✧ Um Sonho ✧
Depois daquele dia, passaram-se semanas e nem todos os dias pude ver Amélia.
Ela entristeceu. Eu já imaginava que isso fosse acontecer.
Felizmente para mim, as coisas estavam um pouco melhores. Meu pai parecia mais preocupado com a nossa família, fazendo-se mais presente.
Ele resolveu tirar quinze dias de férias para passar mais tempo conosco. Mas também era por conta do aniversário de casamento que seria nesta quarta. E ele queria fazer algo especial com minha mãe.O plano era irmos ao pequeno shopping do lado leste da cidade. O casal iria jantar num restaurante e os filhos iriam para o cinema. Graças aos céus nos deixaram chamar nossos amigos. Seria um verdadeiro saco assistir um filme só com Stefany ao lado. Aí não precisava nem perder tempo saindo de casa.
Pegamos o carro e chegamos ao shopping. Era um final de tarde num dia de quarta, mas estava lotado de gente, como num fim de semana. Nossos pais nos deixaram na porta do cinema e seguiram direto para um restaurante na praça de alimentação. Vê-los se afastarem com as mãos dadas me fez sorrir.
Não demorou muito e chegaram primeiro duas amigas de Stefany. Enquanto elas conversavam, recebi uma mensagem no celular. Era Carina, marcando de nos encontrar na entrada da livraria. Deixei as meninas e fui ao ponto de encontro.
Andando pelo shopping, fiquei pensando no que Amélia havia dito. O que será que ela tinha feito de tão ruim assim? Será que era por isso que ela continuava presa àquela casa?
Parei em frente à livraria e a capa de um livro me chamara a atenção, pela vitrine. Era um livro sobre crimes hediondos, e na sua capa trazia um desenho à giz de um corpo estendido no chão, como quando a polícia faz ao investigar um assassinato. Aquilo me fez lembrar do homem que vi morrer ao ser atropelado pelo ônibus em que eu estava.
Senti um arrepio ao lembrar que ele tinha corrido atrás de mim, quando percebeu que eu podia vê-lo.
As pessoas que fizeram coisas ruins... Não vão embora?
No meio do meu raciocínio, olhei para o corredor ao lado e dentre as pessoas surgiu uma garotinha morena com um vestido rosa, que do nada veio correndo em minha direção. Aparentava ter uns cinco anos de idade e percebi tarde demais que não teria como evitar o esbarrão. Até que a menina simplesmente atravessou-me.
Senti uma sensação estranha demais. Olhei para trás e a vi indo embora bastante serelepe, atravessando as paredes de uma loja mais adiante.
Fiquei atordoado, e me questionei se todas as pessoas que estavam à minha frente... estavam realmente vivas.
— Viu um fantasma, Bernardo?
Virei-me e percebi que Gio e Carina tinham chegado.
— Essa é tão manjada! É o que mais falam nos filmes! — comentou Carina.
— Eu sempre quis falar isso! Olha só pra cara dele!
— Como assim? — Questionei, sem jeito.
— É, você parece meio que assustado! Tá tudo bem? Tá se sentindo bem? — Gio se aproximou de mim.
— Tá sim... Pensei ter visto alguém. Não foi nada, não — Tentei disfarçar — Vamos? Eu já comprei os ingressos, falta vocês me pagarem!
— Mas foi você que nos convidou! Quem paga é quem convida, né não?! — brincou Giovani, cutucando Carina de lado.
Como faltava uns dez minutos para começar o filme, fomos para a fila de entrada. Nos encontramos com Stefany e sua amigas.
No meio do papo, senti um leve puxão na barra de minha camisa e olhei para trás. Era Belinda.
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O Segredo da Chuva
Teen FictionEm busca de novos horizontes, uma família decide se mudar para uma cidade litorânea, chamada Colina Azul. Bernardo, um nerd adolescente de dezesseis anos de idade, é o filho mais velho. O rapaz e sua família passam a morar numa casa antiga e mais in...