Machiavelic

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Capítulo anterior...

"E onde está o Neteyam?!" Neytiri bradou para Jake e os filhos.

"Aonung também sumiu!" Ronal esbravejou em revolta.

As duas pararam uma frente à outra, e se encararam fervorosamente. Para o mais observador, era possível ver fumaça, raios e trovões se formar com a ira das duas mulheres. Tudo porque elas se entendiam pelo olhar, que transmitia mais do que apenas uma mera desconfiança sobre os filhos.

E foi aí que eles tiveram certeza. E se entreolharam, preocupados.

Estamos fodidos. Pensaram. E não precisaram falar para entender o desespero no rosto um do outro.

[...]

"Aonung?" Neteyam gritou em um sussurro, sentindo que seu coração saltaria pela boca.

"O que vamos fazer?" Ele suplicou para Aonung, que parecia petrificado. Levantou um pouco mais da cabeça para fora d'água para olhar redor, e percebeu que haviam, talvez, dezenas de aldeões em volta, tantos que se perdiam de vista.

"Eu-." Aonung tentou falar, mas engasgou com a própria saliva, tão nervoso quanto o forasteiro, e talvez pior, por ter plena noção de que se alguém teria a mínima chance de tirá-los daquela catástrofe, seria ele próprio. Acontece que Aonung não fazia a mínima ideia do que fazer. Enquanto falhava em pensar, Neteyam agarrava seu braço como se fosse uma criança em apuros, exigindo uma solução milagrosa, como se ele fosse capaz de salvá-lo. "-e-eu, merda, eu preciso pensar!"

Ele agarrou o pulso de Neteyam e apertou, encarou fixo, com o olhar perturbado, porque queria dizer algo para acalma-lo, mas era impossível. Além disso, ele também estava com medo de ser descoberto. De todas as besteiras que Aonung já fez, com certeza aquela era a mais pública, escandalosa, e mais difícil de se safar. Não existia uma desculpa plausível para destruir as paredes de duas casas no meio da noite na companhia de seu caso romântico proibido. Naturalmente, todos pensariam o pior, e além de tudo, agora seria considerado como um depravado, indecente.

Mesmo com um gênio diabólico capaz de articular planos maquiavélicos, ali ele se sentiu destronado, observando o fluxo de pessoas com lanças e armas nas mãos, em busca de um possível inimigo que teria raptado eles, e vandalizado as tendas. Mal imaginavam que o príncipe da aldeia era o desordeiro. Estava com as mãos trêmulas assistindo o caos que criou entre os aldeões, e graças à discussão fervorosa de suas mães, que atrapalhavam seu raciocínio, seu coração estava turbinado. Era a trilha sonora caótica perfeita para o filme de tragédia romântica que  assistia passar em sua cabeça, em que ele e Neteyam eram exilados, lançados aos monstros marinhos das distantes profundezas onde padeceriam em uma noite eterna, enquanto a adrenalina bombardeava e embriagava seu cérebro.

"Aonung!" Neteyam sussurrou em tom de súplica. Rezou baixo para não ser o momento em que Aonung decidiria virar honesto, caso ele estivesse cogitando assumir a culpa daquela catástrofe. Ele mal piscava, e aquilo estava o tirando do sério. "Você é sempre cheio de atitude, qual é?!"

Neteyam era um guerreiro, ele ainda tinha uma reputação e honra própria, mas não adiantava fugir sozinho, todos sabiam que estavam juntos, e se fugisse, não saberia para onde, ou o que falaria, ele era um péssimo mentiroso e sabia disso. "Argh! Por Eywa!" Pela ausência de resposta, Neteyam deu uns tapas na cara de Aonung, apenas o suficiente para trazê-lo de volta à realidade, mas que foi menos delicado do que gostaria porque estava tão nervoso que não mediu a força.

𝐀𝐖𝐀𝐊𝐄  •  neteyam x aonungOnde histórias criam vida. Descubra agora