Os Ruídos Da Noite

29

LISA

Eu estava feliz com o que ouviria de Rosé. Ela viajaria amanhã, em convite de seu marido, Jimin. Me surpreendeu no início por dua atitude, já que quase não falava mais com ela. Mas agora, entendo que talvez apenas quer ter uma boa relação com a mesma, se não como marido e mulher, como amigos.

E me destrói ter que se despedir dela amanhã, pois não saberiam quando voltavam, claro que Jimin tinha seus compromissos aqui, mas dissera por ele mesmo que havia afastado seus compromissos por algum tempo, apenas para essa viajem.

Eu me separaria de minha menina novamente, como isso causava um sentimento ruim. Mas ela já parecia bem melhor, mesmo que seu sorriso ainda estivesse morto, saber que iria sair deste castelo já lhe ajudou muito.

— Ficar tanto tempo olhando para essas mesmas paredes me enjoa, não posso sair a não ser acompanhada de minha vigilante, e já não acho mais graça nesse lugar.

Foram palavras dela. Ela já estava diferente, a mudança nela fez seus cabelos loiros escurecessem um pouco mais, seu rosto ficar mais definido, e bem mais pálido.

— Veja, levarei este. – ela levantou um vestido de renda preto, o dobrou e enfiou em sua mala.

— Ele não disse para onde vão? – perguntei curiosa, enquanto ainda lhe ajudava nas suas escolhas.

— "surpresa", foi suas únicas palavras. – disse com desdém.

Me surpreendia a forma como ela mencionava seu nome, eu não gostava dele, não mesmo. Mas, a forma como me fala sobre ele depois de ter feito-a beber aquele sangue nojento, já não é a mesma, parece três vezes mais rancorosa, como se estivesse pronta a qualquer momento para atacá-lo.

— Rosé. – chamei e sua atenção voltou para mim. — A dias atrás, me disse algo, como: "Eu o odiava a poucas horas atrás.", isso me intrigou, pois Fahyun entrou no quarto no momento em que me responderia, o que iria me dizer?

Ela jogou a mecha de seu cabelo que estava na frente de seu rosto para trás da orelha. Notei seu nervosismo, e então voltou em um pulo a guardar as outras roupas.

— Não era nada de tanta importância, eu ia dizer da boca para fora.

Ah como me lembro muito bem de suas falas!

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— É normal. Talvez ainda esteja querendo acreditar que isso não é real, mas isso é pior. – disse.

— Eu não sei o que sinto, não reconheço.  – ela diz — Eu o odiava a poucas horas.

— Rosé, o que quer dizer com isso? – levanto seu queixo, fazendo-a me olhar no fundo dos olhos.

Ela permaneceu em silêncio, e assim ficou por algum tempo.

— Senhorita, o senhor Jimin manda dizer que lhe espera em seu escritório. – diz Dahyun.

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— Eu sei quando está mentindo, e sabe que não precisa disso comigo. – digo lhe fitando.

Ela iria me contar? Eu não media forças. Me disse aquelas palavras antes de finalmente virar uma vampira, e o rancor que ficou em seu olhar não foi o mesmo olhar que estava antes disso. Poderia ser pelo motivo de todas suas memórias vir a tona como um furacão, e mesmo que possa ser essa hipótese, eu não acredito.

— Anda, me diga. – pressionei.

— Eu estive apaixonada por ele! – ela gritou as palavras em minha cara, como um desabafo, me deixando incrédula, por quanto tempo segurou isso?

— E antes que venha me julgar,  aconteceu antes de ter que me fazer beber aquilo, contra minha vontade, porque eu optava pela morte mil vezes, do que ter que me tornar isso. – apontou para si mesma. — E passei à odiar ele mais ainda, depois de todas aquelas lembranças me atormentarem. Eu adorava quando não tinha que me preocupar com isso, quando não lembrava de nada, quando apenas a minha curiosidade falasse alto, mas não imaginaria que seria essa minha vida.

Ela suspirou e se retirou do quarto, batendo a porta fortemente. Ela poderia ter dito que o odiava, mas eu não me aquietava, para tamanha raiva, aquilo não era só ódio, não mesmo.

Corri atrás dela e já havia perdido a mesma de vista.

— Porque está correndo como uma desesperada? – Jungkook apareceu em minha frente, eu tentei empurrá-lo para continuar procurando a Roseanne raivosa, porém aquela pedra era extremamente forte.

— Preciso achar Rosé, em vez de me atrapalhar, me ajude. – disse para Jungkook.

— Eu sei para onde ela foi, mas pelo estado que se encontra, precisa ficar sozinha. – ele continuou barrando minha passagem. Brutamontes!

— Eu necessito conversar com ela. – vociferei.

Jungkook me segurou pelos braços, em um segundo me virou para frente, e começou à me empurrar em direção de onde vim, o quarto de Rosé.

— Fique aqui e ajude Rosé à terminar de arrumar suas malas, já que ela não está em um bom estado para isso. – pediu.

E é claro que eu concordei, se tratava dela, então por isso eu faria. Mas não nego que ainda estava chateada com ela, por não ter me contado antes.