não é justo comigo.

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DEZENOVE DE OUTUBRO. E lá estavam os pombinhos, Anthony e MacKenzie. A garota está fazendo uma maquiagem pesada no pobre menino, que não aguentava mais ficar sentado na cadeira.

Anthony ficou a semana toda com a amiga, para distrai-lá da avó, que se encontra em estado grave no hospital.

— Só mais cinco minutos.

— CINCO MINUTOS!?

— Fecha a boquinha e não me estressa, Thony. Agora me dá o delineador. — Mandou, autoritária.

— Você arrasa nesse. Sei disso, porque fica bonitona. — Pensou em voz alta, se arrependendo amargamente em seguida.

— Como é, amigo? — Riu Kenzie, vendo ele ficar vermelho.

— Nada, só passa logo, vai. — Diz, rindo de nervoso.

Díaz fez o delineado nos olhos de LaRusso e, por último, passou um gloss de morango em seus lábios.

— Prontinho, Anthonietta. Está linda. — Elogiou, MacKenzie.

Ele se olhou no espelho e se surpreendeu com o que viu. Está uma verdadeira gata!

— Que gostosa que eu estou, eu super me pegaria. — Ele pensou alto de novo, e fechou os olhos, arrependido.

Mas começou a rir, ao ouvir a risada escandalosa e contagiante de Kenzie.

— Não é pra tanto, Thony. — Disse, rindo.

— Como assim? Você não me pegaria? Oh, sinto lhe informar, mas você JÁ ME PEGOU! — Recordou, rindo também.

— E inclusive, faz tempo que a gente não beija. — Díaz soltou sem perceber, e arregalou os olhos com a frase.

— Pois é. — Não deu tempo nem de MacKenzie raciocinar. Anthony puxou sua cintura, e colaram seus lábios.

— Eca, esse gloss de morango é horrível! — Exclamou MacKenzie, limpando a boca.

— Isso é uma desculpa para dizer indiscretamente que eu beijo mal? — Perguntou, erguendo uma sobrancelha.

— O quê!? Não! Você beija super bem, Thony. Quero dizer, dá pro gasto. Quer saber? Não, na verdade, otimamente bem. Eu só não quis exagerar muito, mas...

— Calma, Kenzie. Eu estava brincando. — A interrompeu, rindo.

Ela apenas ri de nervoso e se afasta, indo pegar seu celular. Fez um rápido penteado nos fios de Anthony, os prendendo numa "maria-chiquinha" e fez menção para ele fazer uma pose. O garoto pousou as palmas de suas mãos na área das bochechas e sorriu. Logo, a foto foi tirada.

Agora os dois estão deitados, lado à lado, de barriga para cima na cama de MacKenzie, apreciando a recém foto.

— Ficou tão fofo, Thony. — Elogiou, enquanto sorria feito uma boba.

Ele apenas devolve o sorriso bobo, e o silêncio cai sobre eles.

— Obrigada por ter ficado comigo hoje. — Sussurrou, sorrindo.

— Não tem de quê. 'Cê sabe que eu faria qualquer coisa por um sorriso seu, você é minha pessoa favorita. — Sussurrou, de volta.

— Você também é a minha. — Respondeu, virando seu corpo de lado, para fita-lo melhor.

— Eu sei. — Disse, rindo. Após alguns minutos, também ficou de lado.

Agora os dois se encaram profundamente. Sem saber o que fazer, ou como agir, MacKenzie apenas pulou em seus braços, o abraçando.

— Eu... Anthony, eu...— E de repente, ela se sente pronta para dizer as três palavrinhas.

— Você? — Ele incentiva, os dois ainda no abraço.

— MacKenzie, eu preciso..— Sua mãe adentra o quarto, fazendo os jovens pularem de susto. Anthony até cai da cama.

— O que pensam que estão fazendo!? Desculpa, se você não está se importando com a situação da sua avó, MacKenzie, mas eu estou, e essa aqui é a minha casa! Portanto, exijo respeito! — Ela gritou, enfurecida.

— Mãe, eu juro que não estávamos fazendo nada. Ele só estava me abraçando, porquê eu o agradeci de ter passado o dia comigo. Não sei se você sabe, mas eu preciso desse apoio também! É a minha avó naquele hospital, e eu me importo! - Gritou, mais ainda.

Ela já está farta de ver sua mãe estressada pelos cantos, descontando em qualquer coisa que vê pela frente. Isso não é justo com MacKenzie.

— Se importa tanto, que estava quase tirando a roupa pra esse aí!

— MÃE!? — Ela fitou a mais velha, horrorizada. Quando sua mãe havia se tornado uma pessoa tão desprezível e folgada!? — Você é inacreditável!

— Inacreditável é ter uma filha como você, MacKenzie Díaz! Você é igualzinha ao seu pai mesmo. — Ela sussurrou a última parte, mas os três ouviram.

O pai dos Díaz é como um assunto proibido, ninguém fala dele. Tipo, o Bruno na Família Madrigal.

As lágrimas saíram como um jato das orbes da menina, que só queria entender o motivo de sua mãe estar daquele jeito. Irreconhecível.

— Filha, eu..— Ela parecia, enfim, ter se arrependido. Porém, tarde demais.

— Sai daqui. — Ela sussurra, com a voz firme.

— Kenzie, me desculpa...— Foi interrompida.

— SAI! SAI DO MEU QUARTO AGORA! — Ela grita, fora de si.

Carmen sai do quarto, assustada. Mas a versão jovem da mulher, entra em surto com as palavras rudes da própria mãe. É como se as frases se repetissem dentro de sua mente em um loop infinito. Ela só quer fazer parar.

E então, ela começa a gritar e destruir seu quarto. Jogando com força no chão, tudo o que aparecia em sua frente.

— Para, para, MacKenzie, para. — Anthony surgiu em sua frente, segurando em suas mãos, a impedindo de fazer mais merda.

— ME SOLTA, EU QUERO QUEBRAR A CARA DELA POR FALAR UMA COISA DESSAS! — Gritou, com lágrimas no rosto.

— Ela não fez por querer, Mack. Ela está muito estressada com a situação da sua avó, você sabe. — Tentou amenizar.

— É compreensível, mas não é justo comigo. — Sussurrou, soluçando de chorar. Ela cai no chão, abraçando seus joelhos.

— Eu sei, eu sei. Mas os adultos são assim, desde que seja justo com eles, está tudo bem. — Explicou, como se fosse um expert no assunto. E talvez, fosse.

— Agora essas vozes não saem da minha cabeça por nada, e é tudo culpa dela! — Grita, porém, mais calma agora.

Anthony, odiando vê-la nesse estado, a abraça. Ficaram em silêncio por um bom tempo.

— Vai embora, Thony. — Sussurrou.

— O quê?

— Pode ir. — Fungou. — Quero ficar sozinha.

— Tá. E você acha que me convence? Não mesmo! Não vou te deixar sozinha, com todas essas vozes falando na sua cabeça o tempo todo. Acredite, eu sei como é, e quando acontece, a última coisa que você vai querer é ficar sozinha. Não é justo com você, eu participar de todos os seus bons momentos, mas não estar contigo nos ruins. Se você quiser, eu fico quieto, mas eu não vou te deixar. — Disse, firmemente.

— Obrigada. — Ela sussurra, chorosa. Abraça ele e se derrama em lágrimas, outra vez.

i knew you were trouble | anthony larusso!Onde histórias criam vida. Descubra agora