Capítulo 13

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✧ Vendaval ✧

A lua estava iluminando o céu, quando cheguei no portão de Carina. Confesso que estava com um pouco de frio na barriga. Carina apareceu com um vestido rosa estilo cigano e usava brincos de argola dourados que realçavam bem seus cabelos curtos. Ao me encarar, sorriu e me deu um pequeno empurrão para frente.

— Vamos! Não demorei tanto assim!

Pegamos um carro por aplicativo e algum tempo depois, chegamos ao luau. Já havia uma quantidade boa de pessoas no local. Do nada, Carina segurou uma de minhas mãos por um curto momento, mas a soltou assim que a olhei em resposta. Estava um pouco corada, não era minha intenção deixá-la sem graça. Giovani estava conversando com outros dois caras e quando nos viu correu em nossa direção, parecia muito satisfeito.

— Até que não demoraram! Trouxeram algo para comer ou beber...?

Eu bati com a mão aberta em minha testa. Sou um parvo mesmo, sempre esqueço dessas coisas. Só não esqueço de comer, é claro.

— Trouxe minha barriga, algum problema? — Respondeu Carina, me matando de vergonha.

Giovani revirou seus olhos.

— Vocês não têm jeito, hein! Só por isso ficarão até o final da festa, pra recolher o lixo!

— Eita... Minha mãe assim vai descobrir que saí sem avisar... — Sussurrei, sem saber como resolver a minha situação. Nisso, chegaram um grupo de casais que riam alto. Logo atrás, outro grupo chega com dois violões e um rapaz já começava a demonstrar seus dotes, tocando gaita.

— Sabe tocar algum instrumento, Banks? — pergunta Giovani, olhando para algumas moças que chegavam. O acompanhei na observação, principalmente na nova aluna que parecia uma top model, que acabara de chegar com o outro novato.

— Quem me dera, meu amigo... — Respondi. Como era mesmo seu nome? Ah, Belinda Navarro! Seus olhos azuis e o rabo de cavalo no topo da cabeça eram demais para mim. Ao passar à minha frente, ela me olhou nos olhos e esboçou um leve sorriso maroto. Não posso negar que fiquei empolgado.

— Limpa o canto da boca, Bernardo! — Giovani caiu na gargalhada, mas Carina permanecia quieta.

Um rapaz levantou uma tocha acesa e gritou:

— Que comece a festa! — Todos "uivaram" e bateram palmas. Sentamos em alguns troncos de coqueiro e começamos a prosear. Não conseguia disfarçar, olhava muitas vezes na direção de Belinda. Ela estava em outra roda de conversa, não tinha a mínima ideia da minha existência.

Era uma festa um pouco desordenada e com um número relativamente bom de jovens. Digo que estava assim pois algumas pessoas preferiram levar uma caixa de som, outras se juntaram para tocar instrumentos como violão e gaita, obviamente sentamos perto desse último grupo.

Carina se empolgou e resolveu me puxar para dançar. Envergonhado, implorei com uma cara de cachorro molhado na chuva para não dançar. Ela então recorreu ao Giovani, que aceitou de boa. Outros casais tomaram coragem e foram dançar na areia também.

Fiquei na minha, observando Giovani e Carina dançarem. Aspirei o ar salgado da noite praiana de Colina Azul. Aqui é muito agradável. Olhei para a lua, que estava deslumbrante no céu, fazendo um lindo par com o mar, que parecia negro por conta da noite. Havia algumas nuvens, indicando que uma chuva era esperada, talvez mais tarde, pela madrugada. Notei ao longe a silhueta de alguém parado, provavelmente admirando o mar como eu. Ao me esforçar para enxergar melhor, tomei um susto: era a garota do meu quarto! Seu vestido balançava por conta do vento, juntamente com os seus cabelos, que com a escuridão da noite não lembravam do seu tom naturalmente ruivo. Como se estivesse adivinhado meus pensamentos, virou-se para a minha direção e se pôs a caminhar. Meu coração bateu acelerado. Até aqui esse tormento me assola! Não conseguia enxergar qual era a expressão do seu rosto.

O Segredo da ChuvaOnde histórias criam vida. Descubra agora