51 - Mourning the loss

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Sarah Cameron

- Que tal... pela sua gravidez? - Pergunta e eu concordo

Lembro de naquele verão eu ainda estar fazendo terapia e no mesmo dia em que a Ali sumiu, eu ter marcado uma sessão e contado tudo o que estava acontecendo.

- Naquele mesmo dia em que te contei eu pensei bem em tudo o que você me disse e cheguei a conclusão que seria melhor eu contar para o Jason. - Começo e ela começa a fazer as anotações dela - Só que nada saiu como o planejado. Naquele dia eu e as meninas tínhamos combinado de fazermos uma festinha entre nós no celeiro, então eu deixei para contar no dia seguinte... - Conto tudo o que aconteceu naquela noite e o que aconteceu depois também - Então ontem eu estava na parte da frente de casa, até que eu escutei um barulho no jardim e fui ver. Quando cheguei lá não tinha ninguém, só que alguém jogou uma pedra no meu pé quando virei de costas e tinha um papel nessa pedra. Eu juro que não estou ficando louca, tinha alguém lá, Nora... eu juro que tinha.
- E eu acredito em você, Sarah. - Fala terminando de escrever no papel e me olha - O que estava escrito naquele papel? - Pergunta e eu coloco a mão no bolso e estendo para ela que analisa e logo me devolve - Você foi na festa?
- Não. - Nego e ela me pergunta o porquê - Estava muito cansada. Seria a primeira noite desde que a Kath voltou que eu tinha para descansar sem me preocupar com nada.
- Não acha que deveria se divertir um pouco? - Me olha e eu nego com a cabeça - Sarah, você só tem 16 anos... não devia se privar tanto. Por que faz isso?
- Eu... não sei. - Sinto uma lágrima escorrer no meu rosto - Eu sinto que se eu for, vou estar traindo a Alison. - Confesso e ela me olha com um olhar acolhedor - Eu sinto falta dela... eu... dói muito fazer as coisas que eu fazia com ela. Quando isso acaba? - Pergunto e ela me encara confusa pela pergunta - Quando é que a dor vai embora?
- Já tentou... - Para de falar parecendo procurar as palavras certas - conversar com ela? Com a Alison? Desabafar com ela?

Não vou mentir, Nora me pegou de surpresa com essa pergunta. Já tinha ido umas duas vezes levar flores para a Alison no túmulo dela, mas nunca parei para desabafar e dizer o que eu sentia. No máximo falava que estava com saudades.

- Não. - Digo a verdade - Acha que daria certo? Que a dor... irá embora?
- Mesmo sabendo que um dia a vida acaba, a gente nunca está preparado para perder alguém. - Ela me fala e eu encaro o teto e fico escutando - Não ter mais ao nosso redor aquela pessoa amada causa uma dor tão grande que se manifesta das mais variadas formas: raiva, inconformidade, tristeza, desalento. Pesquisas dizem que o luto pode ser dividido em 5 fases:

1. Negação ou isolamento - Essa fase trata-se de um mecanismo de defesa que nós temos para preservar nossa estabilidade emocional diante da perda. Nesse momento é comum pensar que a pessoa que se foi irá retornar. Ter sonhos frequentes com a pessoa que partiu é comum durante a fase de negação. Além disso, é bem comum nesta fase do luto ouvir frases como "isso não pode esta acontecendo!".

2. Cólera ou raiva - Em um segundo momento a negação dá lugar à raiva, sentimento direcionado a um "culpado" para todo o sofrimento que a pessoa vivencia. Às vezes, toda essa raiva se projeta em Deus, por ter permitido a morte do ente querido; aos médicos, por não terem feito outras abordagens e, às vezes, na própria pessoa que sofre. Neste caso, sente-se culpa por não ter prestado assistência de forma diferente nos últimos dias de vida de quem já se foi.

3. Barganha - Mais comum quando se lida com uma doença grave pessoal. É o tempo em que se volta para o mundo ou para Deus e começa-se a negociar por mais tempo de vida. Ou seja, nessa fase o luto toma a forma de negociação e começa-se a dizer frases como: "Por favor, eu preciso de um milagre para a reversão da doença da minha mãe". A barganha ajuda quem sofre o luto a entender as circunstâncias que envolveram a perda. Muitas vezes a pessoa enlutada pergunta-se: "o que eu deveria ter feito de diferente?". Isso tudo ajuda a compreender e superar, aos poucos, a dor da perda.

4. Depressão - Talvez seja a fase da perda mais difícil de lidar, uma vez aqui há forte tristeza acompanhada de solidão e saudade. Nesse momento a realidade do contexto toma forma e, por isso, é comum que quem sofre o luto se isole e manifeste mais a tristeza relacionada à falta que se tem da pessoa amada.

5. Aceitação - A última fase se refere ao momento em que a pessoa que perdeu o ente querido vê sua dor suavizar e perceber que é possível continuar a vida e ainda ser feliz, apesar da saudade. Isto é, neste momento o sofrimento está abrandado e a pessoa enlutada consegue orientar de forma mais consciente suas perspectivas de vida, ajudando muito na aceitação da partida do ente querido.

- Qual estágio você acha que você tá? - Me pergunta e eu demoro um pouco para responder
- No segundo, raiva ou no quarto, depressão. - Não consigo escolher qual das duas mais me encaixo
- Você sente que ela pode voltar? - Pergunta e eu concordo com a cabeça - Na minha opinião, você está entre a primeira e segunda fase. - Fala atraindo meu olhar para ela - Você sente culpa e sente que ela está por perto... você não quer fazer as coisas com medo que esqueça ela ou que ela se sinta triste com isso. - Pontua e fica um tempo em silêncio me analisando - Minha indicação por enquanto é que você vá até o túmulo dela ou em algum lugar que era só de vocês duas e desabafe, diga o que está sentindo.
- Eu não sei se consigo... tenho medo. - Conto e ela se levanta da poltrona e eu me ajeito no sofá e ela se abaixa na minha frente segurando minha mão.
- Você precisa quebrar esse medo, Sarah. - Diz olhando nos meus olhos - É preciso encarar a dor da perda de frente. Por mais que isso doa e massacre. É preciso ser forte, mas também podemos nos permitir sofrer. A força é justamente reconhecer o tamanho da dor, vivê-la, tentar sobreviver a ela, e um dia transformar essa dor em saudade, sabedoria e maturidade.
- Não sei se entendi. - Digo olhando nos olhos dela também
- Você entendeu, Sarah. - Abre um sorriso - Mas vou resumir para você: Viva e sinta essa dor. Deixe ela sair, grite, chore, faça o que precisar para sentir... mas sinta ela. - Nora faz um carinho no meu rosto e se levanta - Nossa próxima sessão é na semana que vem no mesmo dia e horário. - Me entrega um cartão - Espero ter novidades e ver evolução até lá.

Concordo com a cabeça e me levanto saindo da sala. Assim que chego no meu carro e sento no banco eu para e fico pensando no que irei fazer. Logo que decido, ligo o carro e vou em direção ao meu destino.

As informações sobre a fase do luto foram tiradas do seguinte site:  zenklub

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Our Past - Jason Dilaurentis¹ [Hiatus]Onde histórias criam vida. Descubra agora