wilson, mãe de outra amiga de Valentina .
Um testemunho de um homem que não conhecia a família Albuquerque pesou mais que o de duas mulheres que conheciam e conviviam com a família durante anos.
James alegou que a mesma possuía Transtorno de Bipolaridade e consequentemente a Psicose Maníaco-Depressiva. Porém quando Anny ligou para a clínica e falou com uma enfermeira que diariamente levava Valentina para fazer suas higienes, a mesma alegou que a garota era sempre calada e calma, perdida em seus pensamentos. Nunca foi agressiva ou apresentava sinais de loucura.
Anny já tinha cuidado de todo tipo de caso em seus quarenta anos de trabalho prestado e sabia que um paciente com esse grau de doença nas primeiras semanas apresenta agressividade e alucinações até os remédios começarem à entrar no organismo. Tinha algo errado.
Levantou da cadeira e olhou pela fresta da persiana da sala, vendo Verônica cochichar algo no ouvido do policial loiro bocudo, saindo logo em seguida, e sendo acompanhada pelo mesmo.
Retirou o celular do bolso e discou o número de sua assistente.
— Alô. Becky. Consiga tudo o que for possível sobre Verônica Smith , chefe do departamento de polícia da delegacia Regional . Aguardo isso para ontem. — Desligou e guardou o aparelho.
— Barbie quarentona, de alguma coisa você sabe, e eu irei descobrir. — Murmurou enquanto sentava em sua mesa.

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